Ela está correndo, correndo muito rápido. As coisas em sua frente é uma visão embaçada, arvores uma cor opaca, assim como tudo ao seu redor parece ter. O chão se abre em duas partes fazendo escorregar e desviar da cratera. É dia, mas as nuvens estão negras que torna um dia escuro e sombrio.
As lápides de sua casa estão em ruinas, e o enorme palacete branco está deserto. Kiara corre desenfreadamente por sua casa. Seus gritos são frenéticos e, chorosos. Ela chama por todos, mas ninguem aparece. Tem muitos gritos além dos seus, e pode ver dezena de pessoas sem rostos correndo pelas ruas, é uma imagem apocalíptica.
Não consegue ver ninguém que conheça. Ela continua gritando. O mundo inteiro se destrói, enquanto a garota flamejante corre sozinha pelas ruas, com uma dor incompreensivelmente angustiante no peito.
Está sozinha.
Seus pulmões ardem, e seus olhos se enchem de lagrimas. Não tem ninguém por você, ou com você, está sozinha. Sempre estará sozinha. Pode ouvir a sua mãe rosnar.
Kiara abre os olhos bruscamente, e no súbito senta na cama, como sempre faz quando tem um pesadelo. Aqueles malditos pesadelos estavam ficando mais reais e intensos. Sua respiração está irregular, suas mãos estão tremulas e os olhos se encontram molhados. Jason se remexe na cama, com sua estatura esportiva faz toda a cama se mover.
Os braços dele a procuram em meio ao breu, mas ele se depara com a garota empertigada, e a respiração pesada dela o faz levantar instintamente. Kiara ver a silhueta perfeita, e a postura rígida de Jason sentado ao seu lado. Ele está um pouco sonolento, mas em alerta.
⎯ É um sonho, um pesadelo. Não é real. ⎯ Ele diz manso, entrelaçando as mãos no corpo dela.
É como se a acabasse de ler os pensamentos dela. Kiara apavorada se escolhe nos braços dele, deitando sobre o colo do rapaz ainda chorosa.
⎯ Você não estava lá, Jason. Você tinha que está lá, e ninguém estava. ⎯ Kiara respira fundo ao dizer, oprimida. Ela sentia a dor angustiante de não achar ninguém e o quão desesperador fora, e além do mais a voz de sua mãe que ecoava em seus ouvidos.
⎯ Não foi real, porque eu estou aqui.⎯ Jason esfrega os dedos na testa dela carinhosamente, a voz dele apesar de rouca soava serena, quase angelical.
Ele limpa as lagrimas dela aos poucos com ternura, Kiara geme baixinho. Ficava dizendo a si mesma “Sem Cores, e Sem Dores...” mentalmente o mantra.
A respiração regularizava, e o desespero perdia força gradualmente, contanto a sua angustia permanecia, arranhando seu peito com as garras impiedosas.
Os pesadelos frequentes de acordo com o Dr. Waldo, é um resultado colateral do estresse causado pelos inúmeros medicamentos. Ele também disse isso ao fato de que a garota anda mais sensível e angustiada. Kiara as vezes se conteve para não gritar com Jason, ou encharca-lo com suas lagrimas.
Já perdeu a conta de quantas vezes o mandou ir embora com sua arrogância, ou quantas as vezes o implorava para não a deixar. Quando Kiara começava a chorar ⎯ a grande parte sem motivos. Ela pedia que ele a contasse alguma história, e ele com seu sarcasmo obedecia. Jason Resten contou 37 histórias essa semana.
⎯ Se continuarmos nesse ritmo, vamos acabar rescrevendo 1000 e uma noites. ⎯ brincou ele numa tarde, quando Agnes entrou no quarto e viu a garota flamejante com o rostinho sereno dormindo no colo dele, logo depois do jovem contar uma história estranha sobre a Guerra de Secessão.
⎯ É melhor mil e uma Histórias, do que mil e um comprimidos para dormir. ⎯ Agnes retruca com um sorriso divertido, ela o ajuda a mover para a cama cuidadosamente.
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Sem Cores, Sem Dores
Teen FictionKiara Anderson desde criança sofreu com sérios problemas de saúde, por conta de um câncer. No quase fim da adolescência, depois de varias tentativas de suicídio sem nunca conseguir chegar ao final, a mesma decide arrumar todos os preparativos do pró...