18 | Trégua

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~𝒜𝓅ℴ𝓁ℴ

No mesmo dia, depois que terminei meus afazeres na empresa, resolvi fazer o que Sandra havia me dito. Vou engolir meu orgulho e ir atrás de Camille, com muita educação vou pedir que ela volte a trabalhar comigo. Não vou estar me humilhando. Apenas vou fazer com que ela mude de ideia, não vou fazer nada de mais, será uma conversa amigável.

Somos adultos, conseguimos conversar como tal, conseguimos ser duas pessoas civilizadas, que tracam ideias, que dialogam. Não é difícil. Não será difícil. Vamos entrar em um acordo, vou pedir desculpas - não vou estar me humilhando - ela irá aceitar, porque eu sei que Camille tem um coração mole, então vamos voltar a trabalhar juntos e tudo voltará a ser como era antes.

Estacionando em frente ao seu apartamento, pensei que seria mais fácil, mas estou quase dando meia volta com meu carro e indo para minha casa descansar, porque eu mereço isso, depois de tanta dor de cabeça que três secretárias conseguiu me dar.

Começo a me mexer de mais dentro daquele carro, meus pés batem no chão sem parar, minhas mãos estão soando. De repente, já não consigo ficar de gravata e terno, então eu tiro os dois. Eu pareço nervoso.

Por que diabos eu pareço nervoso? É só ir lá fazer a proposta, se desculpar e pronto, não é o fim do mundo. Eu consigo pedir desculpas. Todo adulto consegue. Se ela não aceitar, aí será uma decisão dela e eu não vou poder fazer nada.

Então apenas vai, Apolo, e torce para que ela volte, porque você não vai aguentar outra secretária incompetente. Será a sua ruína.

Não tive problema na hora de entrar no prédio, o porteiro já deveria me conhecer, por isso me deixou subir sem nenhum problema ou contestamento. Eu queria ser rápido então subi de escada ao invés de pegar o elevador.

Eu nunca tinha vindo aqui antes então eu espero que tenha acertado o número do apartamento dela. Sem querer acabou ouvindo uma conversa, algo do tipo: "Dar para seu chefe gostosão". Finjo que não ouvi aquilo e bato na porta. Coloco as mãos no bolso enquanto espero alguém abrir.

Vejo que demoram um pouco e então fecho o punho para bater na porta novamente, mas bem na hora uma mulher abre. Uma mulher que não é Camille. Ela me olha esquisito, com um meio sorriso.

- Acho que eu bati na posta certa. Camille mora aqui, não é? - Pergunto, dando uma olhada por cima de seu ombro.

- É. Sim. Mora... Ela mora aqui sim.

- Você deve ser a amiga dela que divide o apartamento? - Estreito os olhos.

- É, sou eu mesma. Jenna, muito prazer. - Ela estende a mão para mim. Eu a pego. - Nossa, que grosseria a minha. - Ela dá um sorriso sem graça. - Entra por favor. - A porta abre mais um pouco e Jenna se afasta dando passagem para mim.

Olho ao redor, dando uma analisada na decoração e nos móveis. Dá para ver que as duas tem bom gosto, o lugar não é grande, porém é organizado. Tirando a louça suja na pia, o sofá bagunçado - que suponho que elas estavam sentadas - e alguns papeis em cima da mesinha de vidro no centro da sala, que parece muito... desenhos.

Não há paredes separando a cozinha da sala de estar, apenas um balcão onde tem uma fruteira, com bastante fruta, aliás. A pintura é feita em alguns tons de cinza e branco, o sofá é preto e as almofadas da mesma cor. Tem um corredor, que acredito ser o banheiro e os quartos.

- Camille foi ao banheiro, ela já volta. - Explica Jenna. - Você quer sentar, quer uma água, suco, alguma coisa mais forte? - Ela ri. - Brincadeira, ninguém bebe aqui. - Ela balança as mãos no ar. - Isso é mentira, mas se quiser...

Apolo meu chefe mentiroso.Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum