23 | O Bar

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~𝒜𝓅ℴ𝓁ℴ

Comecei a me arrumar para ir embora assim que terminei meus afazeres, na verdade, não terminei, sempre há algo para resolver na empresa, mas se eu for ficar para fazer tudo, fico eternamente lá, sem voltar para casa, sem dormir. Na maioria das vezes eu sou o último a sair, não gosto de deixar nada acumulado e se eu puder, ainda trabalho em casa.

Peter foi para sua casa cedo se arrumar, já eu, saindo da empresa irei direto para o bar, sem ao menos tomar um banho digno ou trocar o terno. Mikael mandou uma mensagem dizendo que já estava indo, provavelmente, Peter também já está a caminho.

Pego meu carro, uma BMW i8, no estacionamento da empresa e arranco-o de lá. Não leva nem quinze minutos até eu chegar, já que não peguei transito nenhum. Estaciono meu carro em frente ao bar, antes de entrar, tiro meu terno e a gravata, ficando apenas com a camisa branca. Estava um pouco calor então puxei um pouco as mangas até os cotovelos.

- Mais um minuto aqui esperando e eu iria em bora. - Diz Mikael, quando me aproximo da mesa com quatro lugares.

- Você está aqui desde que horas? - Pergunto.

- Desde as oito, como eu havia falado. - Responde.

- Eu cheguei apenas cinco minutos atrasado. Não exagere. - Puxo uma cadeira e me sento.

- Algum sinal do Pequeno-Turco? - Pergunta sobre Peter.

- Não, não falei com ele, desde a hora que saiu da empresa. - Respondo.

Alguns minutos de conversa jogada fora - quase desistindo de esperar por Peter e começar a beber - começo a perceber que Mikael está olhando muito por cima do meu ombro, alguma coisa chamou sua atenção. Muito difícil adivinhar o que seja, já que ele é quase um enigma. Eu chutaria que é alguma mulher muito bonita usando trança.

Mikael não é uma pessoa paqueradora - apesar de não faltar mulher na cola dele - ele vive viajando e mal tem tempo para si mesmo, pois foca muito em seu trabalho - como eu - além do mais, Mikael é muito reservado, e não gosta de ter a fama de paquerador desde que o conheço. Mas se passa uma mulher de pele escura com cabelo cacheado ou com tranças perto dele, o mesmo quase quebra o pescoço para ficar olhando.

- O que você está olhando tanto, Super-Ball? - Pergunto.

- O quê? - Ele franze o cenho.

- A cada quinze segundos você olha por cima do meu ombro, o que tem de tão interessante lá atrás?

- Não sei do que você está falando. - Ele balança a cabeça em negação e ri.

- Uhum, sei. - Arqueio uma sobrancelha.

Já que ele se recusa a dizer a verdade, viro-me procurando o que deve ter atraído sua atenção. Meus olhos passeiam pelo bar, olhando cada rosto, não há tantas pessoas, muito menos mulheres atraentes. Então meus olhos caem sobre uma mesa específica.

Inconscientemente meu corpo reage de uma maneira estranha, viro para frente novamente, alisando meu cabelo - que provavelmente, deve estar todo espetado - arrumo minha camisa, sendo que não há nada para arrumar nela. Tento agir naturalmente, como se eu não tivesse visto nada de mais, ninguém importante.

- Minhas funcionárias estão aqui também. - Digo, em um tom normal, sem expressar nenhum reação eufórica.

Ele olha de novo.

- É eu vi. - Ele diz, sem expressar nenhuma reação aparentemente. - Parece que vão beber sozinhas.

- É... acho que sim. - Digo, parecendo não me importar.

Apolo meu chefe mentiroso.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora