64 | Assumir

7.2K 773 243
                                    

~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

Como sempre, o time do noivo acabou ganhando e o time da noiva perdendo feio. Cheguei na minha sétima ou oitava bolinha de chocolate - que alias, estava bem crocante - eu já estava aguentando mais. O único que conseguiu comer tudo foi Aidan. Apolo não aguentava ver mais chocolate na sua frente. As meninas estavam passando mal. E eu estava me sentindo inchada, o que não é normal já que eu nem comi tanto. Não fico cheia facilmente. 

Quando me sinto inchada, ou quando minhas bochechas formigam, é porque comi algo que não deveria, normalmente, algo que sou alérgica. Mas sou alérgica a camarão e a granola, eu comi apenas chocolate. E ele não tinha camarão no chocolate, porque não tinha gosto de peixe. A não ser que...

- Sério, não acredito que perdemos de novo! - Vanessa, minha prima, esbraveja.

Apolo, eu e minha prima éramos os excluídos. Na verdade, até parece que preferíamos assim, do jeito que estava. Era muito melhor ficar separados do que se misturar com pessoas inconvenientes. Nem a família escapava desse grupo. Vanessa era a única da parte da família do meu pai que eu me dava bem.

- Eu só queria que essa palhaçada acabasse logo. - Digo.

- Qual é a próxima brincadeira? Vamos pular amarelinha? - Apolo pergunta sarcasticamente. Mas vinda da Aisha não de se duvidar.

- Vamos pular corda. - Respondo. Vanessa e ele ri.

- Deixando bem claro que eu vim porque minha mãe me obrigou e porque sou madrinha. 

- Quem é seu par? - Pergunto.

- Nate. - Ela diz com desdém e revira os olhos. Eu faço cara de nojo.

- Aquele com cara de pomba atropelada? - Apolo pergunta olhando na direção do mesmo.

- Ele mesmo. - Vanessa faz uma cara de tristeza.

- Ele era mais bonito na adolescência, não sei o que aconteceu. - Digo.

Alguns minutos sinto algo diferente em mim, a sensação de estar inchada aumentou, não só isso, mas meu estômago parece protestar. Alguma coisa que comi está querendo voltar no meio do caminho. Esse não é um bom sinal. Não é um bom sinal.

- Com licença, vou ao banheiro. - Peço.

- Fique a vontade. - Vanesssa diz.

- Tudo bem, amor? - Apolo pergunta como se notasse que tem algo errado comigo. 

Eu ainda tenho que me acostumar com a ideia dele me chamando de amor perto dos outros. 

- Sim, eu só vou usar o banheiro. Quer saber o que vou fazer lá? - Pergunto ironicamente e saio rindo pra que ele não faça mais perguntas. 

Entro na casa daquela caracará e começo procurar a porta de um possível banheiro, assim que o encontro, entro rapidamente. Olho meu reflexo no espelho da parede, estou vermelha, muito vermelha na verdade, principalmente na região do pescoço, mas não inchada.

Pode ser apenas um mal estar.

Molho meu rosto e a nuca para ver se aquela sensação passasse, seco-me com uma toalha e nada. Não aconteceu nada. Estou a mesma coisa, nada melhorou. Então sento-me no vaso sanitário e curvo a minha cabeça, inspiro e expiro bem fundo várias e várias vezes, fico daquele jeito por uns longos minutos.

Ao invés de melhorar, fico tonta e sinto uma vontade imensa de vomitar. Imediatamente deixo de ficar sentada e me ajoelho, enfiando a cara no vaso e vomito até as minhas tripas. Sinto dor, sinto muita dor de tanto que vômito. Nunca vomitei tanto na minha vida, a última vez que isso aconteceu foi quando comi granola, sou extremamente alérgica a esse alimento.

Apolo meu chefe mentiroso.Where stories live. Discover now