Amélia
Pareceu que um século tinha ido embora antes que oito horas do sábado chegasse. Eu acordei cedo hoje, lavei o cabelo, escovei-o, fiz as unhas, limpeza facial e passei o dia inteiro escolhendo uma roupa para este encontro.
Quando está faltando apenas duas horas – duas horas! – eu estou quase ligando para Drew e inventando uma mentira qualquer... Mas o que eu diria? O que uma garota impopular poderia inventar de desculpa para não sair com o garoto mais popular do colégio? É obvio que ele não acreditaria em nada do que eu dissesse e, além do mais, eu ainda perderia esta grande oportunidade.
Pensando nisso, ligo para Grace.
— Eu estou a ponto de vomitar. — digo assim que ela atende, e escuto sua risada debochada do outro lado.
— Eu falei que era melhor eu estar aí para te ajudar.
— Você só iria me deixar mais nervosa fazendo uma contagem regressiva.
— Faltam uma hora e cinquenta e cinco minutos.
— Grace! — queixo-me, e ela ri mais ainda.
— Ok, desculpa! — Ela suspira. — Pensa pelo lado bom, não é a primeira vez que você sai com um garoto, então deve só fazer as coisas que a gente faz em um encontro.
Engulo em seco.
— Nós temos um problema.
— O que foi agora?
— Bem, eu... Tecnicamente... É meio que... — Enrolo-me, e bufo irritada. — Eu nunca fui a um encontro!
— Mas e o tal do Henry?
Henry foi um paquerinha meu quando eu ainda era oitavo ano. Nós saímos um dia e ele me levou ao cinema – olha que ironia –, comemos pipoca velha – claro que eu ainda não trabalhava lá, porque convenhamos, minha pipoca é sensacional e bebemos refrigerante sem gás. Quando o filme terminou, Henry encontrou com a Amanda, uma garota que também era da nossa classe. Enfim, ele inventou uma desculpa qualquer, saiu com a Amanda e eu precisei ligar para minha mãe ir me buscar, já que nós dois – teoricamente – voltaríamos de carona com os pais do nojento do Henry.
No dia seguinte, fiquei sabendo que ele beijou – beijou! – a Amanda na boca – na boca! – no dia do nosso – nosso! – encontro! Fiquei surtada de raiva e o que vocês acham que fiz? Óbvio: chorei muito quando cheguei em casa. Henry sempre foi um crush, e ser trocada bem no dia do nosso encontro não foi nada legal.
Nada legal, Henry!
— Aquilo não foi um encontro. — Minha voz sai carregada de rancor, porque até hoje não consegui superar isso. O primeiro toco a gente nunca esquece. — O que eu vou fazer? O que devo dizer? Eu puxo assunto ou ele? O que garotos normalmente gostam de conversar? — bombardeio Grace com perguntas.
— Espera aí! — ela diz. — Você sabe que eu não presto para essas coisas. Meus encontros são com caras mais velhos e experientes, eles sempre tomam as rédeas da situação... E se no fim tudo der errado, pelo menos eles pagam umas cervejas e comida para mim.
— Grace... O que eu faço?
— Quer saber? Como sou sua melhor amiga, acabei de ter uma ideia!
— E qual seria? — Jogo-me na cama e cubro os olhos com o braço.
O encontro está quase chegando e eu nem sei o que vou vestir, quer dizer, eu nem sei o que as pessoas fazem em um encontro! Conversam? Se beijam? Fazem piadas? O que acontece em um encontro?!
BINABASA MO ANG
Garotas Venenosas
Teen FictionAmélia Harley define sua vida em uma única palavra: tédio. Além de não fazer parte de nenhum grupo social do colégio, possui apenas dois amigos: Josh Cohen e Grace Hill - ambos considerados seus amigos para sempre. A única coisa que movimenta sua pa...