O local para acampar

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Com a chegada da manhã a chuva finalmente perdeu um pouco de sua intensidade, se tornando uma fraca garoa gelada que caia sobre os soldados enquanto eles eram ordenados a erguer o acampamento.

Xi Zhang tinha se juntado a Tou Fuji enquanto os dois terminavam de preparar as coisas para a marcha. A princípio os soldados tinham marchado em grossas fileiras que foram ficando mais finas e mais longas conforme os desfiladeiros iam ficando mais fundos e mais estreitos.

Os caminhos que eles tomavam estavam ficando tão apertados em certas partes que os dois jovens Mush estavam começando a ficar preocupados com a perda da formação que eles estavam sofrendo ali.

Mas ao mesmo tempo em que os caminhos ficavam bem estreitos, eles também iam se alargando, dando para duas ou três unidades marcharem lado a lado sem que nenhum dos soldados se tocassem.

Soldados foram enviados nos na frente para buscar as melhores rotas para eles avançarem. Nenhum dos dois Mush queria que a rota que estivessem percorrendo terminasse uma um grande lago formado pela chuva ou em um caminho íngreme e escorregadio que pudesse causar acidentes em meio as fileiras de soldados.

Xi Zhang tinha dado a Flecha o comando de um grupo com mais quatro soldados especializados em patrulhas e serviços como batedores. Eles eram os mais eficientes de sua unidade pessoal e talvez dentre todas as unidades pessoas dos Tash sob o comando dele.

Os batedores que patrulhavam o caminho voltavam de tempos em tempos para avisar como estavam os desfiladeiros a frente. Já era quase meio dia quando eles finalmente chegaram perto o bastante da entrada para a passagem secreta para a propriedade dos Pan em Iseka.

Estavam todos molhados, com frio e cansados pela marcha perigosa com água até os joelhos em determinadas partes dos desfiladeiros. Resmungos eram constantes entre as fileiras e Xi Zhang e os outros oficiais já tinham desistido de tentar controlar o humor dos soldados quando perceberam que era uma ação inútil. Eles mesmos não estavam muito contentes com aquela marcha.

- Devemos fazer uma pausa para descanso. – A voz de Tou Fuji soou no comunicador do elmo de Xi Zhang, completando logo em seguida. – Já estamos mais ou menos na área demarcada para nossa missão, devemos encontrar agora um local para nos alojarmos.

- Os batedores podem cuidar disso. – Xi Zhang falou, concordando com as palavras de seu par. – Acredito que você já tem em mente o local ideal para levantarmos nosso acampamento definitivo, deixarei para você o trabalho de informar o que os batedores devem procurar.

Uma risada divertida soou no comunicador quando Tou Fuji comentou em seguida.

- Não me lembro de você gostando de deixar o trabalho para os outros.

- Eu conheço seu talento, Tou Fuji. – Xi Zhang respondeu com um suspiro cansado. – E essa chuva maldita está me esgotando tanto quanto aos nossos soldados.

Tou Fuji deixou um grunhido escapar em concordância e encerrou a comunicação entre os dois.

A mão direita de Xi Zhang deslizou pelo elmo, bem no local onde ele sabia que se encontrava o comunicador em seu elmo. Era uma maravilha o que os cientistas e engenheiros imperiais tinham conseguido produzir depois que eles tinham encontrado aquela maquina inimiga naquele templo abandonado a caminho de Três Escudos.

Eles ainda não tinham um comunicador perfeito que ignorava o bloqueio da tecnologia das Aranhas, mas eles agora possuíam um comunicador de curta distância entre os oficiais que não sofria interferência, assim como uma pequena máquina que permitia mensagens simples a longa distância.

- Flecha? Está na escuta? – Ele perguntou ativando o comunicador, mas não obteve nenhuma resposta.

Suspirando, Xi Zhang abaixou a mão e olhou em volta. A pouco tempo atrás ele conseguia se comunicar com qualquer membro de sua unidade, mas agora os únicos que ele tinha uma linha de comunicação eram os Tash e o Mush Tou Fuji.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IDonde viven las historias. Descúbrelo ahora