❝Sittin On The Dock of The Bay❞part/11

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Kiara vestirá um suéter de cashmere cor espuma do mar, e uma calça preta e arrumará os cabelos.  

O utilitário esportivo de Jason Resten está imóvel na frente da casa dos Dancorty, o Cadillac está em ponto morto, com os vidros escuros formando um escudo impenetrável aos olhos.

Ela havia o recomendado por meio de uma mensagem que o castanho a esperasse de modo discreto em seu carro, desprovido de suas barulheiras de buzinas e pneus cantantes.

Na rádio local tocava uma música antiquada de uma banda country, a melodia baixa o envolvia numa sensação mais silenciosa no automóvel. Ele esticou os braços atléticos rumo ao painel, afim de captura o smartphone.

A luz azulada da tela refletia no seu rosto, teclou uma breve mensagem perguntando a garota flamejante aonde estaria. Foram minutos.

Teria sido difícil a enxergar com nitidez a garota na escuridão, os holofotes dos arbustos e das lápides de acesso aos portões estavam desligados. Entretanto, os seus cabelos flamejantes tornaram uma visão mesmo que embaçada, visível.

Lá estava a garota na varanda os cabelos dançando no ritmo da música country, com a cabeça baixa notando a grama e os arbustos cobertos pela noite umbrosa.

A luz do candelabro de cristal do seu quarto decai nas cortinas que são manobradas pela brisa, uma onda fina e clara das luzes de cristal que acentua alguns traços de sinuosidade da garota na varanda.

No parapeito de concreto, ela em um impetuoso e arriscado movimento sentando-se no monumento.

As pernas agem de maneira acelerada, pondo os pés numa grade que estabelece acesso até as relvas lá embaixo. Durante a primavera, as flores amareladas e rosas emaranhavam entorno das grades, os ramos longos que se alastrava transformando em uma parede selvagem de flores.  

É uma altitude significativa, considerando que a última vez que esteve naquele parapeito da varanda fora na sua tentativa de suicídio. Ela se depara com as memorias martirizantes, e fecha olhos com força para escapar das cenas.

Concentrasse no coração latejando no seu peito, é motivacional sentir o coração bombeando o sangue para suas veias. Há um motivo para descer pelos metais chiantes ao peso exercido por ela, um motivo maior do que conseguia descrever. Está fugindo da monotonia, Jason é uma perfeita distração por ora.

Kiara Anderson desagarra das grades, assim que seus pés firmam sobre a relva do jardim. As mãos tremem e ela as ergue, encarando atordoada. Ela finalmente percebe que a sua respiração está desordenada. Fecha os olhos, afim de que as mãos parem de se movimentar involuntariamente.

Controle. Controle. Controle.

Tem algumas semanas que vem sentindo essas tremedeiras, e as respirações tensas. Ela tem consciência de que devia contar a sua governanta, ou aos médicos oncológicos. Mas ela tampouco queria aceitar que esses eram efeitos colaterais. Ela permanece olhando os punhos cerrados, rompendo pelo gramado e as lápides. 

Implorando para que as mãos estabelecem um mínimo de coordenação. Pressiona a mão trémula nas barras congelantes de ferro do portão, e o impeli o metal grosso para si. Dois pares de lâmpadas são acesas como holofotes na rua, uma faixa de alguns metros de alcance, semelhante a cor da aurora.

Aquela claridade proporciona ver as micropartículas de água movendo em lentidão, a humidade ainda está na casa dos noventa. Seus pensamentos sobre necessidade de controle se afugentam quando os olhos detectam o sorriso devasso no cenário umbroso.

Todos e qualquer pensamento agora só tem haver com o dono do sorriso devasso. É como se digitassem Jason Resten numa guia de pesquisa, e os neurónios levantassem todas as informações no seu disco rígido neural, e num centésimo as imagens catalogadas folheiam por teus olhos.

O enervante sempre nos distrair, pois, a mente humana se ocupa mais com coisas que a incomoda.

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⎯  Quando você disse que iriamos num lugar incrível, no qual podíamos ser amantes secretos do cosmo,  pensava que era um lugar diferente. ⎯  Argumentou ela surpresa, notando as estrelas no teto da lanchonete.

⎯ Star, é o melhor lugar desse universo. E se estiver chapado dá pra ver elas se moverem, e engoli as coisas ao redor. ⎯  Ele diz entusiasmado, algo indica que talvez já tenha feito isso.  

Kiara Anderson inclina a cabeça voltando a encarar o garoto sentado na sua frente. Tem uma garrafa de vodca na mesa, que ele minutos antes terminara de preencher no copo de chá.

Os cubos de gelo no seu chá alcoólico começam a derreter lento, as três primeiras pessoas que passam pela sua mesa notam em reprimenda a garrafa de álcool, e a descompostura dos dois jovens.

No entanto, o castanho parece que não se importa, assim como o restante das pessoas na mesa que degustam os seus alimentos. Aquele não é um pub em State Island, mas uma cafeteria remota. E o fato de um garoto alcoolizar a sua bebida em uma cafeteria, é assombroso para alguns veteranos no café.

Dois jovens, a garota de cabelos curto e flamejante, uma aparência obstinada e o garoto de cabelos vistosos e cujo as aparências semelhantes, embriagando-se. Os adolescentes irracionais da idade moderna, desvirtuosos e desdenhosos.

⎯ Porque você saiu pelas grades da varanda? ⎯ perguntou, dando goles frequentes. Ela ainda não tocou no seu chá gelado puro, já obtinha o controle das mãos, mas ela queria muito dedicar a sua atenção ao cenário.

As pessoas conversando, a música que ela com certeza iria procurar pelo disco e adicionar na sua coleção, e o cheiro de Croissant que a garçonete a serviu. Kiara está apreciando as coisas, poucas vezes fez isso, quase nunca encontrava coisas simples que valessem a pena ser apreciadas por seus olhos. Coisas verdadeiras.

⎯ O que disse?⎯  balbuciou ela, ao se dá conta de que o garoto a encara, aguardando a sua resposta.

Desalentada ora antes, ela recobra a sua postura despejando sua atenção ao castanho, exprimindo o cenário, agora embaçado pelo o centro de sua visão no garoto.

Em um instante vacilante, ela se sente canhestra pelos olhos incitadores de Jason. Ela apanha um pedaço do seu Croissant, empenhada em ocupar o momento, e desviar o foco do castanho.

⎯ Eu estava perguntando, o porquê de ter saído por sua varanda e não pela porta da frente.⎯  Ele permanece ativo em seu interrogatório, fitando de um jeito ocasional o copo em que bebe.

⎯ Ah. ⎯  Ela diz insatisfeita com a pergunta pessoal. Jason está invadindo mais o seu campo pessoal do que a maioria das pessoas terá feito na sua existência, e a ideia de ele ter enfiado a língua na boca dela, torna-o um temível invasor.  

Kiara termina de engoli a massa grossa do pão, e hesita por um longo tempo, revirando a sua mente a procura de um resumo impessoal inexistente.

⎯  Meus pais descobriram sobre o meu pedido de eutanásia. Eles disseram que não vão assinar, e então me condenaram ao exilio de 382 horas no quarto. ⎯  respondeu ela, mas aquilo não soava como um decepção.

Kiara podia ter citado sobre o polémico vídeo de Virginia no casamento, tornando eles mais suscetíveis ao seus termos. Mas ela não conseguiu, ela atribuiu aquilo como uma vingança, ao invés de uma simples chantagem. Ela estava satisfeita com a vingança, mas talvez não ter usado a sua melhor carta tenha complicado as coisas.

Sem Cores, Sem DoresWhere stories live. Discover now