Lição

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Simon tinha razão, eu deveria tratar a Bonnie como sempre tratei, a gente estava distante e nada mudou, os sentimentos que eu tinha, continuaram aqui. Um pouco maiores talvez, principalmente depois do presente que ela me deu, eu amei o chaveiro em formato de baixo. Mas ela é minha amiga e a nossa amizade deveria continuar, eu acostumaria com a sensação boa que ela me trás. E não é errado se ela sabe a verdade, pelo menos foi isso que o Simon disse e eu acredito nele, afinal ele que me criou, deu amor e carinho. Este foi o melhor dia de todos, Bonnie me deu o presente mais fofo que eu poderia ter, e a forma que ela pensou que eu preferiria um chaveiro. No momento que eu consegui, troquei de chaveiro e comecei usar o dela, não coloquei na moto, vai que cai e eu não vejo. Por que se cair e eu ver, paro na rua no mesmo instante e volto para pegar, sem pensar duas vezes. E Simon me deu o melhor baixo que eu poderia ter na minha vida, parecia até que ele havia combinado com a Bonnie os presentes.

Para finalizar a noite assistimos um filme ótimo e Bonnie acabou dormindo em meus braços, com medo de acordá-la fiquei imóvel durante um bom tempo. Acabei adormecendo ao seu lado, eu quase havia me esquecido o quanto que era confortável ter ela ao meu lado. Sua respiração tranquila, seu toque macio, o calor do seu corpo, tudo trazia tanta paz e segurança e eu poder a proteger era reconfortante. Nesta noite tive um sonho bom, o primeiro de semanas, sonhei com a minha mãe, ela estava bem, seu rosto tinha um enorme sorriso. Eu tentei me desculpar por tudo que o fiz e a sua resposta aqueceu o meu peito. "Não se desculpe por ter se tornado uma pessoa maravilhosa, uma pessoa que é amada, com o coração bom. Tenho orgulho de você.". Foi tão real, como seu eu pudesse sentir a sua pele, finalmente eu a veria bem, mas acabou. Ouvi a voz de Bonnie, no meu sonho, ela estava desesperada, como se fugisse de algo, ou de alguém. Acordei com ela tendo um pesadelo, eu já li uma vez que não podemos acordar um sonâmbulo ou alguém com pesadelo. Apenas a puxei para perto, envolvi seu tronco com os meus braços e senti ela retribuindo, segurei ela firme, acariciando seus cabelos. Sua respiração foi normalizado, os seus batimentos voltaram a ficar ritmados e a sua expressão voltou a ser serena. Perguntei a mim mesma quantas vezes ela teve pesadelos e eu não estava perto para protegê-la, eu estava a mantendo longe fazendo com que ela não fosse me procurar. Culpei cada pensamento meu de distanciá-la, de pensar que se ficasse longe tudo iria voltar a ser o que era. Eu só havia deixado um detalhe importante de lado, eu não havia me apaixonado pelo seu toque. Não me apaixonei pela pele macia, pelo olhar fascinante, pela beleza estonteante, pelo sorriso encantador, pelos abraços reconfortantes. Não. Eu me apaixonei pelo modo que fala, pela maneira em que sente, pela maneira que age e por quem ela é por dentro. E isso seria difícil de fugir, a não ser que eu quebrasse a minha promessa e abandonasse nossa amizade, eu nunca quebro uma promessa.

Acordamos juntas ainda, eu primeiro com o meu braço dormente devido a nossa posição, eu tinha certeza que se eu me mexesse muito ela iria acordar.  Ela estava com um de seus braços abraçado na minha cintura, eu não via onde o outro estava, eu estava com um braço debaixo do tronco dela e o outro sob a mão dela em minha cintura. Eu lutava internamente por sentir o sangue circular no meu braço novamente e acordá-la ou deixar do jeito que estava até ela despertar. Eu não tive que ficar neste dilema durante muito tempo, logo ela acordou e se levantou um pouco deixando que eu tirasse o meu braço.

— Desculpa — falou baixinho um pouco rouca — bom dia.

— Bom dia — minha voz estava mais rouca do que a dela, coloquei meu braço para trás e encarei os seus olhos — dormiu bem?

— Como um anjo — pude ver que ela mentia, não somente pelo fato de ter visto ela tendo pesadelos — desculpa por deitar no seu braço, sou meio espaçosa.

— A culpa não foi sua, eu te abracei enquanto estava tendo um pesadelo durante a noite. Você está melhor, Bonnie?

— Estou, eu não queria ter te acordado — lamentou se encolhendo.

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