62 | Preciso parar

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~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

- Olha vocês aí! O que é isso? - Minha mãe pergunta confusa ao nos ver na porta de sua casa.

- Amanhã terá outra despedida de solteiro inventada por Aisha, não ia dar para vir jantar. - Explico. - Então viemos hoje e trouxemos pizza. - Ergo as duas caixas de pizza que está comigo.

- Tem de queijo duplo? - Mamãe pergunta.

- Óbvio. - Respondo.

- Então pode entrar. - Ela sorri. - Entrem, entrem. Fiquem a vontade. - Mamãe abre mais a porta para dar passagem para nós. - A casa é vocês.

- Avisa papai que eu trouxe aquela de abacaxi que ele adora.

Faz um tempo que não venho visitar meus pais, mas a casa continua a mesma coisa desde que fui embora, a mesma cor de tinta de parede, mesmos móveis nos mesmos lugares. Nada mudou. Continua sendo aquela casa aconchegante que eu um dia eu já morei.

Coloco as pizzas na mesa de jantar. Sofy está na sala de estar brincando com blocos de montar, assim que nos vê, vem correndo para me abraçar. Ela parece ter gostado Apolo, depois que ele resolveu se juntar com ela na brincadeira. Me peguei dando um sorriso bobo vendo aquela cena. Amo crianças. Amo quem se dá bem com crianças.

Sofy ficou tão empolgada com o novo amigo que fez que pegou outros brinquedos. Agora estou assistindo de camarote o meu chefe carrancudo e arrogante sentado em uma cadeirinha que mal cabe ele, fingindo tomar chá em uma xícara rosa que fica minúscula em sua mão. Isso é impagável. Tirei uma foto disfarçadamente para guardar essa imagem de lembrança.

- Vem tia Cami, vem tomar Chá Real com a gente. - Sofy me chamou.

- É tia Cami. Vem tomar chá que a princesa Sofy fez. - Apolo levanta sua xícara e o pires de plástico rosa. Eu rio.

- Seria uma honra princesa Sofy e príncipe Apolo. - Coloco a mão no peito, como se estivesse mesmo honrada com o convite.

Minutos depois nos sentamos a mesa juntos, papai, que sempre sentava na ponta, mamãe e Sofy logo ao seu lado. Meu irmão não estava presente pois havia ido a casa de um amigo. Bom, eu sou bem entendida para saber que esse papo de ir na casa de um amigo é propaganda enganosa. Esse é um truque bem velho, que eu mesma já usei muitas vezes. Mas essa é uma conversa para outra ocasião.

Mamãe parece feliz, feliz até de mais. Nunca a vi sorrir tanto. Papai come a pizza e as vezes conversa algo sobre a empresa e os negócios de Apolo, as vezes pergunta sobre nós dois e nosso relacionamento no ambiente de trabalho. Apolo, assim como um bom empresário, ele é um excelentíssimo mentiroso. Mamãe pigarreia. Cristo, quando ela fez isso é porque está vindo uma pergunta bem constrangedora, estilo dona Celine.

- Você tem filhos Apolo? - Ela solta.

Quase me engasgo com um pedaço de pizza. Olho para Apolo, ele parece tranquilo com a pergunta que minha mãe fez, está com o semblante neutro, difícil de se decifrar.

- Não, eu não tenho filhos. - Responde educadamente.

- É que você se dá tão bem com crianças aparentemente. Parece ter experiência.

- Bom... eu... Eu sou padrinho de um orfanato. Sou patrocinador. As vezes faço visitas, mas são breves, não posso criar laço com as crianças. - Explica. Ele não fica nervoso e nem desconfortável em falar sobre o assunto.

- Que interessante. - Diz papai. - Muito generoso da sua parte.

- E você pensa em ter filhos? - Mamãe solta outra.

Apolo meu chefe mentiroso.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora