Capítulo 62

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Sofia

— Eu sei, Amélia! — Reclamo pelo telefone. Se eu continuar a descer as escadas segurando aquelas toalhas de mesa (que me atrapalhavam de ver os degraus) e discutindo com a chata da Amélia porque ela acha que sabe organizar qualquer coisa melhor do que eu, vou acabar virando o pé e quebrando a cara.

Pegou as toalhas?

Bufo.

— Sim!

Por que mesmo você quis fazer na frente da minha casa?

— Porque meu bairro é de gente rica. Você acha mesmo que alguém iria parar para comprar uma limonada de dois dólares? Me pou...

Como eu previ! Minha falta de atenção ao realizar duas atividades ao mesmo tempo me fez virar o pé e embolar-me nos últimos degraus da escada. O que eu não estava prevendo era alguém para me segurar.

Nem olhei e sei que é Noah.

As toalhas caíram no chão, assim como o celular.

— Toma cuidado. — ele diz manso, bem diferente da ultima noite que nos falamos.

Concordo e ele tira sua mão do meu braço.

— Não vai trabalhar hoje?

Quando Noah está trabalhando com meu pai ele se veste mal, ou seja: calça jeans, blusa não tão velha assim e aquele maldito all star que parece parte do seu corpo; Quando não está, ele consegue se vestir pior do que isso.

No caso, ele está pior do que isso.

— Trabalhei a madruga inteira e vou tirar três dias de folga.

Cruzo os braços e sinto um bolo estranho na minha garganta.

— Três? — indago, a contra gosto. Estou sufocada. — Vai viajar?

Noah respira fundo, mas não o faz de forma audível.

— Vou.

— Tem relação com sua família, eu suponho?

Ele assente rapidamente – tão rápido que se eu não estivesse prestando atenção á cada expressão do seu rosto não veria – e passa por mim, descendo a escada.

Recolho as toalhas de mesa na velocidade da luz, assim como o celular também.

— Sofia?! — Amélia grita do outro lado.

— Oi, cala a boca. Daqui a pouco chego aí!

Achei que você tinha morrido!

— Você não tem essa sorte.

Desligo o aparelho e corro atrás de Noah porta a fora. Ele está com a chave de um carro pendendo em seu dedo esquerdo e eu desconheço completamente o modelo, não se parece em nada com nenhuma das que tem aqui em casa.

— Eu estou vendo que você está me seguindo. — Noah comenta á frente, em tom de humor.

Sorrio. É bom vê-lo chegando próximo ao Noah que conheço.

— Não estava me escondendo. Hum... Então... Você vai visitá-los?

Ele faz um silencio longo e começo a me arrepender de ter perguntado, até que ele finalmente responde.

— Sim.

— Você não fala muito sobre sua família.

— Não é meu assunto preferido.

Garotas VenenosasWhere stories live. Discover now