Apolo meu chefe mentiroso.

01 | Pouco Gentil

~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

Se tem uma coisa nessa vida que eu sou péssima, é quando se trata de encontros e relacionamentos, somos como água e óleo, não se misturam. Tanto tempo amarrada a alguém, cinco anos da minha vida perdidos, um namoro insatisfeito, tóxico, cheio de mentiras, brigas e um mal sexo.

Agora, depois quase quatro anos solteira, livre, leve e solta, linda, vestida com um dos meus melhores vestidos e com as minhas belas pernas lisas com a depilação perfeita que fiz - infelizmente desperdiçada - estou em um encontro inacreditavelmente péssimo.

O cara que venho conversando a uma semana por mensagem, me convidou para um restaurante super chique, até ai tudo bem. Porém ele abriu a boca para falar. Foi então que eu percebi a decisão errada que tomei vindo para esse jantar. Ele não para de falar de quão mimado ele é pelos seus pais, de videogames e Harry Potter - nada contra, eu até que gosto do filme - mas esse homem é fascinado e eu não entendo nada, ele não me deixa falar. Se eu disse três frases, foi muito.

Quando ele fez uma colocação super machista de como nunca lava suas roupas porque tem uma mulher que faz isso, não aguentei e tive que me retirar da mesa. O cara não lava as próprias cuecas freiadas de bosta e quer ter alguma coisa comigo? Para mim não dá. Não dá mesmo.

Nesse momento estou no corredor do banheiro tentando fazer uma ligação para deus e o mundo para me salvarem.

- Anda Lissa, me atende. - Bato o pé impacientemente no chão, esperando que Melissa, minha amiga, me atenda.

Infelizmente sou totalmente ignorada. Resolvo deixar uma mensagem de voz, assim se ela pelo menos visualizar, me retorna depois.

- Eu não sei porquê você tem celular Lissa, quando eu mais preciso, você não atende a merda do celular. Se você pudesse me ligar de volta e inventar qualquer coisa para me tirar desse encontro horrível que estou agora, eu agradeceria imensamente e te pagaria uma cerveja bem gelada. - Áudio enviado.

Depois da mensagem enviada, disco outro número, a minha única esperança, Jenna Stevens, minha amiga que divide o apartamento comigo, ela é enfermeira e sempre foi a minha salvadora nessas horas.

- Vai amiguinha do meu coração atende, por favorzinho. - Primeiro toque, segundo toque, terceiro, quarto e quinto. Tento novamente, mas nada, tento só mais uma vez e nada.

Pelo visto ela também não irá me atender, assim como fiz da última vez, deixo uma mensagem de áudio para ela.

- Jenna, pelo amor de deus. Onde você se meteu garota? Eu preciso muito, muito de você. Adivinha, estou em um encontro horrível, mas esse com certeza é o pior. O cara é geek, tipo nível extremo, desde a hora que chegamos ele não para de falar dos videogames que ele tem em casa e de Harry Potter. Por um momento achei que estava conversando com um adolescente de 15 anos.

Envio o áudio para fazer outro, por que ninguém merece ouvir áudio de mais de um minuto.

- Teve uma hora que ele parou de falar de coisas de nerd para falar da ex, depois das cuecas freiadas que ele não lava. Eu estou no limite. Se você não querer que sua grande amiga seja sua próxima paciente, porque estou quase dando um tiro no meio da minha testa, então é melhor você me atender, tipo agora!

Finalizo o áudio e mando para ela, desligo o celular e bufo, frustrada com a minha vida patética. Penso bastante em não voltar para a mesa e fingir uma diarreia ou sei lá.

Tento só pela última vez ligar para Jenna, pois tenho certeza que ela está em casa, ele me avisou que não iria trabalhar hoje. Meu coração até se alegra quando ouço sua voz do outro lado na linha.