Amélia
Eu estou em pânico. Depois do nosso fiasco com os áudios que se tornaram virais pelo colégio, Sofia resolveu adiantar o desfile que só aconteceria daqui a duas semanas. Respondendo a minha pergunta desesperada do por que dela querer transformar meu pior pesadelo – que vinha levando minhas noites embora – em realidade tão cedo, ela disse que se esperássemos mais era capaz de ninguém ir nos assistir. Sem plateia, sem desfile e sem leilão – consequentemente, sem o dinheiro, que é a parte mais importante.
Tivemos problemas para entregar os convites do desfile. As garotas da festa do pijama estavam fazendo nossas caveiras pelos corredores e quase ninguém queria falar conosco – eu já estava acostumada, mas comecei a perceber como a Sofia ficava maluca com essa situação. Para nossa sorte, Cintia quis ficar do nosso lado... Eu não tinha 100% de certeza que confiava nela, porém ela é bem legal e boa – ao menos é o que demonstra, depois da Emma fiquei traumatizada. Empenhada em nos ajudar – por um motivo ainda desconhecido para nós três –, Cintia entregou os convites e convenceu grande parte das pessoas á irem.
Eu estava felicíssima com a possibilidade de não ir à quantidade de pessoas que estávamos esperando e assim ficaria mais calma... Ou não.
— Elas vão, — Sofia diz enquanto escancara a porta de sua mansão. Viemos pegar alguns esboços de vestidos mais complexos que ela preferiu deixar por ultimo. — as pessoas, quero dizer. — completa.
— Mas elas estão bravas conosco. — digo o óbvio, e Sofia bufa.
— Acredite em mim, eu conheço aquele pessoal ridículo do colégio. Eles não perdem esse desfile por nada. — ela afirma e sinto um frio na espinha. — Se não forem para torcer, vão para desejar que a gente caia da passarela e quebre uma perna.
Solto uma risada debochada, mas então percebo que Sofia está falando sério e engulo em seco.
— Me sinto melhor agora — ironizo.
— De nada. — ela diz sem se importar.
Ouço vozes saindo por detrás de uma enorme porta de madeira que, se ainda lembro bem, é o escritório do pai da Sofia. De supetão, essa mesma porta é aberta e um garoto de cabelos loiros bagunçados sai de lá de dentro. Ele lembraria Drew pelo jeito despojado que caminha, mas suas roupas o tornam diferente.
O que alguém que veste camisa de manga desbotada, calça jeans desgastada e all star sujo, estaria fazendo na casa de Sofia Cooper?! Justo a Sofia!
— Amélia! — Sofia me chama irritada e o garoto tira os olhos do papel ao ouvir sua voz. Ele a encara, mas então me vê e tira os olhos dela.
— Oi! — ele diz, sorrindo de maneira suave.
— Oi. — eu respondo sorrindo da mesma forma, sendo contagiada pela alegria que ele parece emanar. — Quem é você?
Será que era o novo motorista da Sofia? Ou o jardineiro?
Ele caminha na minha direção e estende a mão. Estou fazendo o mesmo, mas Sofia a puxa para baixo em um gesto bruto e fecha a cara, encarando o garoto que ainda vem até nós e parece não se importar.
— Meu nome é Amélia. — eu me apresento e recebo uma cotovelada da Sofia. Empurro-a para o lado e encaro o rapaz. — E você?
— Ele não é ninguém! — Sofia diz irritada. O que há com essa garota? Ela estava, literalmente, normal á quinze segundos atrás.
— Eu sou o Noah. — ele fala e aproveita que empurrei Sofia para segurar minha mão. — É um prazer, Amélia.
— Igualmente. — respondo, ainda sorrindo.
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Garotas Venenosas
Teen FictionAmélia Harley define sua vida em uma única palavra: tédio. Além de não fazer parte de nenhum grupo social do colégio, possui apenas dois amigos: Josh Cohen e Grace Hill - ambos considerados seus amigos para sempre. A única coisa que movimenta sua pa...