Capítulo 4 | Sophia

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- Co-como assim, mãe? – pergunto assustada, será que ela sabe de alguma coisa? Ou de tudo?? Meu coração quase sai para fora do corpo.

- Saber com certeza, eu não sei, mas posso imaginar... A gente só fica assim querendo fugir, por um amor não correspondido ou uma traição – ufa, ela realmente não sabe de nada, bom em partes, mas o principal não. – O que sei, são as noites que você chegava bem alterada e que em algumas vezes vomitava no banheiro... Não sou cega e nem burra, só estava te dando privacidade. Aliás, como não iria saber que você bebe, se o seu quarto sempre cheirava a pinga no outro dia após suas baladas.

Não falo nada, só solto um sorrisinho do tipo, você tem toda razão, para não estender mais a conversa, ainda mais porque agora sei, que provavelmente minha mãe viu todas as vezes que passei mal por causa da bebida. Achava que era tão convincente, mas também o cheiro de pinga... isso não tinha como camuflar, aliás, depois que descobri que outros destilados não deixavam um cheiro tão forte, mudei, parei de tomar batidas com pinga... Mas é que as vezes a grana estava curta...

- Mãe por favor, vamos mudar de assunto...

- Tudo bem, filha... Imagino que você não fique à vontade para falar neste assunto ainda...

- Obrigada mãe. Agora me sirva desta maravilha que hoje vou me acabar...

Enquanto comíamos, falei com detalhes de tudo de bom que tem me acontecido depois que comecei a trabalhar na agência, das pessoas maravilhosas que encontrei que com certeza serão grandes amigos. Pelo rosto de satisfação da minha mãe, creio que ela ficou mais tranquila em saber, sobre como estou feliz. E estou mesmo, só preciso arranjar um novo lugar para morar, mas fora isso parece que tudo vai acabar dando certo.

A comida da minha mãe estava incrivelmente deliciosa, depois que limpamos a cozinha, ainda ficamos um bom tempo na sala assistindo filme. Minha mãe sentada no sofá e eu deitada com a cabeça em suas pernas, para que ela pudesse me fazer cafuné, não preciso nem dizer que não consegui assistir nem metade do filme.

Por volta da meia noite ela me acorda para que eu vá para minha cama, vou cambaleando, estou tão assonada que esqueço de escovar os dentes.

ACORDO POR VOLTA DAS 9H com o barulho dos pássaros na árvore próxima a minha janela, já tinha me esquecido de como é bom acordar com este som. Me levanto e vou até a cozinha, onde minha mãe está preparando um café da manhã com direito a pão fresquinho e um bolo que ela está tirando do forno.

- Bom dia, mãe... Deste jeito vou acabar explodindo de tanta comida... kkk

- Ah filha, você vai ficar pouco tempo aqui, então quero te aproveitar ao máximo...

- Mas precisa ser me mimando deste jeito? Assim não vou caber nas minhas roupas até a hora de ir embora.

- Ah vai, você está precisando dar uma engordadinha... Está bem mais magra de quando saiu.

Realmente alimentação não tem sido minha prioridade, também quem tem coragem de entrar naquela cozinha podre? Não sei o que aquela menina apronta lá, então prefiro deixar minha comida no meu quarto, ou o que acontece muito, como qualquer coisa na rua. Mas o que geralmente acontece, é ficar sem comer mesmo...

- Mãe, tenho que estar as 10h30 na Lipstick, para assinar as últimas papeladas da minha saída. Nossa como eles são enrolados, já faz quase um mês que saí de lá e só agora é que tudo ficou pronto.

- Acho que é porque eles não estavam querendo te perder... Você gostava de lá, né?

- Muito, apesar de trabalhar igual uma louca, mas adorava ajudar a montar os eventos da loja, sempre sobrava alguma maquiagem de brinde...kkk. Acho que ficarei sem comprar nenhuma make, até 2050...

- Será que você vai demorar? Queria aproveitar mais minha garotinha.

- E por que a senhora não vai comigo??

- É sério??

- Claro, por que não?!

- Que ótimo... Vou adorar... Vamos tome logo seu café, assim temos mais tempo para bater perna.

Só minha mãe mesmo, prepara toda esta mesa e agora quer que eu corra, só para ela poder gastar dinheiro em suas comprinhas.

Em 40 minutos estamos na rua, passamos primeiramente na loja. Na parte superior fica o escritório que coordena todas as unidades, trabalhava como assistente de marketing e ajudava nos eventos das unidades. Foi minha mãe que arrumou este emprego para mim, pois a mulher do financeiro é muito amiga dela.

Foi uma festa quando cheguei, todas as minhas colegas vieram em abraçar e ficamos fofocando um bom tempo. Me fez bem reencontrá-las, parecíamos um bando de histéricas para ver quem falava mais. No meio desta bagunça toda, resolvi tudo o que estava pendente e ainda deu tempo para explicar uns processos para a nova assistente, coitada, ainda está completamente perdida e a minha antiga chefe, não tem muita paciência para explicar as coisas.

Conseguimos sair de lá por volta das 12h40, como ainda não estamos com fome, passeamos pelas ruas próximas ao centrinho. Até que achei que doeria mais do que realmente está doendo, passar por certos lugares, principalmente naquele em que representa o fim de tudo. O orelhão que tinha no local, ficou tão destruído, que resolveram tirá-lo do lugar.

- Está tudo bem, minha filha?

- Sim, está sim... Só estou com um pouco de dor de cabeça, acho que tinha muita mulher falando junto ao mesmo tempo... kkk

- É realmente, elas falam demais.

Por volta das 13h30 vamos para um restaurante de comida italiana, que minha mãe tanto adora. Acho que vou ganhar uns 5 quilos em apenas um dia. Peço um rondelli de quatro queijos e minha mãe vai de lasanha. Estava magnifica, parecia que eu não comia a anos, pois no final do prato, ainda o limpei com um pedaço de pão italiano.

Ficamos no centro da cidade até umas 3h da tarde e depois voltamos para casa, meu ônibus só sairá por volta das 8h da noite, então ainda dá para aproveitar um pouco mais minha mãe.

Quando volto, vou direto para o banheiro escovar os dentes e deixar minhas coisas prontas, assim fico mais tranquila. Depois de um tempo toca a campainha, logo depois minha mãe grita, dizendo que a Naty está subindo... Achei que conseguiria fugir de tudo, mas não tem jeito.

- Oi Soph, tudo bem? Minha mãe disse que te viu de manhã, você não iria nem falar comigo?

- Desculpa Naty. É que hoje eu vim apenas para acertar algumas pendências na loja. – falo tentando parecer seca.

- Poxa, achei que éramos amigas... Mas desde que você se foi, não quis mais falar comigo, não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens, o que foi que eu te fiz?

Tento controlar, mas minhas lágrimas escorrem, chego mais perto dela e a abraço.

- Eu sinto muito, Naty... Mas você representa tudo o que eu estou lutando para esquecer... – não deveria estar tão sentida, pois ela teve muita culpa em parte da história, mas ao vê-la, misturei todos os sentimentos dentro de mim.

- Tudo bem, vai... Eu entendo...

Ficamos conversando ainda um tempo, ela me contando de algumas novidades e eu as minhas, até que ela fala:

- Ninguém entendeu o porquê de você ter sumido...

- Talvez porque não sabem de toda a história... E vamos mudar deste assunto, pois para mim tudo está morto e enterrado... Junto com ele.


WAKE ME UP | STRONGLYWhere stories live. Discover now