56 | Noite difícil

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~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

Confesso que estava com apavorada, mesmo não demonstrando, mesmo que por fora eu parecia estar tranquila, calma e serena, por dentro eu estava aflita. Estava com medo. Medo daquele homem voltar, medo de acontecer de novo, medo de alguém invadir meu apartamento de novo, medo de ficar sozinha...

Aquele tempo feio que se formou, não ajudava. Eu sabia que eu passaria a pior noite da minha vida desde que me mudei para Los Angeles. Mas então Apolo me ofereceu a sua casa, no fundo ele sabia como eu estava me sentindo e não mediu esforços para tentar me fazer relaxar. Apolo me fez rir, me fez esquecer do que aconteceu, me tranquilizou.

- Vai me dizer que você tá pensando ir de Los Angeles até a Geórgia de ônibus ou carro? - Ele pergunta incrédulo. - Se for, você irá sozinha, eu não ando de ônibus e não vou passar quase dois dias num carro.

Eu reviro os olhos. Havia me esquecido com quem estava falando.

- Podemos ir no seu jatinho, se isso te conforta. - Dou um gole do meu suco.

- Conforta.

- Mas você não irá alugar carro nenhum. Vamos aceitar a carona dos meus pais, vamos pegar táxi, vamos andar de a pé, como um casal normal que fingiremos ser.

- Por que tenho que aceitar seus termos sendo que é de mim que você precisa?

- É de mim que você precisa para ficar mais famoso. Estamos quites, querido. - Dou um sorriso falso e coloco um pedaço de panqueca na boca.

- Ok. - Ele parece aceitar as condições que se encontra.

- Podemos marcar um dia especificamente para falar disso, você precisa estudar sobre mim. Pois eu já sei tudo sobre você. - Digo convencida. - Agradeça por eu ser uma boa secretária.

- Isso não é problema. - Diz tranquilamente, como se já soubesse muita coisa de mim. - Só preciso saber sobre sua família.

- Ah é? - Levanto as sobrancelhas. - Minha cor preferida? - Assumo aquilo como desafio.

- Laranja ou amarelo.

- Isso eu já te disse, então não vale.

- Sua bebiba preferida é frappuccino e suco de laranja, você é alérgica a granola e amendoim, pois não come os biscoitos das reuniões que temos, você meio que evita ficar perto deles. Sua cantora preferida é Lana Del Rey, já sei a letra de todas as músicas de tanto que ouço você cantando, seu doce preferido é torta de pêssego, apesar de eu ver você comendo muito chocolate. Você tem um pode escondido na sua sala onde quarda bombom. Comida salgada... eu diria que é HotDog, tem que ser os de rua. Você olha pro chão quando está mentindo, mexe os pés ou as mãos quando está ansiosa ou nervosa, cora quando está com vergonha ou... excitada.

A última parte me pega de surpresa.

- Como você sabe... - Iria perguntar, mas era óbvio ele saber, tão claro quando a água. - Deixa para lá. - Coro. Odeio quando isso acontece. - Lana Del Rey é cultura.

- Não julguei seu gosto musical, apesar de seu toque de celular ser um exagero.

Um trovão ecoa pela cozinha, tão forte que sinto o chão e o balcão tremer. Junto com ele, vem um pancada de chuva, eu me assusto, pois foi de repente.

- Meu deus! - Coloco a mão no peito.

- Parece que o céu irá cair essa noite. - Ele olha para a janela que vai do chão até o teto da cozinha.

Realmente, Zeus parece estar zangado com os humanos da terra.

- Não gosto muito de tempos assim... - Comento, Apolo olha para mim.

Apolo meu chefe mentiroso.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora