Noite de desespero

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- O Aush Hong está pensando em parar todos aqueles inimigos só com uma unidade de vinte homens? – Wei Su perguntou a Ling Pan enquanto elas seguiam os passos do velho Conselheiro pelos corredores da mansão.

Ling Pan não respondeu, a Prata ainda estava um pouco perdida com tudo o que estava acontecendo a sua volta. Ela ainda não conseguia acreditar que alguém tinha atacado tão descaradamente uma cidade dos Pan, e ainda por cima, uma cidade responsável pelo gerenciamento de uma área de terras férteis. Perder Iseka seria um golpe duro não só para os Pan, mas sim para todo o Imperio Izar.

- Não subestime Hong, garota. – O velho Conselheiro falou sem se virar enquanto seguia em frente, liderando o caminho. – Ele pode não ter tido muitas chances de se destacar e fazer seu nome ser conhecido como algumas figuras de nossa Província, mas eu posso garantir que ele é bem capaz, afinal, o Senhor da Cidade não teria partido e deixado suas terras sobre o comando dele se ele não fosse.

As palavras do velho Conselheiro calaram as dúvidas de Wei Su, mas não foram o bastante para fazer com que Ling Pan se acalmasse.

Eles entraram em uma intercessão no corredor e lá se encontraram com um grupo de servos cercando alguns velhos Conselheiros além de uma mulher usando um vestido de dormir com duas crianças agarradas a sua roupa com olhos arregalados.

- Minha senhora. – O Conselheiro se curvou enquanto se aproximava da mulher e dos outros Conselheiros.

Ling Pan fez um gesto para que sua unidade esperasse um pouco mais atrás e foi para perto de seus parentes. Ela percebeu um pouco desesperada que mal possuíam dez guardas ali entre eles, apesar de que os que estavam ali possuíam um ótimo armamento.

- O que está acontecendo? – A Senhora de Iseka perguntou tentando não transparecer em sua voz o nervosismo que a consumia.

- Estamos sobre ataque, minha senhora. – O Conselheiro que tinha chegado com as duas alunas falou respeitosamente. – O Aush pediu para que levássemos a senhora para a passagem secreta, Iseka não pode ser mantida.

Suas palavras chocaram a todos, afinal, nenhum deles esperava por um desenrolar desse tipo nos acontecimentos.

A Senhora de Iseka franziu a testa, seu olhar se desviando do velho Conselheiro para as duas crianças agarradas as dobras de seu vestido. Um garoto de sete anos e outro de cinco. Quando olhou para os meninos, sua expressão se suavizou por um momento.

- Liderem o caminho. – Ela falou com a voz fraca.

Rapidamente alguns dos guardas começaram a liderar o caminho, com os servos cercando a Senhora de Iseka e os Conselheiros em seguida. As unidades das duas alunas vinham mais atrás, fechando a retaguarda.

- Para onde iremos com todas essas pessoas? – Wei Su se aproximou da bela Prata e perguntou em voz baixa.

Ling Pan olhou para os quase vinte servos, os cinco Conselheiros e os dez guardas que lideravam o grupo e se perguntou a mesma coisa. A quantidade de servos caseiros que seguia o grupo era alarmante e um risco de certa forma. Por algum motivo Ling Pan estava bem ansiosa, como se soubesse que algum desastre estava se aproximando cada vez mais deles.

Eles seguiram pelos corredores vazios da mansão, ouvindo algumas vezes os sons da batalha que ocorria em outros pontos da propriedade.

Ling Pan sacou sua almashas, ainda a mantendo desligada e fez um gesto para que as garotas de sua unidade desembainhassem as laminas delas. Wei Su sacou sua da'mashas também e fez um gesto para que os membros de sua unidade fizessem o mesmo, e para aqueles armados com lanças ficassem mais atentos.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IWhere stories live. Discover now