Garotas Venenosas

Capítulo 87

Sofia

— Eu sabia que você iria me procurar. — Alicia está sorridente e bronzeada – deve ser pelas férias que ela e o Sr. Trevor tiveram na semana passada (eu vi as fotos no facebook). 

Se ela está de ótimo humor, eu, no entanto, pareço que acabei de ver um cadáver.

— Existe algum tratamento para uma pessoa deixar de ser idiota? 

— Que eu saiba, não.

Jogo-me em seu sofá e fecho os olhos.

— Você não deveria me ajudar?

Alicia ri e sinto o sofá afundar ao meu lado.

— O que aconteceu?

— Nem sei se deveria te contar, você é psicóloga do colégio e eu fui expulsa...

— Hey, — ela me chama e abro os olhos. — eu trabalho lá sim, mas sou sua psicóloga e amiga, Sofia. Pode me falar o que quiser.

— Eu quero me dar um soco.

— Se você acha que vai te ajudar. — ela diz e arregalo os olhos. Alicia sorri e me empurra com o ombro, mostrando que estava brincando.

Se alguém me der permissão, eu juro que me soco mesmo.

— Eu estraguei tudo, Alicia. — Suspiro. — Começou quando arrastei Amélia para o meio da confusão em que me meti. Achei que poderia resolver as coisas, mas a Emma nos derrotou aos poucos e isso é o mais me incomoda. Depois, nos deixou por cima só porque sabia que iria ganhar no final das contas. Agora Amélia não quer falar comigo e ela está certa, eu acabei com nossas vidas. — Respiro fundo. — E tem Noah também... Quando eu estava com o Drew não era saudável e acho que me acostumei à sensação de sempre pensar que posso ser trocada à qualquer momento porque, no final das contas, nunca pensei que merecia nenhum dos dois. Eu era uma vaca e Drew sempre foi bonzinho, coloquei na minha cabeça que outra garota, na época a Mel, iria tomá-lo de mim... O mesmo se repetiu com Noah. Beijei um cara que, aliás, é gay, só para irritá-lo porque, de novo, eu estava surtada de ciúmes, e ele não quer falar comigo e nem me ver. Não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens. Eu sou idiota.

— Você cometeu erros, isso é normal, Sofia. — Alicia fala. — Eu nunca disse que seu processo seria apenas de reconstrução. Onde você estava não tinha como simplesmente mudar. O que estamos fazendo, desde a primeira consulta, é te desconstruir para que depois, você sozinha, consiga encontrar a verdadeira Sofia que existe aí dentro.

— Eu nunca entendo nada do que você fala.

— Pense que você é uma cebola. Existem camadas, certo? Nós descascamos a cebola para ver o que tem dentro dela.

— Ok... Eu sou uma cebola.

— Basicamente.

Rio e coloco os braços na cabeça.

— O que devo fazer?

— Eu acho que chegamos ao ponto mais importante da sua caminhada. — Alicia diz e isso prende minha atenção. — Para mim, você está muito focada em se desculpar pelos seus erros do presente, mas o que me diz no passado?

— O que quer dizer?

— Você sequer já parou para pensar se você se perdoou pelo que fez antes?

Já parei, a resposta é óbvia... Mas talvez não do jeito que deveria.

— Eu não sou boa em pedir perdão.