Tic-Tac

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Meu corpo estava um pouco dolorido, eu possivelmente esqueci de tomar os meus remédio. Aos pouco fui tomando consciência da minha situação, eu abraçava a cintura de alguém fortemente contra mim. A mão dessa pessoa estava sobre a minha, nossos dedos estavam entrelaçados, o encaixe era tão perfeito que eu lamentei. Inspirei um pouco mais forte e senti o seu perfume, seu aroma natural que me viciou por anos, droga eu voltei a sonhar com ela. Tentei tranquilizar meus pensamentos para o dia anterior e tudo pareceu uma bagunça, pelo menos esta parte do sonho é mais crível. Afundei minha cabeça em seus cabelos e a puxei para mais perto, eu odiava sonhar que ela ainda estava comigo, mas a tempos eu não os tinha mais, mas também a tempos que eu não a via. Eu iria aproveitar cada segundo deste sonho, era tão bom, eu até conseguia sentir o calor dela em mim, a pressão de seus dedos entre os meus. Parecia tudo tão real, principalmente por eu estar quase acordando, sentia a claridade batendo no meu rosto, sem muita vontade abri meus olhos para os pensamentos sobre ela irem embora. Minha respiração congelou, eu estava vendo seus cabelos rosas próximos ao meu rosto, ela estava ali, levantei um pouco a mão passando por sua barriga para confirmar. O moletom que ela usava era meu, que a muito tempo, pois ela quem usou pela última vez e uma esperança de que o cheiro dela continuasse lá. Bom, agora está.

Decidi ficar parada até entender o que estava acontecendo, não era possível que eu bebi, tomando antibiótico, a tal ponto de me deitar com ela e não me lembrar. Tentei refazer os meus passos até onde eu não tenho certeza do que aconteceu. Eu só lembro de estar triste e querer ir no prédio que sempre me acalma, só que estava chovendo e eu estava cansada demais para ir a pé, peguei a moto, mesmo com os pontos doendo. Para a minha sorte começou a chover no meio do caminho, já estava na metade do trajeto iria continuar, mesmo me molhando. Depois disso tudo parece um borrão, minhas memórias estavam se misturando com a realidade e com um mundo muito estranho. No começo era tudo normal, como é hoje em dia, depois tudo ficou em tons escuros de cinza e preto. No fim o mundo estava colorido, com criaturas diferentes do que conheço, algumas comidas tinham vida. Tinha uma bruxa estranha gritando porco enquanto tentava me capturar dentro de uma espécie de cofre, só que eu estava no colo de alguém. Bonnibel. Por algum motivo ela estava lá tentando me ajudar, proteger, ao menos estava fazendo companhia ou tentando. Decidi ignorar, eu sei que pode parecer errado, entretanto eu queria ter essa sensação de que nada tinha mudado entre a gente, que este era um dia como qualquer outro. Permiti que minha respiração voltasse ao normal, ela estava completamente grudada em mim, ela estava apenas de moletom e eu com o meu shorts e minha regata que sempre uso para dormir. Eu não estava assim antes, sendo assim ela teve que me trocar, não havia mais ninguém na cidade. LSP não recebeu minhas mensagens por estar viajando para a casa dos pais, era tão longe que parecia ser em outro planeta e não pegava sinal daqui.

— Bom dia — sua voz soou serena — sim eu sei que você está acordada. Desculpa, mas sim eu troquei a sua roupa e só dormi aqui, não por invasão, é que quando eu iria sair você me segurou. Não tive coragem de te deixar sozinha, acho que depois disso a febre ainda subiu duas vezes e eu tive que te dar remédio.

— Bom dia — falei sem a solta de meus braços — obrigada por tudo e me perdoe por fazer você dormir aqui, não deve ter sido muito confortável.

— Na verdade, foi bom — disse quase para dentro, se eu não estivesse na posição que estava não escutaria, quase não escutei, pelo tom dela estava corada — como que você está se sentindo?

— Eu estou bem — falei ainda imóvel — só a minha cabeça que está doendo e estou com um pouco de frio.

— Será que — ela se virou em meus braços rapidamente ficando na minha frente com seu rosto perto da minha testa — a febre voltou? — Seus lábios tocaram a minha pele formando um calafrio por toda a minha coluna.

Somente vocêWhere stories live. Discover now