Visita

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Matthew

Não foi difícil entrar na casa do Deus da Guerra, ainda mais quando ela esta vazia.

Matthew ficou vigiando a entrada do prédio e viu quando a garagem se abriu e o carro preto saiu com Kyler no volante, Estela no branco de trás e Livi com os pés apoiados no para-brisa, ele a viu, por uns meros segundos. Porém a viu.

Passar pelo porteiro não foi difícil, na verdade ele esta invisível para olhos mortais, ele subiu junto com uma senhora no elevador, seria no mínimo estranho um elevador se alto chamar e subir sozinho. O apartamento de Ares, ou melhor, cobertura, ficava no último andar do prédio luxuoso. Os corredores eram todos enfeitados por espelhos e quadros, ao se aproximar da porta ele notou um encanto de bloqueio do tipo que dispara um alarme, mas em vez de aparecer um guarda ou policial provavelmente aparecia o Deus da Guerra em pessoa ou uma das suas criaturas, Matthew então usou uma das chaves que havia pegado emprestada com Hades sem o seu conhecimento e permissão e abriu a porta com uma mão e na outra segurou um embrulho.

A vista da sala era esplêndida, do outro lado do cômodo havia uma vidraça que pegava de uma ponta a outra da parede, a vista era linda, a cidade de Nova York e seu esplendor. Ele então entrou e fechou a porta atrás de si. Sabia que Hades não estaria lá pois estava a sua caça, o mesmo se aplicava a sua irmã pálida e assustadora, Éris. Matthew tinha visto ela apenas uma vez, na sala de Hades, acorrentada, mas mesmo nesta circunstancia a Deusa​ lhe causou pavor e um desconforto. Era difícil acreditar que era parente de Livi, a sua Livi.

Ele seguiu pelo corredor que ficava perto da entrada da sala e da cozinha - tenho que admitir, Ares tem bom gosto- sorriu consigo mesmo olhando os quatros e a cozinha planejada do Deus, embora dúvida-se que de fato havia sido usada, ate onde lembrava Livi era limitada a preparar sanduíches e não conseguiria imaginar Ares ou Éris de avental cozinhando.

Ao seguir o corredor ele abriu a primeira porta. Era um quarto sombrio, com cortinas negras nas janelas e algumas coisas que ele poderia dizer que eram armas jogadas no chão- bom, esse deve ser o de Ares- então fechou a porta novamente com cuidado com a mão livre, continuou ate a próxima porta, ele estava trancado - Éris ... então- olhou para a porta no fim do corredor e andou ate ela e a abriu.

O cheiro de Livi parava pelo ar, uma mistura de doce e azedo, de paz e guerra, Matthew respirou fundo guardando aquele cheiro em cada canto da sua memória, estava no lugar certo.

Ele entrou no quarto e olhou em volta, as paredes eram brancas como porcelana e tinha um grande espelho em uma delas, Matthew se dirigiu a cama de Livi, um box de casal com uma cabeceira que parecia que tinha saído de um filme de princesas, de certa forma, Livi era uma princesa. Ele colocou o embrulho em cima da cama quando algo se mexeu em baixo do travesseiro, ele se aproximou de vagar - não sabia que Livi criava ratos - e puxou o travesseiro. Cérbero Junior pulou em cima dele fazendo Matthew cair para trás, embora seja um filhote ainda, era um cão do inferno e um cão bem forte e desajeitado com as três cabeças.

- Bom não era bem o beijo que eu esperava hoje - ele se sentou passando a mão na barriga do cão que estava deitado pedindo carinho. Após uns minutos ele levantou e procurou algo para escrever um bilhete para Livi, ele andou pelo quarto, era maior do que ela tinha na casa dos tios, Matthew engoliu seco. Os tios de Livi, Caio e Olivia estavam mortos, morreram de uma maneira horrível, pelas mãos das harpias de Hades, ele voltou a atenção para um quadro grande que se destacava no outro lado do quarto, perto da escrivaninha e andou ate ele.

Era um grande mural de fotos, fotos de Livi, varias fotos eram dela com Estela, ele olhou para cada uma com uma pontada de saudade, uma das fotos elas estavam rindo com copos de Starbucks na mão, provavelmente o de Livi era de chá ou alguma outra bebida quente, já que ela não gostava de café. Além de fotos dela de Estela, tinham fotos dela com o pai Ares, era estranho, ele nunca pensou que ele fosse um cara de tirar fotos, algumas ele estava com a cara fechada, mas seus olhos assim como os de Livi estavam escuros e normais, não vermelho fogo como ele se lembrava, as que chamaram mais atenção eram as de Éris e Afrodite, ambas tentando sair mais belas nas fotos, Éris com sua beleza sombria e Afrodite, bem, não precisa comentar, uma foto estava as quatros juntas, Éris do lado de Livi, que segurava o braço de Estela, que abraçava Afrodite. E é claro, fotos de Livi e Kyler, o sangue de Mattthew fervilhou, tinha mais fotos deles juntos do que os demais, eles na praia, em Paris e outros lugares, todas Livi sorria abraçada a ele ou o olhando, e ele o mesmo. - Você não vai tirar ela de mim- Matthew disse em voz baixa e pegou uma foto que havia de Livia sozinha com uma coroa de papel e enfiou no bolso, ele se abaixou na escrivaninha e começou a escrever um bilhete para ela. Ao terminar ele o deixou junto do embrulho, e o tirou do papel que o cobria e deixou apenas a caixa e o bilhete .

- Você entrega para ela? - ele baixou e viu na coleira o nome Cérbero Junior, ele sorriu - você entrega para ela Cérbero? - o cão latiu.

Matthew passou a mão na cabeça dele e saiu fechando a porta atras de si

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O caminho de volta para a casebre onde estava foi sossegado, ele saiu da cidade e foi dirigindo pela alto estrada, o sol começou a se por no horizonte ele​ ligou o rádio em uma estação qualquer e estava tocando Miss You ele deu um sorriso e pegou a foto no seu bolso e a olhou rapidamente.

- Sabe, sua paixão por essa cria de Ares ainda vai lhe dar muita dor.

Ele olhou para o lado, o rosto pálido, os cabelos negros agora cortados que estavam formando pequenos cachos e os olhos negros como a noite. Ares devia ter puxado Hares em sua aparência, mas não era saudável fazer essa comparação a essas alturas. - Do mesmo jeito que a sua por Perséfone.

O Deus sorriu.

- Bela foto aliais, ela consegue ser a cara do pai com os traços suáveis da mãe - Matthew o olhou, ele sabia que Hades teve haver com morte da mãe de Livi, mas ele também sabia que o que tinha contado para Ares não era totalmente verdade.

- As melhores rosas nascem nos piores espinhos - disse ele para o Deus e pisou no acelerador.

-Sei bem disso.

Filha de AresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora