De prisioneiros a súditos

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- Eu tinha ouvido falar de coisas parecidas, mas pensei que eram somente boatos infundados ou casos isolados. – A voz cansada do Patriarca Raim Zhang soou no comunicador do andador. – Mas se o que esses plebeus que você resgatou dizem for verdade, então as coisas estão piores do que imaginávamos.

Xi Zhang assentiu silenciosamente dentro do andador, mesmo sabendo que seu irmão não poderia ver o gesto. Eles já estavam conversando a um bom tempo e o Mush tinha contado tudo o que tinha acontecido naquele dia para o Patriarca.

- Eles podem estar querendo escravos para minas como os que você viu em Três Escudos. – Raim Zhang comentou sombriamente. – Mas não sei como eles esperam manter centenas de prisioneiros já que geralmente eles mal conseguem manter seus próprios Clãs Exilados supridos.

- Talvez os prisioneiros não sejam exatamente para eles. – Xi Zhang falou, seu tom de voz serio chamou a atenção de seu irmão mais velho dando uma dica sobre ao que ele estaria se referindo.

- Os Aranhas?

- Sim, talvez agora que eles foram forçados a recuar, eles estejam planejando se mover pelas sombras. – O Mush parou de falar e pensou melhor naquela ideia antes de continuar. – Não conhecemos a profundida dos recursos e das forças deles, então eles são bem capazes de bancar algumas centenas de prisioneiros.

O Patriarca dos Zhang ficou em silencio, contemplando as terríveis palavras de seu irmão mais novo.

- A pergunta é, o que fazer? – Raim Zhang sussurrou no comunicador de uma maneira que Xi Zhang percebeu que seu irmão estava falando sozinho e não esperava uma resposta dele. – Essas pobres almas que você resgatou tiveram sorte de você ter sido mandado para a fronteira de Zonam, já que quase nenhuma Família Nobre está em seu auge para patrulhar todas as suas terras, quanto mais além de suas fronteiras e por mais que os mandemos para "casa", os guardas de caravana vão acabar sendo os únicos que vão encontrar seu "lar" caso sejam moradores de cidades já que quase todas as aldeias foram destruídas ou perdidas no último ano.

- Sobre isso. – Xi Zhang se pronunciou interrompendo os pensamentos de seu irmão. – Eu estava pensando em convida-los para morar aqui. Há mineradores, fazendeiros e artesãos entre eles, por mais que estejam fracos agora pelas provações pelas quais passaram, eles terão tempo suficiente para se recuperar enquanto o Forte e a mina são reconstruídos.

O Patriarca ficou em silencio, pensando na alternativa que seu jovem irmão estava lhe dando e após um momento ele respondeu.

- Faça o convite para eles, isso não será um problema para nossos súditos, mas precisarei entrar em contato com os Gu sobre os fazendeiros que você resgatou, eles ainda são súditos deles afinal de conta e não queremos estragar nossas boas relações ao sermos acusados de roubar os súditos deles.

Os dois conversaram mais um pouco e ficou decidido que Lei Zhang levaria mais alguns suprimentos para alimentar as mais de cem bocas a mais que estavam abrigadas no Forte em ruínas e no máximo na próxima semana uma caravana sairia de Zonam com destino ao Forte para começar a reconstrução das coisas lá.

Quando Xi Zhang saiu do andador após encerrar a comunicação de longa distância com seu irmão, ele percebeu que seus subordinados já tinham libertado todos os prisioneiros das correntes e os reunidos em um canto onde estavam sendo alimentados.

Um grupo de soldados estava jogando os corpos dos Exilados em um canto fora do Forte, onde seriam cremados para que o cheiro de suas carcaças não atraísse Predadores nas proximidades.

O Mush viu Flecha e seus batedores sobre a danificada muralha externa do Forte, atentos aos arredores para caso houvesse a presença de mais Exilados que pudessem se tornar uma ameaça.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IWhere stories live. Discover now