Capítulo 1

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► Joan Jett - Bad Reputation

Amélia  

Eu não tenho problema com segunda-feira. Sei que a maioria das pessoas gostaria de aniquilar este dia da semana, mas para mim é apenas um dia qualquer, sem nada especifico. Mas não essa segunda-feira em especial. Afinal, as férias de Fevereiro acabaram e agora eu estou de volta a minha tediosa rotina.

Não que minhas férias tenham sido legais, como já disse: a minha vida toda é um grande tédio. Ficar na casa do tio Burnie no interior do Alabama não seria a minha definição favorita de umas boas férias. A casa dele fica no meio do nada... Literalmente! Para onde você olha só enxerga mato e bichos.

Mesmo sendo férias – e tentando usar isso ao meu argumento – tive que acordar cedo todos os dias para ajudar nas tarefas da casa. E nem queira imaginar o trabalhão que tive para cuidar dos animais. Por que eu não poderia simplesmente ter ido para uma praia paradisíaca e relaxado durante todas as férias?

Porque é de mim que estamos falando!

— Você está querendo se atrasar de propósito? — minha mãe pergunta da porta do meu quarto, me dando um susto.

— Não, mãe. — Giro os olhos, entediada. Termino de me vestir e pego a mochila em cima da cama. — Cadê o papai?

— Já está tomando café, adiante antes que vocês dois percam o horário!

Descemos as escadas juntas e eu, basicamente, engulo a comida enquanto minha mãe fica me lembrando de todos meus compromissos de hoje. Mal consigo escovar os dentes e meu pai já está me arrastando porta à fora, com a promessa de que se eu me atrasasse de novo teria que pegar ônibus não só para ir trabalhar, mas como para ir para o colégio também. 

Alguém tem dúvidas que vou adiantar meu despertador?

Apesar da falta de trânsito – o que é uma coisa normal, já que moro em cidade pequena, meu caminho até o colégio parece lento e torturante. Quando meu pai para o carro na porta do colégio, quero forjar uma dor de barriga, mas já fiz isso quatro vezes no ano passado e as chances dele acreditar, agora, são mínimas.

— Vamos querida, anime-se! — ele diz, sorrindo feliz para mim. Nem parece a mesma pessoa que havia ameaçado me deixar mofar em um ponto de ônibus caso não aprendesse a ser mais pontual. — É seu último ano, logo mais você irá para a universidade e todos estes momentos ficarão apenas como boas lembranças.

Fale por você que era popular e um atleta nato durante sua trajetória no ensino médio, pai! Inclusive, minha mãe também era. Acho que esse tipo de coisa não se passa por genética, não é?

Solto um suspiro cansado e assinto, fingindo concordar. Em seguida saio do carro e sou sugada para aquela enorme bolha de conversas sendo soltas todas ao mesmo tempo. Ajeito minha mochila nos ombros e subo os pequenos degraus para o passeio do colégio.

Como de costume, caminho de cabeça baixa e empurro as portas pesadas, adentrando no primeiro corredor do colégio. Quem leva uma vida neutra igual a minha sabe que passar por um corredor lotado de gente não é nada fácil... Ainda mais quando é o primeiro dia de volta as aulas e todos ainda estão atentos as pessoas para saber quem é novato, os veteranos que ficaram e quem vai ser a chacota do dia – ou da semana, dependendo da piada.

— Oi, estranha!

Graças a Deus!

— Grace! — Minha voz quase sai embargada de tanta emoção. Dou-lhe o abraço mais apertado que consigo. — Você sempre aparece na hora certa!

Garotas VenenosasHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin