68 | Marcando território

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~𝒜𝓅ℴ𝓁ℴ

- Você mente muito bem sabia? - Camille diz.

- Eu sou um bom mentiroso. - Digo com um convencido.

Ela dá uma garfada na sua torta, logo em seguida fecha os olhos e solta um gemido. Queria não poder levar aquilo para outro lado, mas é tarde de mais.

- Aí nossa, isso aqui é muito bom! - Diz de boca cheia. Ela percebe que estou olhando. - O que foi? - Pergunta.

- Você sempre solta um gemido quando come algo que gosta, as fazes faz dancinha também.

- Eu não faço dancinha. - Ela franze o cenho.

- Faz, faz sim. Quando você come chocolate no trabalho, você dança. Tipo assim. - Mexo os ombros para cima e para baixo, para cima e para baixo, ainda faço biquinho como ela faz.

- Aí que ridículo. - Ela cai na gargalhada. - Eu não faço isso. Esse bico, de onde você tirou! - Ela coloca a mão na boca para tampar a risada.

- O bico é o charme da dança, tem que ter.

É engraçado observá-la quando ela acha que não tem ninguém olhando, tem muita coisa que eu descobri ou sei sobre ela apenas observando. Eu sei que uma das suas cantoras favoritas é Lana Del Rey, ou pelo menos sua música favorita é Brooklyn baby, pois ela vive cantarolando essa música, as vezes sem nem perceber. Sei que ela esconde doce na sala dela, pois uma vez eu a vi arrancando um pote da sua gaveta que tem chave.

Sei que ela gosta de se vestir de forma formal para trabalhar, é de lei estar sempre bem vestido, nunca a vi desarrumada, nem mesmo pra dormir. Eu sei muita coisa sobre ela que chega assustar, sei tanto que se tivesse uma prova sobre quem conhece Camille mais, eu provavelmente ganharia.

- Ok, mas como você sabe disso? - Ela pergunta, ela come outro pedaço da torta.

- Te observo bastante. - Digo na lata.

- Entendi. Isso soa meio assustador.

- Gosto de te observar quando não está olhando e eu faço isso bastante.

- Devo me preocupar. - Ela dá um sorriso de desespero.

- Talvez sim, talvez não. - Encosto da cadeira. - Costumo olhar de mais apenas pra coisas que me agradam.

- Então eu te agrado? - Ela olha para mim.

- Com toda certeza.

Camille coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Também costumo observar algo gostoso que estou querendo a comer. - Dou um sorriso de canto.

Ela olha para o outro lado, balançando a cabeça negativamente. Sei que ela entendeu o recado, não preciso nem explicar.

Minutos depois nosso almoço chega,  comemos e decidimos voltar a procurar um vestido para Camille usar no casamento, um que ela goste, porque está difícil dela se interessar por algum. Por mais que essa seja uma atividade extremamente chata de se fazer, estou gostando de passar esse tempo com ela. É bom pois não estamos fingindo nada agora. 

Sei que Camille passou por um processo complicado, nós dois passamos. Somos pessoas que não expressa seus sentimentos facilmente, pois temos medo de que o que aconteceu no passado volte a se repetir. Eu a entendo. Mas não sou de desistir na primeira oportunidade, darei tempo a ela, a conquistarei aos poucos, serei paciente. Uma mulher como Camille não se encontra em qualquer lugar e duas vezes. 

Camille entra na próxima loja que encontra, uma mulher não tão jovem, nem tão velha nos atende com um sorriso simpático.

- Olá, boa tarde, como posso ajudar?

Apolo meu chefe mentiroso.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant