Capítulo 76

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Sofia

— O que está olhando?

Levo um susto tão grande quando a voz do meu pai surge no meu quarto que quase vou ver Jesus antes da hora. Enfio o papel em baixo do travesseiro e levanto depressa da cama, tropeçando nos meus próprios pés.

— Uma atividade, nada demais.

Ele ergue as sobrancelhas ainda sem acreditar, mas não questiona.

— Você pode descer e ajudar o Noah? Estamos com um contrato para ser fechado e eu vou ter uma reunião agora.

Concordo com a cabeça e apesar de não querer descer (não por ter que ficar com Noah, mas por precisar ajudar meu pai), entendo que não é hora de questioná-lo. Ainda estou mortificada com o que acabei de ler e prefiro ir fazer alguma coisa para distrair a mente.

Assim que entro no escritório do meu pai, encontro Noah digitando no notebook e no celular. Sento-me ao seu lado e ele sorri de maneira disfarçada para mim, enquanto volta a fazer o que quer que estivesse fazendo.

— Meu pai disse que você quer ajuda.

— Eu preciso. — Noah corrige e me entrega uma pasta amarela. — Tenho prova amanha e nem sequer estudei.

— Pode ir estudar, eu faço as coisas por aqui.

— Não, está tudo bem — Noah beija minha bochecha e seu celular apita de novo. Enquanto ele mexe, me inclino um pouco apenas para checar. Penso que vou ver qualquer nome ali, até Nora, mas o que vejo é... Claire.

Quem é Claire?

— Está falando com sua mãe?

— Falei com ela mais cedo. Ela disse que na semana que vem está mudando, tudo sem Estevão saber, claro.

A mãe de Noah finalmente aceitou minha proposta de ir morar no chalé que meu avô me deu. Eu não poderia estar mais feliz com isso!

Porém...

— É a Nora?

Noah me encara e ri.

— É a Claire, mas isso você já sabe, Sofia.

— Quem é Claire? — Abaixo a caneta e olho-o.

— Uma amiga da faculdade. Satisfeita?

— Por que estão trocando SMS?

— Ela está me ajudando a estudar por telefone, está respondendo algumas duvidas. Quer confirmar?

— Não estava desconfiando de você.

Ele estreita os olhos em minha direção e suspira.

— Por que você tem tanto ciúme? Nem somos namorados.

Bato a caneta impaciente.

— Eu não estava com ciúmes, Noah! Mas...

— Mas? — Ele instiga, mas não continuo.

— A culpa não é minha se você não tem ciúmes de mim!

— Eu tenho ciúmes, a diferença é que confio em você. Não precisa cair em cima toda vez que me ver com alguma garota, não é como se eu fosse me interessar por qualquer pessoa que não seja você a uma altura dessas do campeonato.

Ele fala de maneira tão distraída que nem parece perceber o que acabou de dizer. Me inclino para frente e uso minha melhor cara de charme quando digo:

— Você só tem olhos para mim?

Noah me olha de relance, para então me encarar firmemente e começar a sorrir.

— Foi isso que você entendeu.

— Acho que foi isso que você disse.

— Ok, Sofia. Um de nós dois não tem problemas em assumir o que sente. Eu só tenho olhos pra você, vai dormir confiante agora?

— Muito.

— De nada.

Rio e abraço Noah pelo pescoço. Inicio um beijo que é interrompido quando escutamos os passos do meu pai no corredor. Como flash, nos afastamos e voltamos á nossa realidade.

Mas as palavras de Noah ainda estão presas em minha cabeça.

...

Assim que passo pelos portões do colégio percebo que aquele não seria, nem de longe, um dia normal. Todos estavam eufóricos porque o grande dia havia chegado!

Sim, meus queridos, a batalha de comitivas chegava ao fim hoje e, CLARO, que a minha seria a grande campeã.

No meio da aula de História, os auto-fones da sala de aula são ligados com um som ensurdecedor e logo depois a voz de Gabe aparece.

"Bom dia, alunos! Hoje iremos saber quem será a comitiva responsável pelo grande baile deste ano! Para os concorrentes, o horário da contagem do dinheiro será as 15 e eu darei, apenas, 10 minutos de tolerância. Quem não comparecer, será desclassificado."

Penso que é tudo que ele tem a dizer, quando ressurge novamente:

"Ah sim: desclassificado não importando a quantia que tivesse".

Gabe filho da...

— Você precisa se apressar. — Isabel diz, no intervalo. — Não perca o horário, eu não vendi limonada e nem rebolei a bunda em cima de carro para perdermos porque você se atrasou.

Bufo e fecho a porta do meu armário.

— É claro que não vou me atrasar, Bel. Ás 14:59 estarei na porta da sala do Gabe.

Como prometido, as 14:40 eu peço para ir ao banheiro como uma desculpa esfarrapada e fujo em direção a sala do Gabe. Esses dias estamos tendo aula até mais tarde já que o ano letivo está perto do fim e nós precisamos fechar a carga horária exigida com atividades extras que contarão nas bolsas para as universidades. Os corredores estão tranqüilos e caminho despreocupada até a coordenação. Serei a primeira a chegar e com certeza causarei uma impressão incrível no Gabe! Não tem jeito de não ganharmos essa competição, Emma está perdida sem o apoio do colégio e sem din...

Um estrondo vindo do quartinho do zelador me faz parar.

— Seu Luiz? — Chamo-o, mas não obtenho resposta. Talvez ele tenha caído (cá entre nós, ele já é velho demais para esse serviço), mas a falta de feedback me deixa com medo e eu dou meia volta para chamar alguém.

Só que e se ele estiver precisando de socorro agora?

Volto para o corredor novamente e corro até a porta da sala.

— Seu Luiz? O senhor está...

Sinto um empurrão nas costas e caio de cara no chão da salinha. Em poucos segundos, escuto a porta ser batida e uma chave girada.

Ah não, essa não!

Eu acabei de cair no truque mais besta da história!

EMMA, SUA VACA!

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EI, QUE SUSTO PIPOQUINHAS

Como vocês notaram, primeira parte do 76 bem pequena mas como consegui escrever alguma coisa, resolvi postar. Quero que vocês me digam se a história continua a mesma e se isso é tudo coisa da minha cabeça com bloqueio, obrigada (digam a vrdd) 😂

Obrigada por todos os comentários no aviso que eu dei. Vocês são lindas, já falei isso antes? Esse apoio que sempre recebo é o que me mantém de pé pra continuar todos os dias! Valeu, meninas! Cês são os melhores presentinhos que já ganhei na vida 💖💖💖

Beijocas com pipocas 💋

Garotas VenenosasWhere stories live. Discover now