Eu estava muito desconcentrada, não seria surpresa caso alguém me expulsasse da coreografia que estávamos ensaiando. Como não sou de esperar alguém fazer algo, eu mesma me expulsei, pedindo mil desculpas e que se eu saísse seria melhor. Ninguém negou com veracidade nas palavras, apenas frases vazias para não deixar o clima pesado. Abri as portas de vidro e fui ver quem me entendia, ou quer me entender.
— Só um momento para eu tentar entender — confirmei com a cabeça e encarei se rosto — você disse que gostava dela, vocês fizeram guerra de água, você a viu sem camisa, dormiram juntas e nunca mais tocaram no assunto.
— Nesses termos parece que aconteceu coisas que não aconteceram — murmurei — mas basicamente é isso mesmo.
— Como assim não aconteceu mais nada? — Se exaltou, mesmo falando baixo. — Você falou que gostava dela e?
— E nada, estamos vivendo do mesmo jeito, mas sem as tensões de antes — eu ainda olhava para ela para ver suas reações. — Você queria que acontecesse o que, tudo virasse um conto de fadas?
— Vocês são estranhas — comentou brincando com uma caneta — quanto tempo faz isso?
— Uma semana, quase duas — peguei a caneta dela e comecei a rabiscar um papel.
— Uma última pergunta e eu paro o interrogatório — rapidamente desviei o olhar para ver se ela estava falando sério — porque você ficou estranha quando viu a Marceline sem blusa?
— Por que ela é linda — quase engoli as minha palavras, Íris segurou o meu rosto em sua direção para eu repetir. — Ela é muito bonita e eu fiquei com mede de... De...
— Ficar "secando" ela — vi um sorriso em seu lábio.
— Não tem graça — retruquei me livrando do seu toque.
— Tem sim, você está envergonhada — minha bochechas estavam realmente vermelhas.
— Eu mereço — cruzei meus braços e encarei a parede a minha frente.
— Sim — riu da minha cara — até parece que nunca foi a praia, piscina ou viu outras garotas trocando de roupa — ela gargalhou — você é impagável Bonnibel.
— É diferente — sussurrei — eu não me sentia atraída por nenhuma delas.
— Obrigada por me chamar de não atraente.
— Eu não disse isso — encostei minha cabeça em seu ombro — e você sabe disso. Eu me encantei pelo jeito da Marcy, mas não há como negar que seu corpo é lindo, também.
— Eu sei que disse que era a última pergunta, mas como é o mesmo de sempre?
— A gente acorda, ela tá de férias, tomamos o café da manhã juntas e saímos para almoçar fora e fazer mais alguma coisa.
— Você sabe que não é isso que eu perguntei.
— Como estamos assistindo filme estamos dormindo juntas — suspirei pesadamente, eu sabia onde ela queria chegar — andamos juntas, quando esfria, normalmente de noite, ela me abraça para passar o frio, não ficamos de mãos dadas ou nos beijamos novamente se é o que você está perguntando.
— Vocês são estranhas — comentou pegando o celular — pensei que depois de tudo vocês seriam o casal do ano.
— A gente tá tão bem assim — falei sem encarar a tela do celular dela, seria falta de educação.
— Mas não sente falta de... De afeto?
— Beijar não é a única maneira de demonstrar afeto ou carinho, existem tantas outras para mostrar que ama, pequenas ações.
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Somente você
RandomE se alguém totalmente fora da curva chegasse em sua vida, sem avisar e gradativamente for tomando conta da sua vida de uma maneira que nunca imaginou. Com o tempo a amizade irá dar lugar a um algo a mais, ódio, raiva, talvez, amor.