Diga

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Comecei a tomar apenas remédios via oral, o soro finalmente saiu do meu braço e eu pude movimentar o meu braço roxo. Eu me movimentava muito, no fim o soro mais saia e me prejudicava do que me ajudava. Como havia me mostrado uma boa paciente eles aceitaram a minha sugestão e eu queria sair logo dali. Bonnibel não voltou, pelo menos enquanto eu estava acordada. As rosas continuaram vindo nestes dois dias normalmente, ninguém me contou quem as trazia, diziam ser um segredo que vale a pena guardar. Hoje seria o dia em que as minhas meninas sairíam para a viagem, a última viagem do ano da faculdade, já estávamos em dezembro. Elas vieram se despedir de mim, elas choravam como se não fosse voltar mais e não que eu as veria em poucos dias. Com muito custo elas partiram, tinham que preparar as últimas coisas, fechar a casa bem e verificar os produtos do bar. Elas saíram e me deixaram sozinha, era cedo e ela iriam ao anoitecer eu teria tempo de convencer quem quer que fosse que eu iria sair daquele hospital imediatamente. Comecei a apertar o botão incessantemente e torcendo para que fosse a Ana no plantão, seria mais fácil.

— Está morrendo? — Entrou brincando me encarando sentada séria. — Você quer alta, não é?

— Foi mais fácil do que eu esperava, agora pode assinar os papéis e eu saio daqui — parecia simples para mim.

— Um superior tem que te examinar para que saia — respondeu analisando a minha condição.

— Como que eu tenho que estar para sair daqui? — Saiu muito sugestivo.

— Você não pode fingir estar em perfeito estado — repreendeu.

— Posso sim, chame seu superior, por favor que eu arranjo roupas limpas e novas para mim.

— As meninas deixaram uma mochila com suas roupa — indicou e eu vi ela ao lado do sofá — eu vou ver quem está disponível para te examinar, volto dentro de meia hora.

— Sem pressa — respondi sorrindo.

— Se você fugir vai me encrencar.

— Fique tranquila, estarei aqui quando voltar.

Ela me encarou desconfiada e saiu do quarto, esperei alguns segundos para sair correndo tomar um banho e trocar de roupa. Eu precisava tirar aquele cheiro de hospital de mim, consegui fazer tudo em tempo recorde, tomei o máximo de cuidado com os ferimentos e me direcionei novamente para o quarto. Peguei todas as minhas coisas e coloquei dentro da mochila, eu sentiria falta das rosas, mas não conseguiria levá-las. Mandei uma mensagem impaciente para LSP me buscar no hospital e ela não me respondeu. Mandei para Günther e ele estava viajando para algum canto que Simon cismou em ir. Eu teria que ligar para um dos meninos que trabalhavam no bar esporadicamente ou perguntar se algum caminhão de cerveja passava por perto. É bem meu estilo sair do hospital dentro de um caminhão que entrega cerveja, acho que não deixariam eu sair. Ouvi passos vindo em direção ao quarto e encarei tudo novamente, não parecia tão ruim. Eu desliguei o aparelho que média meus batimentos cardíacos para não fazer barulho quando saísse de mim, dobrei a roupa e a coloquei na ponta da cama.

— Você é impossível — murmurou somente para que eu entendesse — doutor essa é a paciente que diz estar apta a ter alta. Como pode ver ela está muito convicta.

— Bom dia — levantei da cama me concentrando ao máximo para não demonstrar o mínimo de incômodo, estendi a mão para ele e sorri — como pode ver, estou muito bem.

— Antes eu preciso da sua ficha — declarou e eu rapidamente me virei pegando e entregando para ele — seu nome é Marceline Abadeer?

— Sim senhor — eu entendi qual caminho levaria, "Você é filha do Hunson?", era sempre assim.

— Entendo, a senhorita deseja deixar imediatamente este hospital?

— Eu vou — sentenciei mostrando que não mudaria de posição — se o senhor puder colaborar.

Somente vocêWhere stories live. Discover now