❝A Change Is Gonna Come ❞ part/5

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⎯ Quem é esse jovem? ⎯ Ela pergunta simpática, voltando os olhos para o garoto que tem uma taça de champanhe pela metade.

⎯ Jason Resten. ⎯ Kiara hesita ao pronunciar o nome do vizinho, sabendo que sua avó desabrocharia uma expressão incrédula, e faria uma alusão.

O castanho retira a mão do bolsa da calça e estende a mão para o homem de cabelos grisalhos em um gesto cordial, e ao mais jovem também, que os cumprimentam.

⎯  Jason? Você já é um homem, nem parece que foram as crianças que colocaram o jarro turquesa de Jane na lava louças. ⎯ Faz a alusão a mulher de meia idade como a sua neta havia pensado.

⎯ Não foi uma das minhas melhores ideias, vovó Zarah. ⎯ respondeu Jason envergonhado, sorrindo amigável.

⎯ São amigos novamente? ⎯ Zarah disse com uma afeição esperançosa.

Para ela o significado de que a neta tivesse amigos, era o mesmo de ela ter menos motivos para infelicidade. Ou seja, menos motivos para se jogar de um precipício.

Kiara e Jason encararam ao mesmo tempo, buscando por alguma resposta pelos olhares.

⎯ Sim, me vejo submisso a essa... serenidade que Kiara possui. ⎯ Refutou ele, escancarando a sua ironia por entre os dentes.

⎯ Nós dois temos coisas em comum, gostamos das mesmas músicas. Al green, Marvin Gaye, Ben E King. ⎯ diz Kiara balbuciante. E ver um brilho propagar nos olhos dos seus avós que eram apaixonados por Jazz.

⎯ Kendrick Lamar, Eminem. ⎯ Completa o castanho. Kiara franziu os olhos em censura, e balançou a cabeça em reprovação. Os quatro olharam confusos para Jason, que levou a taça de champanhe aos lábios.

⎯ Ele faz Stand-up na escola, ele tem um gosto por piadas. ⎯ explicou ela, e os seus avós assentiram sem graça.

A ocasião não era uma das melhores de acordo com a garota, mas um clima agradável se instala entre o grupo de seis pessoas, que tem um diálogo paralelo, distribuindo sorrisos descontraídos.

Jason seu fiel subordinado em seu ver está se saindo muito bem. A flamejante em nenhum momento inclusa naquele grupo de pessoas se sentiu dispersa. Elias que normalmente era sempre tão distante, fazia um esforço momentâneo para comentar casual entre sorrisos comprimidos, junto a esposa.

Kiara Anderson se pegou pensando que talvez nunca tenha visto os tios maternos sorrirem ao mesmo tempo. Eles costumavam sorrir furtivamente.

Dereck Anderson deteve passos no círculo, cumprimentando os sogros educadamente. Algo o deixava desconfortável, ele fita a filha mais nova com um olhar intimador.

⎯ Kiara você poderia me acompanhar? ⎯ Exigiu o homem encobrindo a rigidez da voz, falando mais suave.

Ela confirmou com um aceno de cabeça. Em outras circunstâncias ela se sentiria confusa, mas ela tem conhecimento do porquê da requisição feita por seu pai. Sabe o porquê que seu pai agora a carregar para longe da sala octogonal, sabe o porquê de estarem no corredor em direção ao escritório.

Kiara olhou para o seu pai, e depois para sua mãe. Irônico, atrás deles havia um porta-retratos de uma foto da família.

Ela olha para a foto por um instante. Escritórios não deviam ser tão vazios e silenciosos, ela pensa. O salto de sua mãe ressoa na sala, a porta está atrás dela fechada, não tem como escapar.

Sua mãe usa um vestido de seda que não extinguem nenhuma curva do seu corpo, e tem uma maquiagem tão tênue que dá uma aparência natural. Ela é muito linda, nem aquele ar austero é capaz de usurpar a sua beleza.

Dereck deu pigarreio um código para anunciar que ele começaria a falar, a mulher assente cedendo o interrogatório para o marido que era mais paciente.

⎯ Isso é uma manifestação rebelde, e para ser sincero eu respeito seus sentimentos...

