Parte 01

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Jasmine Pirce | Los Angeles

Naquela noite eu não dormi, não me deitei, nem se quer consegui pensar em outra coisa, a não ser chorar, sentada no sofá da nossa imensa sala, que agora parecia ser maior ainda, não podia acreditar que minha mãe havia mesmo falecido, que tudo aqui...

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Naquela noite eu não dormi, não me deitei, nem se quer consegui pensar em outra coisa, a não ser chorar, sentada no sofá da nossa imensa sala, que agora parecia ser maior ainda, não podia acreditar que minha mãe havia mesmo falecido, que tudo aquilo estava acontecendo comigo, que nossa casa será leiloada ao banco e pior ainda, eu nunca mais vou ver a minha mãe. Nego ao me lembrar do enterro , ela que sempre foi tão cheia de amigos, que conhecia tanta gente, que não podia ir no mercado que dava oi para mais de vinte pessoas, teve uma morte tão repentina, com um velório que ela não merecia, não havia ninguém ali, não tinha seus amigos, seus conhecidos, ninguém... o que me mostrou que não vale conhecer muitas pessoas, se não forem realmente seus amigos. No final, não terá ninguém.

Mordo meu lábio ouvindo os passos na escada e seco o rosto, ao ver que Betânia, nossa vizinha, já havia arrumado o quarto da mamãe como pedi pra ela.

— Eu fiz suas malas — ela diz e eu olho pra ela e nego.

— Eu não me decidi ainda — digo fungando o nariz.

— Jasmine — ela diz descendo a escada — é sua chance de sair dessa cidade, de tentar viver melhor.

— Betânia, eu não quero viver melhor, minha vida era ótima, e não vejo nada de errado com essa cidade.

— Sua vida era boa — ela concorda se sentando ao meu lado — mas sua mãe se foi, e você não pode ficar sozinha. Essa casa irá ser vendida em breve, sabe disso.

— Eu sei, vão pega-lá como pagamento de todas as dívidas — digo soltando uma lufada de ar.

Em pensar que minha mãe sempre ficava preocupada em pagar cada conta, para no fim ela ter tentado e lutado tanto, e no fim, sua casa ir para o banco.

— Você só tem dezessete anos — Betânia mexe em meu cabelo — tem uma vida enorme pra viver, tenho certeza que seu irmão irá cuidar de você. E tem o seu pai também que...

— Eu não o vejo a cinco anos — murmuro já negando.

Meu pai e minha mãe nunca foram um casal, o que faz dele um desconhecido pra mim, já que ele nunca me procurou, e quando eu o via era apenas por "coincidência". Já que o meu irmão mais velho as vezes dava um jeito de me visitar, e eu acabava que tendo o desprezo de ver o "meu pai" no ambiente que o Ryan me levava pra passear. Mas ele nunca fez questão de me conhecer de verdade, de falar comigo, a não ser um "Oi".

— Você e seu irmão se dão bem, Josi sempre dizia isso — Betânia sorri e eu concordo.

— Ryan é um bom irmão — digo molhando os lábios.

Eu e Ryan fomos separados a vida toda, já que minha mãe engravidou de mim quando ele tinha 8 anos, e eu e ele não tínhamos contato. Isso até os doze anos, quando nos conhecemos, no natal. Meu pai visitou minha mãe para alguma coisa, e eu me lembro como se fosse hoje, o que aquele natal se transformou. Olho pra minha mão fazendo Betânia me olhar sem entender, e molho os lábios notando a cicatriz na palma da minha mão.

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