❝A Change Is Gonna Come ❞ part/9

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Estava no meio do terceiro horário. Kiara está em uma das mesas do refeitório, de frente para Alyssa, ouvindo lamentar-se por não conseguir fazer parte das aulas de cálculo avançado. Alyssa espelhava-se o máximo que seus órgãos, e neurônios suportavam, em seu irmão.

Ela realizava as mesmas aulas avançadas que ele praticava, jogava tênis com o irmão ⎯  que era o esporte preferido do seu pai⎯  e estudava nos fins de semanas para nunca tirar um B - .

As notas semestrais do irmão, era uma tabela interminável entre A+ e A.

⎯  Peter é uma distração, eu sei. Nunca me rejeitaram numa turma avançada. E as minhas notas, elas estão regredindo, como New York Stock Exchange, na quinta-feira negra. ⎯  Disse dramaticamente, com voz falha.

⎯  Para de se martirizar por causa de uma rejeição. Você e Jason são definitivamente dos mesmos genes. ⎯  Kiara brandiu a cabeça, já impaciente pelo melodrama criado por a castanha. ⎯  Embora, Peter Meyer seja um ser desnecessário nesse universo, distrações são boas. Não devia da tanta importância para isso, não precisa provar a ninguém que é inteligente, tampouco para Jason.

⎯  Esse é o problema, é importante. ⎯  ela diz chorosa.

⎯  Para você ou, para as outras pessoas? ⎯ Protestou Kiara.

Alyssa Resten ficara calada, pensativa. A garota tinha esse poder de faze-la se autoquestionar múltiplas vezes, de faze-la ver as coisas de uma perspectiva diferente. Alyssa revirou a salada com o garfo, e depois levou uma pequena quantidade na boca.

⎯  Quero fazer uma pergunta. ⎯  falou Alyssa receosa, com os olhos baixos nas folhas esverdeadas, separando os brócolis.

A castanha nunca os comia, dizia que eram mini arvores de gosto amargo. Ela jamais os experimentou. Era a nona vez que Alyssa dizia a Bartirre⎯  A mulher que servia no refeitório⎯  que não queria brócolis, mas Bartirre colocou em seu prato.

⎯  Tudo bem. ⎯  Kiara concedeu a permissão, acrescentando um gesto positivo com a cabeça.

⎯  Esperei por dias que dissesse algo a respeito, e não estava querendo ser impertinente. ⎯  Alyssa iniciou explicando cautelosa. ⎯  É real? Ele... e você? ⎯  perguntou temendo pela resposta que a garota flamejante, de olhos exaustos daria.

⎯  Qual a sua teoria? ⎯  retrucou a flamejante, colocando seus olhos pesados na castanha, cruzando os braços em desdém.

⎯  Acho que está me evitando por dias, e eu só queria que me contasse o que havendo. ⎯  Cobrou a castanha falando num tom inferior.

⎯  Não estou evitando você, e não está havendo nada. ⎯  disse seca, a encarando nos olhos. Sem mover um músculo.

Kiara desenvolveu habilidade de omitir com tempo, aliás, sua mãe é uma boa professora no quesito omitir.

⎯  Faz mais de cinco anos que vocês se ignoram, como se nunca houvesse existido. ⎯  Disse Alyssa, defendendo sua causa. ⎯  Observei vocês revirarem os olhos com expressões enojadoras, fiz de tudo para vocês voltarem a se falar, mas nada. E inesperadamente, ele começa trazê-la para escola, ir para festas juntos, dormirem no mesmo teto, e se agarrem nos corredores.

⎯  Esqueceu dos vinte segundos que transamos no carro. ⎯  Completou a flamejante, ironizando. 

⎯  Conheço vocês dois, e não. ⎯  Enfrentou ela.

⎯  É tão chocante para você que Jason, o seu irmão que é perfeito, seja a afim do monstrinho doente? Da garota insignificante? ⎯  Pronunciou as palavras como um desafio.

⎯  Não, o chocante é que Kiara Anderson a anarquista social, esteja a afim do egocêntrico, o rei do sarcasmo e do clichê. ⎯  disse a castanha.

⎯  O amor é cego, bastante cego. ⎯  Ela riu pelo nariz em uma expressão esnobe.

Alyssa pensou o quanto ela parecia Jane quando fazia aquela expressão.

⎯  Estão mesmo namorando? ⎯  persistia o ceticismo.

⎯  Me diz você. Qual foi a resposta de Jason? ⎯  diz a flamejante calculista, os olhos predadores. 

⎯  Que resposta?

⎯  Alyssa, eu vi você antes das aulas começar, próxima da zona vermelha, conversando com o seu irmão. O que ele disse sobre “nós”? ⎯  Kiara joga a sua carta  na disputa, destruindo o simulacro da melhor amiga.

Kiara apoia os cotovelos na mesa, e as mãos sustentam o seu rosto. Analisando a expressão da castanha diante do conflito.

Era incrível o quão Kiara era observadora, os anos em um quarto cinza, fez as coisas serem mais notáveis aos seus olhos.

Zona vermelha, é a divisão entre a academia e o vestiário masculino. Era a área proibida para garotas. Elas não podiam ao menos falar sobre isso. A restrição houve depois das evidencias de que os alunos faziam o “Processo de procriação” nos dois lugares. 17 casos ao todo.

⎯  Disse convencido, que você estava perdidamente apaixonado por ele. Citou algumas baboseiras sobre Romeo e Julieta, e suicídio. ⎯  Alyssa Resten, disse.

⎯  Exatamente, ele descreveu muito bem o que somos. ⎯  Ela se levantou afetada, dando as costas para a castanha.

Eliza Harmon passou com uma bandeja na sua frente em direção a Bartirre, ela faz audiovisual com a flamejante. No seu pescoço uma ostensiva marca arroxeada. Ela é uma garota de curvas notáveis.

As marcas roxas (Ou chupões) que Jason distribuía pelos corpos das garotas com que ficava. Era sua marca registrada que as garotas adoravam exibir. Um terrível selo de objetificação que os dentes incisivos do castanho fabricavam.

Kiara andou pelo refeitório, ela concordava com a amiga. Jason tornou-se o tipo de pessoa que ela desprezava, ela não sentia algo por Jason. Ele era tudo que ela mais odiava nas pessoas. Jason era o garoto de beleza irredutível, a qual todos veneravam, e aumentavam seu ego narcisista.

Kiara pensava se ele falara a mesma coisa para seus amigos, se a transformou em uma das garotas que o seguia feito uma vadia, uma das garotas que ele pegava quando tinha vontade.

Ela frustrou-se, e de repente todos do refeitório pareciam a olhar com julgamento. Jason a transformou em uma vadia, como umas das garotas da qual o seu grupinho vangloriado, usava.

Uma vozinha que a acalmava, começava recitar o mantra em sua cabeça “Não importa. Não é para sempre. Você vai morrer, e não existira nada disso. Sem cores, e Sem dores

Ela costumava falar esse mesmo mantra quando estava no hospital, e as dores eram insuportáveis, e enquanto o efeito da morfina não funcionava, ela dizia sem parar. Mas, ultimamente ela repetia esse mantra para quase tudo. As dores da carne, foram substituídas pelas as dores psicológicas.

Sem Cores, Sem DoresDonde viven las historias. Descúbrelo ahora