Daylight 🎶

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P.O.V MARY
Acordei com alguém gritando pela Marceline, tentei pegar o travesseiro, esqueci que não estava sozinha e uma risada me lembrou disso. Recebi um beijo no topo da minha cabeça e logo percebi que ela saiu da cama, eu não queria acordar, não hoje o dia que ela partirá. Toda a alegria que eu normalmente sentia foi com apenas uma mensagem a noite. "Meus pais vão se mudar, terei que ir junto, partiremos amanhã, sinto muito.". Certeza que ela estava muito mal neste momento, talvez o mesmo tanto que eu, mas pela mensagem ela não teve escolha. Pelo menos eu tinha alguém para me dar suporte, não sei quantas vezes Marceline me ajudou, não entendendo como alguém pode não gostar dela. Ela só gosta de se divertir, leva a vida sem muitas preocupações e faz o que quer. É tão ruim?

- Bom dia bolinha - senti meu corpo ser abraçado sob os cobertores e realmente ser uma bolinha - hora de acordar.

- Eu não vou a faculdade, não adianta insistir - falei antes de tudo, a última coisa que eu gostaria de ver hoje era como fazer integrais com coordenadas polares.

- Vivi o suficiente para te ver no ápice do mal humor - comentou me soltando e colocando um sanduíche em minha mão - pena não poder gravar isso.

- Não estou no clima hoje - mordi e encarei a sua feição de desânimo.

- Fiz o seu favorito, tem toalhas e roupas limpas em cima da cômoda, vou estar resolvendo algumas coisas importantes lá embaixo.

- Obrigada - falei sem humor a vendo sair do quarto.

Terminei de comer e fui tomar um banho para ver se me animava, já era ruim o suficiente ter que esconder um relacionamento. Eu não podia sair com ela de mãos dadas, não podíamos ficar juntas em nenhum lugar além da casa da Marceline. Na república as meninas descobririam, em sua casa os seus pais não iriam permitir e na rua tornaria tudo pior. Namorar escondido a distância não me pareceu ser uma ideia, não tinha nenhuma perspectiva de melhoras. Peguei a roupa que Marceline separou e estranhei, não lembrava de hoje ser algo importante. Normalmente eu vestia uma camiseta de banda, calça moletom e chinelos a menos que trabalhasse na loja de manhã. Mas desta vez eu estava com uma camisa social preta, uma calça jeans escura e sapatênis. Sai do quarto e não encontrei ninguém, deixei as coisas do café da manhã na pia e desci as escadas.

- Marceline, estou pronta, onde vamos hoje? - Questionei vendo-a no telefone.

- Certo, certo. Chego aí em pouco tempo, não se preocupe com nada - ela se virou para mim e sorriu - está bem, até mais. Solte este botão - falou abrindo os dois primeiros botões da minha blusa, tornando mais casual.

- Onde vamos? - Repeti a olhando confusa e acenei para a moça de roxo que estava sentada no sofá da loja - bom dia, LSP.

- Com toda certeza é um bom dia - sorri sem humor para o seu comentário e continuei encarando minha chefe - acho melhor vocês irem antes que o mal humor dela piore, logo é o horário do almoço.

- Vamos logo - ela sorriu de canto apontando para os próprios olhos e depois para a outra - cuide da minha loja, senão você estará demitida no fim do dia.

- Um ótimo dia para vocês também! - Gritou enquanto nós saímos pela porta.

A encarei confusa quando a mesma me entregou um capacete e apontou para uma moto.

- Quer dirigir hoje? - Entregou a chame da moto para mim esperando que eu subisse.

- De verdade? - Eu estava incrédula, o xodó dela era a moto, ninguém dirigia ela, a tempos eu tentava e nunca conseguia.

- Ande logo antes que eu me arrependa - colocou o capacete na cabeça.

Subimos na moto e ela indicaria o caminho, ela estava tranquila comigo dirigindo, pelo menos demonstrava isso. Ela segurava apenas com as pernas e digitava algo em seu celular que estava apoiado em minhas costas, nada seguro, mas não sou eu quem vai a repreender. Comecei a reconhecer o caminho e senti um frio na minha espinha, ela me abraçou e eu segui em frente, o dia podia sim piorar. Chegamos e eu parei no início do quarteirão, ordens da minha chefe, não sei porque ainda teimo em obedecer tudo o que fala. Descemos e travamos os capacetes na moto, nos encaramos por alguns segundos e eu arrumei o terno que Marceline usava e ela abotoou novamente os outros botões da minha camisa. Seguimos firmemente até a porta de entrada, eu fui mais arrastada do que caminhando, ela tomou a frente e tocou a campainha.

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