Impotente

548 67 18
                                    

~P.O.V. Alana~

Ver a Marceline ligadas aos aparelhos, aquela máscara em sua face, seu rosto que antes já era pálido, agora ainda mais, era torturante. Sempre escutei Mary falando dela, não nego que no começo eu sentia ciúmes, mas eu cheguei depois na vida dela. Com o tempo entendi que era apenas admiração, ela via Marceline como a melhor pessoa, uma referência. Contudo, a fama que ela tinha não era tão boa, Marceline Abadeer, filha do magnata Hunson Abadeer, dono da Noitosfera, só isso dizia muita coisa. Boatos que a seguradora deles tinham uma forma diferente de cobrar seus devedores e um jeito especial para ter certeza que ninguém mexeria com o pessoal deles. Teve o pior que me preocupou por dias, a filha, Marceline, tem os piores métodos possíveis e conhecidos. Mary estava trabalhando para ela, eu fiquei em pânico quando descobri isso, mas nesse tempo Marcy não trabalhava mais com ele. Eu nunca pensei que a temível herdeira Abadeer fosse o doce que Marceline é, um pouco ácida, mas um doce.

Eu ficava horas apenas a encarando, aconteceu tudo tão rápido. De manhã Marcy estava saindo para pegar o presente da Mary. De tarde volta para entregar e sai correndo para encontrar Simon. De noite encontramos ela estirada no chão com muito sangue. Em poucas horas de contente passamos a desesperadas, nós nunca imaginariamos que a Bonnibel iria ligar em casa para dizer que Marcy precisava da gente. Muito menos encontrar a polícia chegando junto, já que ela era alguém importante, e ver ela baleada no chão inconsciente. Não minto dizendo que não senti raiva da Bonnibel, desejei que fosse ela no lugar ou queria bater nela. Passou tudo isso pela minha cabeça e pela a de Mary que gritava tudo a ela, a única coisa que consegui dizer foi que eu era parente e que poderia ir junto a ela na ambulância. Não sei o que fizeram depois disso, só sei que cheguei no hospital com ela e fui impedida de continuar ao seu lado devido a cirurgia. Havia deixado avisado que Mary que cuidaria da burocrático, eu não sabia de nada de documentos ou de dinheiro. Fiquei sentada o mais perto possível da última porta que eu poderia ultrapassar. Por mais que todo o meu corpo mandasse eu correr e ficar ao seu lado, eu sabia que isso colocaria em risco a vida de todos os internados. Só uma análise completa para dizer a quantidade de coisas infecciosas tinham na minha roupa para eles.

Não queria ver ninguém mais brigando, ninguém mais gritando perto de mim. Mandei as duas se calarem e não trazer esse ambiente tóxico para perto da Marcy a na cena do crime. Depois de séculos o médico chega dizendo sobre seu estado, eu entendi minimamente o que era dito, várias palavras com termos técnicos eram ditos e eu não estava com cabeça para tentar entender. Anemia por hemorragia externa. Cirurgia para a retirada do projétil alojado. Coma induzido. Eram as únicas palavras que eu realmente entendi e prestei atenção, ela estava viva. Mesmo com essas notícias eu sorri e o médico me encarou confuso, mas não me importei com seu pensamento. Ela está viva! Ele disse que quando acordasse seria mais rápido o tratamento, então era questão de tempo até tudo estar bem. O único detalhe era que poderia durar horas ou meses, dependia do que o corpo dela, o que ele interpretava ser o suficiente para a sua melhora. Entrei no quarto ansiosa para que ela acordasse, sozinhas, fiquei sentada ao seu lado escutando o som daqueles aparelhos que monitoravam sua vida. Eu nunca esperei tanto que cada bip fosse soado, sei que o médico disse que ela estava bem, que a cirurgia foi um sucesso e que ela iria melhorar. Mas quantas pessoas morrem sem motivos no hospital, tem uma complicação boba, pega uma bactéria, não! Pensamentos positivos.

Não demorou muito para as três ficarem no quarto esperando a Marcy acordar, Bonnibel estava pagando tudo, aparentemente ela sabia mais de Marceline do que a Mary. Ninguém brigou mais, a esperança era que a Marcy acordasse a qualquer minuto. Passaram-se horas. Dias. Nós conseguimos nos organizar antes de completar uma semana, eu não poderia faltar mais na aula e a Mary também não. Acho que ninguém queria pensar nisso por pensar que ela iria acordar logo. Quando deu a primeira semana decidi que deveria fazer alguma coisa, Bonnibel parecia sofrer tanto com tudo que estava acontecendo. Eu acho que mais do que eu e Mary juntas, ela tinha a culpa dela ter levado tiro além do medo de perdê-la. As três temia isso, visivelmente nós três amamos ela, cada uma de sua maneira, apesar de duvidar da rosada no começo, ela mostrou se importar. Aliás ninguém passa a noite chorando e sai de manhã para tentar disfarçar a cara inchada e os olhos vermelhos, sem se importar. Eu só quero que ela acorde logo, que volte a brincar, eu queria escutar o sorriso sarcástico dela. Eu só queria abraçá-la e sentir o seu corpo corresponder. Eu quero a Marcy de volta. Por mais que eu diga a mim mesma que lágrimas não adiantaram elas vêm. Mary é mais controlada do que eu, se chorava era longe de nós. Noite após noite. Eu e Bonnibel. Cada uma segurando uma das mãos da Marcy. Choramos e pedimos que ela volte logo.

Somente vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora