Mar de rosas

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Lívia

Os seis seguiam pelo jardim entre as rosas mortas já que era mais seguro que andar em meio à parte descoberta.

Quando saíram de trás da construção avistaram um par de harpias voando certamente a procura de Livi.

Matthew liderava o grupo seguido por Lisa, Millus, Erick, Estela e Livi. Eles faziam o mínimo de barulho possível em meio às rosas mortas para não chamarem a atenção das harpias, por sorte estava ventando muito o que ajudava a camuflar os movimentos deles entre o mar de rosas e também encobrir seus odores.

- Esperem – Livi sussurrou alto o suficiente para que os outros pudessem ouvir, algumas rosas a alguns metros estavam se mexendo de forma estranha contra o sentido do vento. Erick parou na hora fazendo Estela trombar nele, Livi revirou os olhos olhando a cara de boba da miga e do menino.  – Sinceramente – ela pensou. Estela olhou para trás e Livi apontou com a cabeça para o outro lado da vegetação.  Erick apontou com o polegar e ela concordou, Os seis ficaram imóveis e em silêncio esperando, alguns minutos depois um uivo alto foi ouvido e o barulho de caldas se mexendo contra o chão também.  Eles poderiam seguir em frente tentar ser mais rápido do que a criatura que os seguiam, mas se tem uma coisa que Livi aprendeu com Ares foi nunca fugir de uma guerra.

Erick olhou com os olhos arregalados para Livi, que fez sinal para ele entregar a espada dele para ela. Fênix era uma bela espada feita para um semideus do fogo, mas não chegava nem perto de Rubia. – Fiquem aqui – Livi disse empunhando a espada, Estela a segurou – se você for eu vou – Livi olhou para Erick e o menino não precisou de mais nada para segurar Estela pelo braço. Na realidade ele só estava esperando algum motivo para fazer tal ato, ele nem em sonho queria ver Estela perto deste lá o que for. Livi deu uns passos a frente e foi puxada para trás, antes que pudesse falar alguma coisa Matthew a interrompeu – você não vai sozinha. – Ela puxou o braço e revirou os olhos, se tinha uma coisa que ela odiava era ser trata como frágil coisa que nem de longe era ainda mais agora que já estava bem, bom, quase bem.

Os uivos pararam o que fez todos olharem em volta.
Livi olhou para um lado e para o outro.  – Fiquem juntos, haja o que houver não se separem. – Um borrão avançou em cima deles, a calda de serpente com espinhos em volta e as duas cabeças saiu do meio do mar de rosas mortas. Livi arregalou os olhos olhando para a figura que se aproximava – corram! – Ela gritou e todos saíram correndo rumo ao muro.

O Cão os perseguia, uivando assustadoramente. Livi olhou para trás e viu os dentes de Ortros para fora e sua baba voando no ar, se ela já ao achou terrível, quando invadiu o castelo de Ares agora então, perseguindo suas presas era algo que não dava para explicar.

O cão saltou e passou por cima dos seis. O queixo de Estela caiu, assim como os dos demais, afinal ele era um monstro e assim como Cérbero, era filho de Tifão e Equidna, e como todos seus irmãos, ele era uma criatura terrível e temível.

Matthew puxou a besta dos ombros e apontou para criatura começando a atirar, Ortros desviava  com tanto facilidade que parecia um gavião desviando de um canarinho.  O cão começou a rosnar mais depois desse ato de Matthew que começou a dar uns passos para trás.

- Alguém tem alguma ideia? – Ele Disse olhando para trás, Lisa empunhou uma das adagas e atirou no cão, ela errou o alvo, Ortros se movia em uma velocidade assustadora.  – Eu tenho uma ótima ideia – Livi saiu de trás do grupo rodando a espada de Erick na mão – vem cá totó vamos brincar – ela riu e olhando para o cão que já estava em posição de ataque. – Meu pai me disse que meu tio fez um excelente tapete de com sua pele. – Ela piscou e o cão avançou para cima dela, Livi desviou dando um giro. – Que foi? Não consegue pegar uma cria de Ares?- Ortros uivou  e voltou atacar Livi, ele tanto atacava com as patas dianteiras quanto com a calda, Livi desviava, algumas vezes com dificuldades mas desviava. Se Ortros a golpeasse seria seu fim. 

Em dos movimentos de ataque do cão Livi girou a espada e decepou metade da calda dele, ele uivou de dor, um uivo tão alto que os outros cincos tiveram que tampar os ouvidos. Livi se apoiou na espada em quanto o cão lambia o que sobrou da calda. – Vamos – ela disse –logo chegaram mais deles. – Os outros ainda estagnados com o que tinha acabado de ocorrer saíram correndo atrás da menina. – Aqui, Erick – ela estendeu Fênix para o menino que a pegou, a mesma só tinha um pequeno rastro de sangue na posta da lâmina onde Livi não conseguiu tirar enfiando na terra. – Obrigada. –

Erick ficou olhando para espada e para Livi enquanto corria, ele não conseguia acreditar no que ela tinha acabado de acontecer, ele assim com muitos já tinham ouvido falar na princesa da guerra, filha de Ares e de suas habilidades que só não eram maiores do que os próprios Deuses. Mas, quase matar Ortros, um dos monstros mais terríveis e temidos, era outra coisa, e ainda ver isso ao vivo era outra mais diferente ainda.  Os seis conseguiram chegar à fenda por onde entraram a mesma tinha apenas umas pequenas rosas vermelhas em sua entrada a encobrindo. Lisa olhou as rosas, eram as únicas vivas naquele jardim, Inzia havia escondido sua localização ante de sucumbir a Hades.  Lisa pegou uma rosa antes que Millus abrisse o caminho, um a um eles passaram para fora do castelo, os últimos a passar foram Matthew e Livi.

A menina ficou olhando para o enorme castelo atrás de si com o jardim morto a frente – vamos Livi- ela não se virou, apenas abaixou o olhar para uma das rosas caídas no chão. – Eu poderia ter evitado tudo isso. – Ela se virou para Matthew seus olhos estavam quase marejados. Embora tentasse parecer forte, Livi ainda era sentimental, assim como Éris, só deixa transparecer as coisas quando já estava no limite. – Você não tem culpa, Livi. Não tinha como saber. –
- Não Matthew?  Se eu não tivesse sido tão .. – ela suspirou – Ares tem razão, amor só destrói a gente. –  Matthew a encarou e segurou o ombro dela – amor não destrói ninguém, as pessoas que se usam da pureza dele para destruir. – Livi olhou para Matthew, era assim que ela estava se sentindo, destruída. Ela tinha sido traída pela a pessoa que ela amava e que jurou amor por ela, mesma pessoa que sabia das verdadeiras causas da morte de sua mãe e priminha que ela nem tinha chegado a conhecer. Se tiver uma palavra que a descreva nesse momento era a dor. E essa dor iria apenas piorar, afinal, ver a reação do seu pai ao saber da história verdadeira iria doer nela também. Esses últimos dois anos que passou ao lado de Ares a fez o conhecer melhor, e assim como Éris e ela própria, Ares não tinha muita facilidade em sentir as coisas além da sensação do caos. Mas, até o caos dele tinha sua calmaria e essa calmaria foi tirada dele.

Matthew a puxou em um abraço, assim que os braços do rapaz foram para sua volta, Livi desabou, ela chorou ali o que não pode chorar na frente Hades e Kyler quando soube da verdade, quando soube da traição. – Vai ficar tudo bem, ok-  ele passou a mão entre seus cabelos tentando acalma-la.

Em um passado distante agora, um menino de doze anos acalmava uma menininha de dez que sempre tinha sonhos estranhos com o homem vestido todo de preto cujo rosto nunca era revelado e desta mesma forma, afagando os cabelos dela.

Livi levantou o olhar e encontrou o de Matthew nela, os dois ficaram se olhando por um tempo. – acho melhor irmos – ela disse se soltando dele. Ele concordou e deu passagem para ela, ela passou pela frente e logo atrás veio Matthew.

- Porque vocês demoraram? – Estela perguntou assim que os dois saíram da fenda, Matthew seguiu até onde Lisa estava com Millus do lado e Livi seguiu até Estela. – Só estava olhando a obra de arte que Hades fez. – Livi disse dando um sorriso sem dentes, Estela passou a mão no rosto da amiga, ela conhecia Livi o suficiente para saber que a mesma estava com os olhos marejados. Quando isso tudo acabar ela iria querer saber o que havia acontecido lá atrás.

Um raio cortou o céu, um raio vermelho. Todos os seis olharam para cima, os gritos e sons da batalha começaram a surgir.

Livi tomou a frente do grupo seguindo rumo à colina, sua expressão agora era outra. A menininha amedrontada havia  sumido e agora a princesa da guerra esta em seu lugar.

- Vamos, temos um traidor para matar. -

Filha de AresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora