Cerco da Torre de Ikako

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O sangue escorria pela rocha escura transformada em blocos perfeitamente alinhados que formavam a muralha em forma de meia lua que cercava a Torre de Ikako. Centenas de corpos cobriam todos os cantos da muralha, tanto corpos de Exilados quando de soldados imperiais que deram suas vidas para defender aquela fortaleza isolada.

Ling Pam estava escorada contra a amurada enquanto olhava o exército inimigo recuando, deixando centenas de corpos largados pelo caminho. Fumaça se erguia em vários locais no campo de batalha onde os canhões de enerjom na muralha tinham acertado seus alvos. Os olhos de Ling Pam se fixaram em uma coluna de fumaça escura em especifica, uma que estava logo atrás de uma colina rochosa.

Ela sabia que era ali que tinha caído a nave inimiga que tinha tentado se aproximar deles pelo céu, bombardeando a muralha e destruindo os canhões que tinham controlado a investida dos Exilados nos últimos cinco dias.

Se não fosse a presença dos dois Deuses da Guerra atrás da alta muralha que protegia a Torre de Ikako, era bem provável que os Exilados tivessem conseguido invadir a fortaleza imperial com sucesso e matado todos os izanitas presentes.

- Você está uma bagunça, Ling. – A jovem Prata se virou e viu sua fiel companheira Wei Su marchando em direção a ela.

Ling Pam arregalou os olhos quando viu a outra garota de ombros largos. Wei Su sangrava de um corte no rosto que ia quase da ponta esquerda de sua boca até a orelha e múltiplos outros cortes eram visíveis em seu corpo.

- Wei Su, precisamos tratar essa ferida.

A Plebeia deu de ombros como se dissesse que sua ferida era insignificante, ela parecia nem notar que um corte estava dividindo metade de seu rosto.

- Cada coisa a seu tempo. – Wei Su falou desviando o olhar de Ling Pam e olhando para o Exército Exilado que recuava para além das pequenas montanhas que cercavam as terras planas em volta do paredão onde a Torre tinha sido construída. – Eles nos acertaram de jeito hoje.

Desanimo se espalhou por Ling Pam quando se virou para ver os últimos Exilados desaparecendo de seu campo de visão. A Torre tinha resistido a cinco dias de cerco, bombardeando com rajadas de enerjom os Exilados enquanto eles tentavam se aproximar das muralhas, mas naquele dia a mare finalmente tinha virado contra os soldados imperiais.

A barreira de enerjom que criava um escudo e forma de cúpula sobre a Torre foi despedaçado após várias sequencias de disparos de canhões de enerjom de uma nave que tinha surgido de repente no radar deles, logo em seguida a nave começou a destruir os canhões na muralha que demoraram demais para conseguir mirar na nave.

Os Deuses da Guerra tiveram que ser movidos para ajudar a atirar na nave quando os imperiais perceberam o desastre que se abatia sobre eles. Quando enfim a nave foi derrubada, recebendo uma pesada carga de disparos de enerjom, já era tarde demais. Um único canhão restava em funcionamento na muralha da Torre e ele não foi o bastante para deter a onda de Exilados sedentos por sangue.

O dia se arrastou lentamente enquanto os soldados imperiais faziam de tudo para manter os inimigos afastados. Pouco mais seiscentos soldados estavam de pé sobre a muralha, muitos armados com bestas e algumas poucas dezenas portavam alfings, mas mesmo assim, disparando constantemente contra os Exilados, os soldados não conseguiram evitar que a luta se iniciasse sobre a muralha.

A vantagem por possuírem o ponto elevado de defesa garantiu ao exército imperial a chance de resistir por mais tempo, matando o máximo possível de Exilados que tentavam escalar a alta muralha ao redor da Torre com suas cordas e escadas.

Mas mesmo assim, com toda a resistência dos soldados imperiais, os Exilados conseguiram escalar, eram muitos deles para tão poucos soldados. Pouco a pouco os Exilados foram criando seus pontos de defesa no topo da muralha e assim que formavam grupos grandes o suficiente, eles partiam para o ataque.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IWhere stories live. Discover now