Perfeita

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- Simon - falei chamando a sua atenção enquanto eu dirigia para qualquer canto - aconteceu o que não era para acontecer - minha voz era fraca, mas firme.

- Marcy, eu já te disse que você não consegue engravidar a Bonnie - falou rindo, eu não retruquei e ele entendeu o recado - desculpa. Não vou brincar mais com isso, o que aconteceu?

- Hoje eu quase - as palavras não queriam sair da minha boca - eu quase - o sinal ficou vermelho e eu olhei para Simon que me encarava de uma forma preocupada - eu quase beijei a Bonnibel hoje.

- E eu, o Gunther - falou tentando achar uma mentira que não existia - está bem. Vocês não eram apenas amigas?

- Somos - respondi acelerando o carro - eu não sei o que deu em mim, eu não sei como olhar para a cara dela agora.

- Ela te xingou ou fez algo para evitar - ponderou pousando a mão em meu ombro, eu neguei com a cabeça - então ela não tem o que reclamar ou algo assim.

- Eu te juro Simon - minha voz estava fraca e rouca - eu tentei não pensar nisso, mas é tão difícil, sabe?

- Na verdade não - confessou - eu sei que ela é bonita e educada.

- Simpática, sensível, de um jeito bom, amável, com aquele sorriso ela deve convencer qualquer um a fazer o que ela deseja - falei encarando o asfalto a minha frente - céus. Eu faria qualquer coisa para nunca mais ver aqueles olhos perderem o brilho, se dependesse de mim eu os faria brilhar cada segundo do dia. E o sorriso, seu sorriso consegue me deixar sem chão só por existir. O toque então, nem se compara, toda fez que ela me dá um beijo na bochecha de despedida ou de oi, o local fica confortavelmente quente. Eu preciso parar com isso, Simon - suspirei parando o carro onde eu queria.

- Você está apaixonada por ela - seu tom mostrava que não era uma pergunta, era uma constatação um tanto desconfortável - mas você sabe que as chances de isso ir para frente são pequenas.

- Sei - dei uma batida no volante com as duas mãos e apoiei minha cabeça nelas - Hoje eu disse que ela é perfeita - Simon iria dizer algo, mas eu continuei sem dar-lhe a chance de fazer - a não ser pelo aro idiota de metal no dedo anelar dela - levantei o rosto para olhar em seus olhos - e eu pude jurar que escutei vindo dela: "E hétero". Isso nunca vai dar certo Simon.

- Ela te disse isso? - Perguntou chegando perto de mim, com uma mão em meu ombro.

- Não - afirmei triste abrindo a porta, essa conversa tinha me esgotado - acho que foi coisa da minha cabeça. Ela não parece ter entendido a situação que estávamos, pelo menos não demonstrou entender.

Compramos uma cama, Simon falava de tudo que eu gostava para me distrair, me ofereceu comida para ver se eu me alegrava. Contudo, nada tirava da minha mente a minha colega de quarto, ou melhor, de cama. Talvez essa proximidade que tenha causado isso, ambas somos espaçosas, a cama é grande, mas algumas noites ocasionava em uma estar sobre a outra. Sem muito resultados Simon resolveu me levar para casa para montar a cama no segundo andar e, talvez assim, tudo voltar ao normal. Chegando em casa, tudo estava silencioso, subimos as partes da cama e eu fui buscar as ferramentas junto de Simon, íamos competir para ver quem montava a sua parte antes.

- Marcy - uma voz doce e fraca chama a minha atenção e eu a olha, assim como Simon - eu sei que você está ocupada, mas lançou o filme que você estava esperando, então eu pensei em irmos assistir ele - ela parecia estar nervosa com algo e seu olhar era de um gatinho indefeso, como dizer não?

- Não - Simon disse chamando atenção das duas - tem problema - soltou uma pequena risada - eu ganhei a aposta e você - ele apontou para mim - perdeu, mas vai assistir filme, não é tão ruim, assim.

Somente vocêWhere stories live. Discover now