. ✧ No color, Without Pain

170 23 2
                                    

Antes do alvorecer, antes mesmo de que a última estrela fugisse do céu. Kiara Anderson teve um aneurisma, o tumor em seu cérebro criou esse aneurisma que se desfez em sangue. Anticonvulsivos não funcionou, a dor em sua cabeça fora a mais aguda que sentiu, e então depois de sete ataques convulsivos, seu cérebro como o resto do seu corpo faleceu.

Amanhã.

O médico procurava por vida em seus olhos azuis acinzentados, e eles estavam mais fantasmagóricos. Enquanto morria esperava ter visto imagens fragmentadas, ou algo diferente.

Tudo que viu foi o branco das paredes, e ela se afogou nele. Sem cores.

Jason ficara mortificado, as palavras que adentraram seus ouvidos foram nocivamente letais, a mulher em sua frente tinha os olhos avermelhados e inchados.

Era esperado, ele sabia disso, a mulher hispanica que geme com as mãos nos lábios também sabia disso, no entanto o esperado surgiu inesperadamente. Kiara Anderson parecia tão imortal.

Ele se senta na poltrona suas pernas fraquejam como tivessem sido usurpadas pelo alento. Nada mais faz sentido.

Jason coloca as mãos sobre as têmporas, sente uma terrível vontade de vomitar, o seu estômago gira como um moinho, e sua garganta fecha. Ele está completamente confuso, sua mente apresenta um turbilhão de coisas sobre Kiara por segundos. As mãos tremem, ele nem se dá o trabalho de limpa as lagrimas involuntárias que escapam. Jason pende na poltrona, se lembra com limpidez de como ela estava ontem.

Ela estava assustada com medo, medo da dor, da morte e até mesmo de perder ele, mas transparecia uma calma.

⎯ Eu a prometi. Prometi pra ela que... ⎯ Ele balbucia baixinho mais para si mesmo, a respiração é uma ondulação difícil de se respirar, o castanho fecha os olhos para ver a imagem dela. ⎯ Eu não a salvei.

Não tem como salvar ninguém de si mesmo. Disse a garota numa noite, e a voz sussurra nos ouvidos de Jason agora. Lembra de como a voz dela soou doce, de como a abraçou depois dela falar aquilo e de como ela ficou presa naquela cama por dias.

A culpa o inunda com tanta força que o seu peito queima, ele não possuía mais forças, só quer ficar naquela poltrona e chorar. Quem sabe em outra situação ele quebraria cada centímetro da sala de estar, mas agora ele está em pedaços com uma raiva diferente das quais já sentiu.

Ele permanece com os olhos fechados, quer ver ela, quer muito sentir que aquilo é uma mentira, que a voz que sussurra em seus ouvidos diga que "Ela está bem".

Ela rir baixo, sempre teve medo de que as pessoas ouçam sua risada, sempre tão discreta quando se tratava de suas emoções. Nunca mais vai ouvir a risada da garota flamejante. Deveria ter se preparado para aquilo, deveria ter se preparado para o que iria acontecer, é o que o buraco em seu peito diz.

Passos ressoam na escada e o castanho abre os olhos. Alyssa Resten franze o cenho, aturdida no meio da escadaria. Ela não precisa de muito tempo para entender a expressão carregada no rosto das duas pessoas na sala.

⎯ Quando aconteceu?⎯ A voz dela foge, e a mesma fica imóvel.

⎯ Quatro horas atrás. ⎯ Agnes, fala chorosa.

Foi o suficiente, mais que o suficiente para que a mãos dela deslizem sobre o corrimão e seu corpo se prostrar em meio a um dos degraus.

Dereck Anderson fica paralisado ao telefone, ouvindo o médico o contar o que havia acontecido na madrugada na Ala psiquiátrica. Ele senta sobre cama e, olha para a papel de parede. Eles haviam dito durante a reunião do prognostico que ela teria mais meses, e que era um tempo para que desenvolvesse um medicamento mais promissor.

Sem Cores, Sem DoresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora