66 | Toalha

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~𝒜𝓅ℴ𝓁ℴ

Camille paralisa na minha frente, é quando eu me arrependo das palavras que saíram da minha boca, eu não pensei para dizê-las. Mas me irrita o fato dela nunca perceber minhas intenções, eu nunca fui tão gentil com alguém como sou com ela, nunca fui tão protetor como sou com ela, e nunca me importei tanto com alguém, como me importo com ela.

No entanto, o sentimento não parece ser recíproco, eu já fui praticamente abandonado no altar, não deveria ter esse sentimento por alguém e expressar tão cedo. É nítido que vou quebrar a cara novamente, as coisas vão se tornar estranhas entre a gente. Eu até entendo, sou o chefe dela, e ela só pensa na porra da carreira dela. Não a julgo.

- Eu... - Camille não consegue dizer.

- Merda, não deveria ter dito isso. - Abaixo a cabeça e passo as mãos no meu cabelo, jogando-o para trás. - Estou tão confuso quanto você. Você me deixa confuso, Camille. Não sou assim, você entende? Eu não... não demonstro sentimentos, eu não me apego. Eu transo sem compromisso, quer dizer, eu costumava transar sem compromisso, eu não passo uma semana na casa da família de uma mulher, eu não deixo que ninguém saiba da minha vida pessoal, você me faz fazer coisas, me faz falar coisas que antes eu falaria ou faria...

Na mesma hora a médica que atendeu Camille entra no quarto e me interrompe.

- Boas notícias senhorita Clarck, você poderá ir para casa. - Ela diz com um sorriso no rosto, Camille pelo contrário não demonstra animação por poder sair do hospital.

- Que boa notícia. - Respondo por ela.

A volta para casa é silenciosa, a postura de Camille depois do que disse, foi a resposta que bastou para mim. Me arrependo com todos as forças de ter admitido alguém que tanto evitei sentir. Logo as coisas mudaram entre nós, ela irá me evitar e em breve nem amigo mais seremos.

O que eu fiz?!

Agora, o máximo que posso fazer é dar espaço para que ela possa digerir toda a situação e torcer para que ela sinta o mesmo ou diga que gosta de mim de mim apenas como amigo. Isso para mim seria o suficiente. Não gosto apenas do físico dela, gosto de sua companhia, da sua amizade. Gosto de estar com ela.

Depois do meu banho tomado, peguei minhas coisas e fui dormir no sofá da sala, já é difícil ter que conviver na mesma casa, ainda faltam alguns dias até irmos embora, então será menos complicado se eu não passar essas últimas noites na mesma cama que ela.

- O que está fazendo? - Camille pergunta, ao sair do seu banho e dar de cara comigo arrumando o sofá.

- Irei dormir aqui. - Respondo.

Evito olhar para ela.

- Apolo você não precisa fazer isso.

- Vamos fazer o seguinte, Camille. - Olho para ela. - Finja que eu nunca nada. Eu estou cansado desse joguinho. A gente se odeia, ma se beija no banheiro, nós somos chefe e funcionária mas quase dormimos juntos, nós brigamos, mas depois somos amigos.

- Apolo... Você não entende... - Corto ela

- Já sei, já sei. Você não quer arruinar sua carreira e eu serei a porra do motivo de você ter subido de cargo. Eu já entendi. Entendi que você é uma covarde, a verdade é que está presa no passado, não tá pronta para seguir em frente. Tenha uma boa noite Camille. - Deito-me no sofá e me cubro, espero que a conversa se encerre ali.

No dia seguinte, acordei bem cedo, antes mesmo do sol começar a nascer e fui correr um pouco, gastar as energias que estavam acumuladas e pensar um pouco. Talvez expressa meus sentimentos tenha sido um erro. Um erro que eu cometi outra vez.

Apolo meu chefe mentiroso.Where stories live. Discover now