47 | Eu não o odeio

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~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

- Tudo bem aí? Você pode entrar agora, Camille? - Anabel aparece atrás de nós perguntando.

- É...

- Ela pode sim, agora ela pode. - Apolo responde por mim.

- Aconteceu alguma coisas? - Anabel questiona preocupada.

- Aí essa mulheres, se preocupam tanto com aparência, como se fossem reparar no seu batom fraco ou na sua bochecha que não está rosada o suficiente. - Apolo revira os olhos. - Vou voltar agora, esse leilão eu não perco por nada. - Ele diz e pisca para mim e Anabel antes de sair da sala.

Ela não pergunta mais nada, parece satisfeita com a resposta de Apolo. Ele me salvou. Mais uma vez.

- Então vamos? - Anabel pergunta. Eu confirmo com a cabeça.

Da porta a vi pegar o microfone e olhar em um papel, meu estômago revirou, eu estava mais tranquila, não tremia mais como antes - graças a Apolo - mas ainda estava nervosa e apreensiva com o que ela iria falar. Esse sentimento piora quando meu nome é chamado.

Eu respirei fundo, é apenas um leilão, eu não vou precisar falar nada se eu não quiser. Estão que mal há? Respirei fundo e esfreguei as mãos uma contra a outra como se quisesse aquece-las, depois soltei-as ao lado do corpo e coloquei um sorriso no rosto. Pronta para entrar no palco.

Sou recebida com aplausos e até alguns gritos e assobios, fiquei um pouco surpresa com a reação da plateia. Mas um sentimento, um pequeno sentimento aqueceu meu coração com a sensação de que eles gostaram de mim. Eu esperava risadas, eu esperava a pior reação possível, mas não aconteceu, foi totalmente o contrário e eu sorri de verdade.

- Mais aplausos para nossa anfitriã, pessoal! - Anabel pediu, também aplaudindo, a plateia segui logo atrás. Sorri sem graça e sem jeito. - Camilla Clarck, vinte e três anos, a caçula da turma, gente. - Comenta achando bonitinho eu ter apenas vinte e três anos. - Braço direito do dono da Empire Fashion... - Todos parecem ficar surpresos com a menção da empresa onde trabalho. - Organizadora de eventos e desfiles. Com apenas vinte e três anos, pessoal. - Anabel vai fazendo seus comentários conforme lê o papel que está em sua mão.

Se bem que muita coisa foi aumentada, não sou bem braço direito de Apolo, sou sua assistente e não organizo os grades eventos, sou responsável por coisas pequenas, tipo checar se o lugar do meu chefe está garantido e se ele terá água para beber. Coisas simples, não é como se eu estivesse envolvida em tudo.

- E estilista da Empire Fashion, inclusive esse vestido que ela está agora foi ela mesma que fez, gente, por favor, palmas para essa garota talentosa! E ela só tem apenas vinte e três anos e faz tudo isso.

Como ela sabe disso? Ou melhor, o que ela falou está escrito no papel? Não é possível! Não sou estilista da Empire Fashion, deve ter tido algum engano, certeza que essas informações Apolo que deu, mas isso...? Estou confusa. Só dei minha opinião sobre roupa umas três vezes apenas, mas isso não me torna estilista da empresa. Enfim, não desminto. Apenas recebo os aplausos e os assobios com um sorriso sem graça.

- Sua maior qualidade é o carisma, gosta de animais e canta nas horas vagas. - Como é que é?

Franzo o cenho na hora quando ouço a parte "canta nas horas vagas", Apolo deve ter feito isso de propósito, ele sabe que eu canto mal para um caramba. Olho para o mesmo que está no mesmo lugar de antes, ele tem um sorriso travesso e siníco no rosto, lhe encaro como se meus olhos pudessem dizer: "Eu vou matar você, filho da puta!".

Tomara que Anabel não me peça para cantar, aí sim eu passaria vergonha. Gosto de cantar, canto no chuveiro, enquanto trabalho, enquanto faço os afazeres de casa e, principalmente, quando estou costurando - que é a minha maior diversão - mas eu tenho o senso de saber que eu sou muito ruim nisso. Se eu vivesse da minha arte da cantoria, eu passaria fome.

Apolo meu chefe mentiroso.Where stories live. Discover now