Amor e Império

Parte 03

Jasmine Pirce | Atlanta

Noite passada consegui dormir por quase seis horas, confesso que o remédio ajudou, mas acordei bem cedinho, saindo da cama de pijama descendo a enorme escada procurando o Ryan, já que não o encontrei em seu quarto. Mas vi o bilhete sobre o balcão da cozinha ao lado de uma cesta de café da manhã.

     " Não me espere para o almoço, peça algo em um restaurante e se alimente beleza? Logo estarei em casa, se cuida princesa"

Molho os lábios e puxo as mangas da blusinha de frio, deixando o bilhete sobre o balcão, pegando apenas uma maçã, indo até o sofá mordendo a maçã, pegando o controle da grande televisão, a ligando, colocando em qualquer filme que apareceu nela.

E fiquei por ali por quase meia hora, até meu celular tocar, com o funcionário do banco da minha mãe ligando, perguntando se eu gostaria de falar com o comprador da nossa casa, mas eu apenas disse que não, e ele desligou. E como sempre, a minha mãe voltou em minha mente, me fazendo ficar triste novamente, por sentir sua falta.

Desliguei a televisão e subi a escada para o quarto novamente, prendi o cabelo no alto, arrumei a cama e fui direto para o banheiro, tomando um banho longo, ouvindo a campainha alta do Ryan, que parecia mais um tipo de ruído de furadeira, que coisa estranha. Coloquei a toalha no cabelo e me sequei rapidinho, vestindo uma camisa minha vermelha e um short, soltando o cabelo depois de pentea-lo rapidamente e desci a escada quase correndo.

Caminhei até a porta notando que não tinha maçaneta, e encarei o aparelho ao lado confusa e cliquei no botão verde fazendo a porta abrir.

Tendo a visão de um homem alto, usando um terno preto, cabelo alinhado, barba bem feita e um olhar estranho, ele franziu o cenho e me encarou de cima abaixo.

— Não sabia que Ryan curtia ninfetas — ele diz rindo de canto e eu franzo o cenho confusa.

— Ryan não está — digo e ele me olha de cima abaixo e eu me sinto estranha e engulo seco — quer que eu ligo pra ele?

— Eu faço isso — ele diz pegando o celular do bolso, e digita rapidamente ainda me olhando, e eu me afasto da porta tentando abaixar um pouco a camisa me sentindo desconfortável e ele percebe isso e para de me encarar.

— Onde está? Não, não resolvi essa merda ainda — ele diz sério e me dá uma leve olhada — estou no seu apartamento, tem uma gracinha impedindo minha entrada. Oque? — ele meio que ri e concorda ao me olhar, e desvia o olhar — Porra! — ele continua rindo e passa a mão na nuca — Beleza, não demora.

— Ele está vindo? — pergunto e ele concorda guardando o celular no bolso — É amigo dele?

— Digamos que sim — ele responde rouco.

— É... entra então — digo saindo da frente dele, abrindo mais a porta e ele ri de canto concordando aí entrar, com suas mãos enfiadas no bolso de seu terno.

Tiro o cabelo do rosto, e vejo ele caminhar até o sofá, onde se senta me olhando, só que bem menos estranho, e eu vou até a cozinha pegando um copo de água, bebendo e olhando ele disfarçadamente enquanto ele mexe em seu celular.

E Ryan demorou mais de cinco minutos pra chegar, o que me deixava incomodada com aquele homem ali na sala, me olhando a todo minuto.

— Então é filha do Pirce — ele diz e eu me ajeito no sofá ainda com a almofada sobre o colo.

— Irmã do Ryan — o corrijo, evitando falar que sou filha daquele homem.

— Ryan me disse sobre isso — ele diz sorrindo fraco e eu franzo o cenho.

— Sobre isso? — pergunto confusa e ele molha seus lábios ao concordar.

— Em não curtir muito o seu pai — ele diz me deixando desconfortável e eu desvio o olhar e por sorte Ryan entra no segundo seguinte.

Seu amigo logo guardou o celular e meu irmão sorriu pra ele jogando as chaves na mesa, mas logo ao notar que eu estava aqui ele meio que desfez o sorriso.

— Seu amigo estava te esperando — digo ao me levantar e Ryan assente.

— Vejo que conheceu o Carter — Ryan diz e eu molho os lábios olhando de relance para o homem que se levanta do sofá.

— Simpática ela — ele diz rouco, só não sei se ele estava sendo sincero ou estava me zombando.

Pelo sorriso em seu rosto, creio que seja a segunda opção.

— Eu vou subir tá? — digo ao Ryan e ele concorda e eu olho para o amigo dele antes de sair e caminho até a escada, onde a subo ouvindo os dois conversarem, só não entendo sobre o que se tratava. Mas não faço questão de ouvir.

•••

Depois de vestir uma calça de moleton, me joguei na cama, ficando ali procurando alguma série em meu notebook, até Ryan entrar em meu quarto me fazendo tirar os fones.

— Tudo bem? — ele pergunta e eu concordo — Vi que não almoçou.

— Não estou com fome — digo e ele nega enfiando as mãos no bolso.

— Eu estou, e como tive que cancelar minha cozinheira, que tal irmos comer fora?

— Seu amigo já foi embora? — pergunto e ele franze o cenho e concorda.

— Já.

Molho os lábios e concordo em sair com ele pra almoçar, e coloco só uma sandália no pé e saio daquele jeito mesmo, não estava tão mal vestida assim. E no carro vejo que Ryan estava meio que pensativo demais.

— O que você e Carter conversaram? — ele pergunta e eu olho pra ele surpresa pela pergunta.

— Não conversamos — digo dando de ombros — ele só perguntou por você e entrou, pra te esperar.

— Entendi.

— São mesmo amigos? — pergunto e ele concorda.

— Sim, só que ele também é meu chefe — ele diz e eu franzo o cenho surpresa.

— Eu nunca perguntei, mas... em que você trabalha?

Ryan não me responde, apenas estaciona e me olha de lado dando aquele sorriso divertido dele.

— Tá afim de comer churrasco? Por que eu estou com uma fome do caralho — ele diz todo animado e eu rolo os olhos rindo da forma feia que ele fala e saímos do carro, e confesso que deu fome.