Capítulo 93

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Amélia

Eu estou tão nervosa que poderia vomitar.

Hannah não para de tagarelar sobre um encontro que teve ontem e de como o garoto é lindo e a faz feliz e dessa vez ela (com certeza) vai namorar, mas a única coisa que minha mente grita enquanto finjo ouvir (e finjo limpar a maquina de pipoca) é EMMA, EMMA E EMMA.

O baile é amanhã e, contando com o ano que tivemos, tem tudo para o nosso plano dar errado. Não estou tentando ser pessimista, mas é que é da Emma que estamos falando – uma psicopata de laudo médico e tudo. Ela soube passar a perna em nós o tempo todo e não existe nada que garanta que isso não irá acontecer amanhã de novo.

— Você gostaria? — Hannah pergunta e eu pisco os olhos algumas vezes, recobrando a consciência.

— De que?

— De ir á um karaokê hoje, após o trabalho. Gostaria?

— Na verdade, Hannah...

Eu meio que havia marcado de deitar na minha cama hoje para pensar em todas as chances que amanhã pode se tornar o pior dia da minha vida e chorar antecipadamente por isso.

— Ah, Mel! Vamos, por favor — Hannah pede chorosa. — Desde que nos conhecemos eu tento te tirar de casa, mas você só dá desculpas. Eu sei que o colégio te odeia e metade da cidade também, mas eu não ligo para isso e quero sair com minha amiga. Pode ser? — Ela me olha suplicando e solto uma risada. — Vamos fazer alguma coisa além de preparar pipocas e servir refrigerantes.

Solto um suspiro e concordo.

— Tudo bem Hannah, você venceu.

...

Saímos do trabalho ás 23 horas e um amigo de Hannah nos busca na porta do cinema.

Talvez eu não tenha mencionado antes, mas Josh já saiu do emprego. Talvez eu também não tenha dito, mas foi um dos piores momentos da minha vida. Vê-lo sem a farda enquanto caminhava pelos corredores do cinema foi muito, muito (muito) difícil. Pergunto-me se ele também se sentiu assim no dia que eu saí.

Trocamos algumas poucas palavras, mas Josh ainda pensa que eu joguei toda aquela porcaria na Ellie, então o clima sempre fica um pouco pesado quando estamos próximos. E tirando, claro, o fato dele ser apaixonado por mim e nunca ter me dito antes.

Por que, apesar dessa confusão toda, o tempo que passei sozinha após toda essa confusão foi decisivo para colocar uma pedra nesse assunto de uma vez. Eu não estou mais confusa e percebi que nunca se tratou de escolher um lado.

De escolher alguém.

Eu não tinha que escolher nada, porque eu sempre soube o que sentia.

É estranho dar conta disso, sabem? Quando a ficha finalmente caiu, parecia que um elefante havia saído das minhas costas. Mas existem tantos outros problemas que eu preciso lidar antes de segurar as rédeas do meu coração...

É exatamente por isso que amanhã é um dia tão importante pra mim. Quer dizer, pra mim e para a Sofia também.

— Isso vai ser tão divertido! — Hannah vibra no banco da frente e não deixo de rir.

Estar com Hannah é divertido porque: a) ela é muito maluquinha e b) Hannah está completamente imune de quem eu era e de toda a confusão que minha vida se tornou.

Algo dentro de mim me diz que, se ela estivesse presente na época, não faria diferença também.

Adentramos no karaokê e é um ambiente bem menor do que pensei. Eu nunca soube que aqui na cidade tinha um, então tudo pra mim é uma completa novidade. Tem um pequeno bar e o barman dá um show jogando bebidas para cima, mas me interesso de fato pela comida assim que nos sentamos em uma mesa do canto. Não havia comido muita coisa após o almoço e peço minha ultima refeição do dia enquanto Hannah conversa animada com seus amigos. Falo um pouco, mas não estou ali de fato – apesar de que é um pouco divertido ver as pessoas morrendo de vergonha subir ao palco e cantar uma canção. Descobri, depois de muita análise, que alguém pode sugerir seu nome no palco.

Garotas VenenosasDove le storie prendono vita. Scoprilo ora