46 | Pânico

6.3K 757 178
                                    

~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

Como se já não fosse suficiente mentir para mim, Apolo faz eu passar por essa humilhação, ele tá achando que isso virou o quê? O filme das Branquelas? Eu sou a Tiffany e ele o Latrell? Pelo amor de deus! Anabel, eu te amo, amei te conhecer, você é um amor de pessoa, mas te odeio por ter tido essa ideia ridículo e ter posto Apolo no meio disso tudo e de forma inconsciente, eu também.

Anabel me levou até um tipo de sala que tinha uma porta que dava direto para o palco improvisado, de frente para ele, já havia muitas pessoas sentadas em cadeiras. Acho que eles leiolaria outras coisas também, já que havia casais com placas que continha um número, acredito que era para identificar o comprador.

Na sala também tinha algumas pessoas, mais homens, de idades diferentes, o mais velho parecia ter seus cinquenta anos, mas estava bem conservado, de mulher havia apenas eu e uma outra, que puxou assunto comigo, sobre como esse leilão vai ajudar as pessoas que precisam e ainda os solteiros sairão ganhando. Não sei como posso sair ganhando nisso? Como que ser leiloada como gado pode me ajudar na minha solteirice?

- Boa noite pessoal! - Anabel cumprimenta usando o microfone no pedestal que está bem no canto do palco.

A frente dela há um púlpito de madeira com um martelo de juiz em cima, para ela dizer quando eu estiver lá: "Vendida! Para aquele negão bem ali." Porém será: "Vendida! Para aquele cretino e mentiroso bem ali."

- Obrigada por virem... - Ela começou seu discurso de como a presença de todos é importante para ela e que isso significa muito. Enfim, aquele papo rotineiro de todo discurso. - Sei que muitos de vocês estão ansiosos para ele leilão, não é mesmo solteiros e solteiras?! - O povo que se identificou gritou.

Lá da porta olhei para a plateia, sem que minha presença fosse notada. Mas não olhei a penas por olhar, porque estava curiosa ou interessante em quem gritou quando Anabel perguntou quem estava solteiro, na verdade eu olhei na procura de um par de olhos castanhos, aqueles que eu odeio tanto. Nem tanto assim. Hoje especialmente não odeio aqueles olhos. Mas não posso dizer o mesmo da pessoa que os tem, porque quero mata-lo.

Inspeciono melhor o ambiente, com mais cautela, seria impossível achar Apolo no meio de tanta gente se eu não fizer com calma, eu preciso saber que ele está ali, preciso saber que ele vai cumprir o que disse, preciso encontrá-lo para poder me sentir mais tranquila. Por que querendo ou não, nesse momento estou em suas mãos, preciso confiar nele, Apolo é um homem de palavra, nunca o vi fraquejar em suas promessas, ele sabe o que faz e o que diz. Ele é seguro de si, e eu admiro isso nele.

Então lá estava ele, em seu smoke azul marinho, bem no fundo e em pé, esplêndido e oponente, com as mão no bolso, mantendo sua postura ereta e imaculado, sempre com a cara fechada. Um carrancudo. Ele prestava atenção nas palavras de Anabel, mas eu estava ocupada de mais para prestar atenção no que ela dizia. Em uma de suas mãos ele segurava uma plaquinha. Eu nunca tinha reparado em como ele fica bonito concentrado em algo, olha que já o vi assim muitas vezes.

De repente, de longe, seus olhos encontram os meus, suas expressão se suaviza quando olha para mim, ele não tem mais as sobrancelhas unidas e o maxilar travado, seu semblante é sereno olhando para mim. Por alguma motivo eu não desvio o olhar e nem ele. Eu não consigo explicar, mas alguns minutos atrás eu estava nervosa, até um pouco trêmula por estar participando disso, mas seus olhos me tranquilizaram. Era disso que eu precisava. Precisava que ele olhasse para mim, eu precisava olhar para ele, eu precisava saber que ele estava ali.

- Então solteiros e solteiras, estão prontos? - Mais gritos de um "sim" em uníssono. - Vamos começar o nosso leilão. Que entre o primeiro solteiro, Kevin!

Apolo meu chefe mentiroso.Where stories live. Discover now