Just A Dream 🎶

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Toda criança gosta de natal, por que ganha presentes e tudo mais, todavia eu não era uma dessas crianças, por vários motivos, mas agora era a vez das meninas. Bonnibel, apareceu todos os dias aqui na minha casa, cedo. Ela chegava, vinha no meu quarto me acordar e começava a fazer as tarefas de casa, não que precisasse, mas eu nunca consegui impedir dela fazer muita coisa. Neste meio tempo eu me lembrei de como era antes, tirando a troca de carícias tudo voltou a ser como antes do término. Ainda trocamos olhares, olhares que têm significados profundos e sabemos disso, contudo desde o meu pequeno surto de sinceridade não tocamos no assunto. A maior parte do tempo eu e ela ficamos em silêncio, não é constrangedor, poucas vezes no nosso tempo de convivência foi. Ela passava o dia sentada em uma cadeira em um canto mexendo no notebook, começou depois de um ponto ter soltado, só por que eu subi no armário para pegar uma caixa. Ela me acompanhou em todo o processo de recuperação e cicatrização, já que o ponto soltou por já ter passado do tempo do meu retorno. Eu só queria deixar a casa em perfeita ordem para as meninas quando elas chegarem, que no caso é em poucas horas, dez horas. Passei esse tempo todo me convencendo que dez horas é pouco pelo tempo que ficaram fora, apesar de parecer uma eternidade. Pela primeira vez eu estava acordada antes de Bonnibel chegar em casa, já estava na cozinha preparando biscoitos e bolos, com a ajuda da minha bengala, ainda não estava cem por cento.

Ela chegou feliz e cantarolando com uma roupa vermelha e um buquê de rosas na mão, colocou ele tranquilamente no vazo que tinha no local. Todo dia ela chegava com uma rosa, acredito que seja da mesma pessoa que sempre deixa uma todo dia em minha porta, eu só agradeço sem mais perguntas. Vejo que ela não percebeu que eu estou ali, fico parada e apoiada na pia esperando ela olhar para mim. Ela posiciona a bolsa perto da cadeira onde ficava sentada, abriu as cortinas das janelas para o sol adentrar o local. Caminhou cantarolando tranquilamente para o quarto e me segurei para não rir, escutei ela me chamar e procurar no cômodo. Não tardou para ela começar a chamar meu nome mais alto e procurar em outros cômodos, consegui me controlar até ela aparecer me olhando indignada. Comecei a gargalhar e pela primeira vez em dias isso não me causou uma dor aguda no ferimento.

- Quantos anos você tem?! - Ela parecia ofegante e eu só conseguia rir. - Poderia apenas ter dito que estava bem, quase me mata do coração.

- Bom. Dia - falei com a risada cortando a frase, respirei fundo e me controlei - como está?

- Aliviada e com raiva - comentou pegando um banco e se sentando do outro lado da bancada de pedra - o que faz acordada tão cedo?

- Imagina- olhei para o relógio e já marcava oito e meia- meu bolo!- Corri para pegar os bolos e os biscoitos do forno, neste meio tempo esqueci de vê-los.

- Desde que horas você está acordada? - Ela tirou de uma sacola os tabletes de chocolate que eu pedi e os morangos.

- Não dormi - confessei tirando as formas do forno e coloquei sobre os panos que estavam dobrados sobre a pia para não dar choque térmico - toma, experimente um por favor para ver se está bom.

- Tá bem quente - comentou pegando da minha mão e dando uma mordida depois de tentar esfriar, fez uma careta quando colocou na boca que eu tive certeza que não estava bom.

- Ficou horrível, não é? - Exclamei já pegando o caderno para fazer outra receita e disparei a falar. - Perdi a mão de fazer doces neste meio tempo eu tinha que ter testado antes mas não tinha que fazer justo hoje que eu não poderia errar parabéns Marceline Abadeer você estragou uma das supresas e agora o que vai fazer - comecei a andar, porém duas mãos pousaram nos meus ombros por trás e me seguraram.

- Você continua desesperada - senti seus braços deslizarem para frente recebendo um abraço - e ainda é fofa desta maneira, está ótimo o biscoito. De verdade - senti sua cabeça pousar nas minhas costas, eu estava apenas com uma camisa velha e fina, sentia perfeitamente a respiração dela. Pela primeira vez mantemos um contato prolongado desde o dia em que eu tive febre, estava tão bom.

Somente vocêWhere stories live. Discover now