❝Black is the color of my true love's hair❞ part/4

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No dia seguinte a garota passara toda a manhã adormecida sobre a cama do hospital, a cada duas horas um homem de olheiras grandes e cansado entrava no quarto, e com ajuda de Agnes introduzia mais medicamentos no soro.

Dereck veio no período da tarde, com a esposa, ele encostou na cama e passou a mão nos cabelos da filha carinhosamente, e encostada na porta a esposa observava friamente a filha.

⎯  Quer que eu traga alguma coisa? ⎯ pergunta atenciosamente o pai.

⎯ Não, está tudo bem. ⎯  Sussurra mansamente, deixando ser rendida pelo singelo ato paternal.

⎯  Devia ter nos falado sobre as marcas, ou sobre o que sentia. ⎯ continua o homem preocupado, mas a menina apenas suspira em resposta. Tudo que ela menos queria era um sermão, e seu pai entendia isso.

Jane revirava os olhos, quase bocejando em desdém. Os pais ficaram por alguns minutos e depois sumiram do quarto. Kiara dormiu por mais duas horas, e acordou com um cheiro estranho de flores. Ela pestaneja, com a visão embaçada, seus olhos se recusam a abrir e ela insisti.

Ela localiza um jarro de vidro, e dentro contém um boque de flores, são brancas com pigmentações rosas. As flores chamam atenção da garota, elas são como pequenas estrelas presas num buque.

⎯ O nome é Astrantia, vem do grego que quer dizer “Estrela celestial”, são muito comuns no continente Europeu. ⎯  Ele está perto da janela um de seus dedos saem da persiana.

Kiara Anderson poderia ter a mais grave amnesia, e nunca esqueceria da voz dele. Jason efetua passos até ela, que tira os olhos das flores para observa-lo.

⎯  Jason. ⎯  O tom de surpresa, é irrelevante ao do contentamento. Obvio, que seria Jason Resten!

Quem mais traria ou falaria sobre flores europeias em formato celestial?

⎯  Sei que não é muito afim de flores ou essas coisas muito piegas, mas também sei que é uma amante da natureza.

⎯  Elas são distintas e... maravilhosas. ⎯ ela sussurra, ainda sem conseguir falar normalmente. Suas cordas vocais estão inflamadas, e o som áspero prevalece na sua voz.

⎯  Sim, elas são. ⎯ Jason sorri meio sem jeito, um sorrisinho que ela não costuma ver.

Ele encosta na cama cabisbaixo, mexendo nos próprios dedos, acanhado.

⎯ Faz bastante tempo que está aqui?⎯ Kiara pergunta, retirando-o do alheamento.

⎯ Uns 10 minutos. ⎯  Ele responde afável, anestesiando os toques repetitivos dos dedos.

⎯ Que deprimente. ⎯ Kiara sussurra, com um sorriso extrovertido.

Seus olhos cinzas estão semicerrados, por conta dos poucos exercícios feitos com ele durante a semana inteira que se fez. Eles doem muito para serem abertos, em parte por conta da claridade.

⎯ Muito deprimente. ⎯  Ele diz retribuindo o sorriso. O castanho parece distante, com os olhos presos nas maquinas. Elas o deixam desconfortável. ⎯  Mas, como se sente?

⎯  Como se não tivesse dormido o suficiente, e esse lugar é sufocante, sinto que vou morrer a qualquer segundo.⎯  Ela diz, mesmo com um sorriso as palavras saem agonizantes.

⎯  E as dores?

⎯ Morfina, eles me dão morfina.⎯ Ela suspira, tentando alcançar um lampejo de brilho no olhar dele. Ela precisa dele. ⎯ A única dor é olhar para essas paredes idiotas, e ouvi esse funeral apitando nas maquinas.

Jason assente, não consegue imaginar como é ficar por mais de uma semana num lugar como aquele. Seus olhos encontram o porta-retrato na prateleira de vidro, a sua irmã está na foto ao lado de Kiara, elas aparentam empolgação.

Lembra de ignorar a garota flamejante nos corredores da escola, de ignora-la em todos os lugares. Há cinco anos ele ficara tão assustado com o abandono de sua mãe, e a morte de sua vó, que não conseguiria ser deixado por mais ninguém, e depois de ver a sua melhor amiga quase morta na sua frente, acreditou que talvez estivesse fadado ao abandono, e o seu único instinto foi ignora a sua vizinha.

Agora não consegue olhar para ela, sem que perceba que fora ele quem a tinha a abandonado.

Jason aperta a mão esquerda da garota, e olha finalmente nos olhos enevoados profundos dela.

Não vou abandonar você desta vez, vou ficar até o seu último suspiro, mesmo que o cinza dos seus olhos se transforme na escuridão.

Ele inclina sobre a garota, a respiração dele paira na face dela, fazendo-a vibra como na última vez. Kiara fecha os olhos e Jason pressiona seus lábios aos dela delicadamente, selando a sua promessa.

O beep das maquinas tocam incontrolavelmente, anunciando o aumento de batidas cardíacas da paciente, e Jason afasta vagamente.
Ela pode ver agora os brilhos dos olhos castanhos, e de modo estranho aquilo a conforta.

⎯  Que bela música de funeral. ⎯ Ele diz, as comissuras da boca dele se esticam num sorriso mordaz, e as covinhas de suas bochechas aparecem.

Kiara rir empenhando-se ao máximo pelas dores faciais, e, portanto, um sorriso majestoso e veraz intensifica no seu rosto.

⎯  Eu odeio a sua cafonice, Jason.

Sem Cores, Sem DoresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora