Desculpas

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Pela primeira vez na minha vida eu queria matar o Simon, quando eu passei a porta e pude ver quem estava atrás dele. Uma raiva passou por mim, mas a dor que se instalou na minha cabeça falou mais alto. Simon era mais alto que eu, portanto ela se escondia facilmente atrás dele. Como se lesse o que tinha na minha mente ele ajeitou seus óculos e passou a mão em seu cabelo moreno, demonstrando desconforto. Falar que ela parecia uma princesa era quase o atestado de que eu havia falado dela para ele. Pelo menos não foi uma confissão completo, eu a deixei em casa e depois fiquei um bom tempo parada sobre a moto absorvendo tudo o que estava acontecendo.

Eu praticamente não fiz o que havia planejado quando sai de casa. Eu fui ao show, encontrei uma garota perdida, expliquei tudo que estava em nossa volta, ajudei-a a fugir da polícia e a deixei em casa. No fim recebi uma portada na cara, sem despedidas ou educação nenhuma da parte do homem que a esperava. Depois de deixar meus pensamentos em ordem resolvi comer algo, pois no meio dessa bagunça meu estômago continuou vazio. Encontrei uma padaria 24 horas e peguei um bolo, bolo de morango, com morangos em cima e calda de morando, um generoso pedaço de bolo vermelho estava no meu prato. Comi tudo e me direcionei a minha casa, quando cheguei na oficina fiquei com receio de acordar Simon de madrugada, então decidi ficar no sofá que tinha no térreo depois de tomar banho no vestiário.

O sono não veio me fazendo olhar para o meu celular, na sua tela marcava 3:45, eu deveria acordar às cinco para arrumar tudo e abrir as sete. Naveguei na internet até quinze minutos antes do despertador tocar, fui na padaria e comprei o café da manhã. Quando Simon acordou tudo estava arrumado e pronto para tudo começar, foi quando eu desabafei sobre tudo o que tinha acontecido no dia anterior. Desde então ele passou a me questionar sobre tal garota, como nome e afins, eu não sabia, apenas disse que parecia uma princesa. Simon era mais um pai para mim do que o meu próprio, minha única família, aquele que sempre me acolheu e me faz sentir bem.

- Desculpe te incomodar em seu trabalho - ela falou tão baixo e de um jeito meigo.

- Incomodo algum - respondi não conseguindo conter um sorriso que crescia em meu rosto - incomodo algum princesa. Ao que devo a honra de sua visita - falei mostrando o caminho para que ela entrasse na sala que eu estava.

- Eu vi seu bilhete e... - falou observando o local e me seguindo lentamente, mas antes que continuasse a interrompi.

- Eu peço desculpas por isso, eu deveria ter feito algo melhor - falei procurando algo gelado para colocar na cabeça - mas eu não podia esperar, o meu despertador já estava louco, eu tinha que voltar.

- Não ponha gelo - falou autoritária quando eu peguei uma toalha e cubos de gelo - na cabeça é melhor deixar assim - falou se aproximando de mim e retirando os objetos da minha mão.

- Eu não sabia - comentei baixo me sentando em uma cadeira que roda - enfim me desculpa te causar um possível transtorno.

- Eu que preciso me desculpar com você - falou ficando atrás de mim observando minha cabeça - depois de tudo o que me fez ontem e a minha retribuição foi horrível - continuou agora com suas mãos em minha cabeça - o mínimo que eu poderia fazer era vir e entregar sua mochila - eu havia esquecido que minha mochila estava com ela - eu deveria ter feito isso antes, mas não sabia como te encontrar - suas mãos massageavam ao redor do possível galo que se formava na minha cabeça - e eu ainda te faço se machucar.

- Aí - gemi de dor o mais baixo que pude - Não diga isso, a culpa é minha você não saber meu nome ou quem eu sou. Já pensou que eu poderia te sequestrar? - questionei sentindo suas mãos se afastarem de mim, me fazendo sentir falta do seu toque.

- Você não iria me sequestrar - resmungou se sentando muito próxima de mim.

- Como você poderia saber? - questionei não aguentando a curiosidade dentro de mim.

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