10 | Elevador do Azar

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~𝒞𝒶𝓂𝒾𝓁𝓁ℯ

- Eita, que o assunto do momento chegou! - Exclama Margareth, assim que eu me aproximo.

Pelo visto, as notícias correram bem rápido por aqui. Como não correria, se a manchete está por todos os lugares de um site comentarista famosissímo, onde a maioria de suas notícias são sobre a Empire Fashion.

- Bom dia para vocês! - Coloco os cafés no balcão.

Nunca me esqueço de pegar o café deles, virou uma rotina já.

- Está vendo, ela ficou famosa agora está falando até diferente. - Diz Hunter, brincando.

Faço uma expressão de confusa, ao meu ver, eu falei normal, meu bom dia como todos os outros, o que de diferente teve no meu tom de voz?

- Eu só disse bom dia. - Sorrio. - Eu não fiquei famosa, isso é bobagem.

- Bobagem? Querida, o quê? - Diz, incrédula. - Você estava um espetáculo! - Elogia.

- Realmente. - Concorda Hunter.

- Ah... obrigada, gente! - Dou um sorriso tímido.

Eu não gostava de chamar muita atenção. Mas receber reconhecimento pelo seu trabalho, por algo que você se esforçou tanto, ficou noites produzindo, levando agulhadas dos dedos, é gratificante.

- Garota como você não tem nenhum namorado? - Margareth fica indignada. Dou de ombros.

Nem eu sei.

- Vocês são pagos para ficar de conversa fiada? - O pé no saco aparece bem atrás, sendo o pé no saco de sempre. - Ao trabalho! - Ele passa por nós sem ao menos dar bom dia.

- Desculpe, Sr. Greco. - Os dois mudam totalmente o comportamento.

Eu bufo e reviro os olhos.

- Pé no saco. - Sussurro só para que os dois escute.

Ando rápido com meus saltos de ponta fina fazendo barulho nos azulejos do hall para pegar o elevador. Aposto que vou levar uma bronca desnecessária dele, por estar conversando com Hunter e Margareth.

Enquanto Apolo já está dentro do elevador, trocamos olhares bem esquisitos. Ele com uma expressão impossível de se decifrar, eu nunca sabia quando estava de bom ou mal humor.

Apolo segura o elevador para que a porta não se feche, eu poderia pegar outro, até porque não estou afim de encara-lo em uma segunda-feira tão cedo, mas entro mesmo assim, seria uma prova que estou tentando evitar a presença dele, já que trabalhamos no mesmo andar.

- Obrigada. - Agradeço. - E bom dia.

Recebo o silêncio como resposta.

E voltamos para a rotina de sempre. Ontem ele pareceu ser tão... amigável -  acho que a palavra certa não é essa - mas foi a única coisa que me veio a cabeça. Porém ele estava menos... desse jeito como está hoje.

O elevador parece levar uma eternidade para chegar, e o silêncio estava cada vez mais constrangedor dentro daquelas quatro paredes de metal, no entanto, uma conversa fiada seria mais constrangedor ainda. O elevador para no décimo quinto andar, uma das zeladoras com um carrinho - que imagino ser roupas - estava esperando, dessa vez foi a minha vez de segurar o elevador para a porta não se fechar e ela possa entrar com o carrinho.

- Obrigada, querida! - Ela dá um sorriso simpático.

- De nada! - Devolvo o sorriso.

Viu, Apolo? É isso que pessoas educadas fazem. Elas se cumprimentam e agradecem, elas não encaram as pessoas, elas sorriem. Aprenda. Assim você vai parecer menos carrancudo e um pé no saco.

Apolo meu chefe mentiroso.Onde histórias criam vida. Descubra agora