A defesa da muralha

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Os Chifres de Guerra soaram pelo ar, reverberando sobre a muralha e deixando os pouco mais de duzentos soldados inquietos enquanto acompanhavam desanimados a movimentação das tropas inimigas.

Muitas manchas de sangue ainda eram visíveis sobre a muralha em forma de meia lua que cercava a Torre, mas Ling Pam as ignorou enquanto usava o visor de seu elmo para ampliar ao máximo o que acontecia no outro lado das terras planas em volta da Torre.

Os Clãs Exilados saiam em grupos separados, cada um soprando seu próprio Chifre de Guerra. Alguns saiam de trás das montanhas do outro lado da planície rochosa, outros desciam dessas montanhas onde tinham erguido seus acampamentos, mas não importava para que lado a jovem Tash olhasse, ela via ondas e mais ondas de Exilados surgindo.

Uma risada nervosa e histérica escapou de um soldado e Ling Pam não teve vontade nenhum de repreender a pobre alma por isso. A diferença entre os dois lados era gritante demais, mesmo com um canhão e dois Deuses da Guerra para dar suporte na defesa da Torre de Ikako as chances estavam contra eles.

Ling Pam recuou e observou o pátio atrás dela, um grande espaço aberto onde algumas poucas barricadas foram montadas para ajudar na defesa da Torre caso a muralha fosse perdida. Ela viu então os dois Deuses da Guerra, gigantescos humanoides de aço com blindagem. Os dois portavam grandes lanças que funcionavam também como canhões de enerjom de médio porte.

Cada Deus da Guerra se moveu para um dos lados da muralha, subindo por uma rampa até uma alta plataforma de onde poderiam disparar contra as forças inimigas.

Nos dias anteriores não tinha sido preciso a interferência dos Deuses da Guerra, tendo os canhões da muralha com um ótimo e eficaz repelente para afastar os Exilados, mas na situação atual deles, não usar os Deuses da Guerra seria o mesmo que assinar um atestado de óbito.

- Meus bravos soldados, não deixem que os números dos selvagens nos intimidem. – A voz do Aush soou ampliada por um mecanismo de comunicação. – Ontem eles nos surpreenderam com o suporte aéreo do Exército da Aranha, mas hoje não seremos pegos com a guarda baixa mais uma vez e nossos Deuses da Guerra estarão se juntando a batalha desde o início.

Alguns soldados comemoraram diante das palavras do Senhor da Torre de Ikako, mas a maioria se manteve em um silencio sombrio, principalmente os oficiais que deram um frio olhar em direção a torre e depois voltaram sua atenção para os inimigos avançando.

Ling Pam estava surpresa pela falta de coragem do velho Aush, ela não esperava que o homem fosse se esconder dentro da Torre, com a desculpa de observar o campo de batalha de um lugar calmo para poder dar as ordens, enquanto o resto deles permanecia bravamente na linha de frente.

O velho tinha tido até mesmo a audácia de propor que ela permanecesse na Torre com ele como um tipo de guarda de honra. Provavelmente temendo a repercussão que teria caso ela morresse sobre as ordens dele. Mas o tolo não vê que se perdermos aqui, não estaremos vivos para ouvir o que falarão de nós.

Desapontada com um dos oficiais de maior patente nas terras de sua Família, Ling Pam voltou sua atenção para o que seria o campo de batalha. O sol brilhava no aço dos grandes escudos de aço que os Exilados usavam enquanto avançavam.

Ela os tinha visto no dia anterior, eram compridos, altos e espessos, podendo proteger dezenas de guerreiros enquanto eles avançavam, mas seu peso era uma desvantagem que diminuía em muito o avanço das tropas.

Um estouro soou a direita dela, fazendo com que todos se encolhessem com o som repentino. Ao se virar, Ling Pam viu as luzes do canhão de enerjom sobre a muralha se enfraquecendo, lá no campo de batalha uma explosão surgiu entre as fileiras de um dos Clãs de Exilados ceifando dezenas de vidas.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IWhere stories live. Discover now