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~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

Foi assim que entrei na Empire Fashion e estou à mais de um ano, achei que seria demitida, e bom, eu não fui, parece que me mostrei ser uma pessoa eficiente na minha função como secretária. Achei que em algum eu me jogaria do último andar do prédio - vontade é que não me faltou - muitas vezes eu já pensei em fazer isso, mas tenho contas para pagar.

Também pensei que Apolo tornaria a minha vida um inferno, devo dizer que trabalhar com ele é o verdadeiro inferno, eu não o suporto e não tenho a menor vergonha de demonstrar isso. E ele ama fazer comentários desnecessário sobre o dia do meu encontro sempre que pode, por que sabe que não vou retruca, pois ele é meu chefe.

Nesses um ano e três meses que estou aqui, percebi que Apolo consegue ser mais arrogante do que minha cabeça já chegou a imaginar, ele é mandão, e tem a síndrome de superioridade. Em questão ao trabalho, ele é extremamente profissional - tirando a parte que sempre tenta me provocar de algum jeito.

As vezes imagino eu furando os olhos dele com um de seus lápis bem pontudo que ele sempre deixa espalhado pela mesa e a otária aqui que sempre tem que recolher todos. Qual a merda da dificuldade de guardar os lápis em seu devidos lugar? E qual a necessidade de espalhar todos, sendo que ele utiliza apenas um?

Apolo é um bom chefe - as vezes - e um bom empresário, porém no quesito organização ele é uma negação completa. Ele deixa arquivos espalhados, mistura os que devem ser guardados e os que precisam ser descartados, junto com outros documentos importantes. E adivinha quem tem que separar tudo novamente?

Ora, ora, ora.
Será eu?

Fora que qualquer mínimo atraso ele sempre faz questão de jogar na minha cara como eu não preto atenção nos horários, e sempre diz:

- Isso será descontado no seu banco de horas e do seu salário. - Diz ele, com aquela voz arrogante e fria dele.

- Mas foram cinco minutos. Foi o elevador que demorou. - Tento me justificar.

Mas realmente, eu sempre chegava no horário certo, o que me atrasava era o maldito elevador, por que as pessoas não usam a escada de emergência e deixa o elevador para quem precisa?

- Não coloca a culpa no elevador para sua falta de disciplina, senhorita Clarck. - Ele me encara, com os braços cruzados, sentado em sua cadeira preta de couro, imaculado.

Bufo.

Certeza que devo estar vermelha nesse momento de raiva. Respiro fundo para não tacar o copo de café do Starbucks - que tive a decência e a gentileza de pegar para ele - naquela roupa perfeitamente passada, sem nenhum amassado.

- Isso não vai mais acontecer. - Me aproximo e deixo o café na mesa dele.

Nem um "obrigado" eu recebo, pelo contrário...

- Você disse isso semana passada.

Semana passada meu carro estragou, na anterior peguei um trânsito horrível. Aliás esqueci de mencionar que comprei um carro.
Dou as costas para sair daquela sala com uma tensão caótica e extremamente desagradável.

- Se aumentasse meu salário e colocasse elevadores melhores isso não aconteceria. - Murmuro baixinho antes de sair.

- O que disse? - Ele me olha com aquela cara amarrada e as sobrancelhas arqueadas.

- Disse que daqui a pouco vou passar sua agenda da semana. - Dou um sorriso falso e saio da sala direto para a minha.

Assim que me acomodei na minha sala - a que fiz questão de mudar tudo o que eu tinha direuto para deixar mais a minha cara - já que Peter me deu total liberdade para isso. Coloquei algumas flores, uma foto retrato meu na minha mesa com estrelinhas na borda, coloquei um boneco miniatura do Bob Esponja de enfeite, canetas e marca texto colorido e muitos post-it - sou viciada em objetos de papelaria - tenho um quadro cheio deles, com coisas importantes que tenho que lembrar. Fora a minha agenda, que tem o tema das pinturas de Van Gogh.

Apolo meu chefe mentiroso.Where stories live. Discover now