⎯  Não devia ter trazido aquele garoto! ⎯ Interrompe a esposa com voz irreprimível, soando como um ditador. ⎯  Faz mais de cinco meses que estamos organizando esse casamento em mínimos detalhes, e agora aquelas pessoas no salão só falam daquele...delinquente.

⎯ Ele é meu convidado. ⎯ Refutou a garota, sua boca franzida. A mulher elegante riu.

⎯ Você não tem direito de convidar ninguém...sem a minha autorização. Na verdade, você nem devia falar com o Resten. ⎯  salientou a mulher, tendo a expressão de razão.

⎯ Eu falo com quem eu quiser, e convido quem eu quiser!

Não é como se ela pudesse enrolar Jason numa faixa de restrição.

⎯ Me escute, você vai atravessar o salão e vai ordenar de maneira discreta para que aquele jovenzinho vá embora. Ou você ficará de castigo por um mês em seu quarto. ⎯ Continuava a mãe, refutando agora para uma ameaça.

Um mês? Em um mês ela já devia está morta, e o seu plano contra a família não aconteceria.

⎯ É isso que você quer? ⎯ Ela diz impotente, sentindo que os seus planos seriam destruídos. A sua mãe assente confirmando. Jane sempre consegue o que quer. Sua garganta dói, e sua língua queima ao proferir. ⎯ Certo, eu vou mandá-lo ir.

Jane ergue a cabeça em superioridade, e defere um olhar convencido ao marido. Eles conseguiram controlar a filha rebelde. Kiara abre a porta do escritório, e rompe rumo a sala octogonal sendo perseguida pelos pais que se certificaria de que ela faria o que foi ordenado.

A garota flamejante se ver na entrada da sala, procurando por o castanho de sorriso inconfundível. No meio da aglomeração de pessoas de ternos, vestidos e taças de champanhe. Ela ver o vizinho, permanecia aonde ela o havia deixado. Jason continua conversando com Elias e o seus avós, apenas sua tia Ellenize desapareceu do cenário. As músicas ruins do filme de terror tornam a tocar, misturando ao burburinho das vozes.

Ela precisa ter coragem para fazer o que tem que fazer, e seus pais que estão atrás a dá uma dose suficiente de adrenalina para isso. Kiara abre espaço por entre as pessoas andando perfeitamente como sua mãe ensinará somente aos doze anos, desfilando para o terror.

Ela para diante de Jason, pode sentir os olhos dos seus pais atentos aos seus movimentos.

⎯ Você tá bem? ⎯ o castanho pergunta, mas sua voz emerge abafada.

Ela precisa fazer isso.

Kiara segura no blazer do castanho o puxando delicadamente, e a mão esquerda desliza até a nuca do mesmo. Jason franze a fronte atordoado, os olhos castanhos se prendem aos acinzentados. E fecham simultaneamente.

Ela o beija, um beijo demorado. Em uma das mãos dele se encontra a taça, e a outra se apoia na cintura da garota a apertando contra o seu corpo, fazendo com que o vestido dela encolhesse alguns centímetros.

Ela se afasta do garoto, ainda pode sentir a sensação dos lábios quentes sobre os seus.

Todos sem nenhuma exceção estão os olhando boquiabertos. Uma sensação fria passeia por suas entranhas, como se em algum momento fosse sucumbir.

Tem um gosto de champanhe em sua boca, mesmo sem ter tomado nenhuma gota do liquido. Ela sente uma necessidade de encarar Jason, de olhar para os olhos castanhos.

Seus familiares que estavam a menos de meio metros dela estão sem entender a cena que acabaram de presenciar. Kiara luta contra a necessidade de olha-lo, e desvia os olhos para a entrada da sala octogonal. Estar o seus pais, e a sua irmã do meio com a mesma afeição atônita, e desgosto. Eles estavam quites quanto aos beijos inesperados.

⎯ Agora nós vamos embora, Jason. ⎯ Ela falou em um tom grave para que as pessoas ouvissem, e dirigindo o olhar irreverente para os pais.

Eles não a controlariam, é isso que o seu olhar diz.

Sem Cores, Sem DoresWhere stories live. Discover now