❝ Don't Think Twice, It's All Right❞ part/3

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Dormira por cerca de seis horas até assustar devido ao pesadelo, sentou-se na cama empertigando-se, tomando para si todo o edredom.

Respirou forte, fechando os olhos entrelaçando os braços nos joelhos. Os seus pesadelos estavam cada vez mais constantes, e piores. Pensou em chamar por Agnes, mas acabou desistindo.

Andou pela cozinha com o copo de água na mão, esfregando a têmpora esquerda calmamente. Está no meio da madrugada.

⎯  Você está bem?⎯  era a voz rouca e baixa de seu pai, ele penetrava a cozinha em passos sonolentos, com os olhos inchados.

Ela estava de costas para Dereck, espreitando pela janela de vidro, o quintal escuro. Os vislumbres dos galhos sinuosos das arvores, e a água da piscina que se remexia, levando algumas folhas caídas sobre o azul naval, dançando de um lado ao outro.

⎯  Estou bem, pai. ⎯  falou falhando em disfarçar o tormento, persistia a fitar de modo constante o quintal, incapacitando o homem de ver algum indicio dos olhos assustados dela.

⎯ Pesadelo? ⎯  Diagnosticou, detectando a perceptível respiração desregular da filha.

⎯  Sim, eles estão horríveis. ⎯  Concordou, e sua boca treme repelindo o que foi dito.

⎯ Quer conversar? ⎯  perguntou cuidadosamente, ela quase de modo remoto o respondia.

Kiara aquiesce, e a sua expressão descortina a amargura. Ele se aproximou dela que permanecia com os olhos presos no quintal, em meio ao crepúsculo.

Ficara lado a lado com a filha mais nova notando, agora, também a tristeza da noite gélida.

⎯ Você assistia muito a Netgeo Wild quando mais nova, era tão fascinada pela natureza e, isso me deixava como um bobão observando você falar sobre animais. ⎯  A sua voz é baixa, e uma sorriso áspero aparece. As linhas dolorosas juntam em sua testa. ⎯  Um dia me perguntou se podia comer uma baleia, e eu coloquei uma invisível na sua mão, e você fingiu que tinha engolido.

Kiara processa os pensamentos em busca das imagens daquele dia. O homem de cabelos escuros passa a mão nos fios flamejantes da jovem garota e sorrir. Um sorriso iluminado. Faz muitos anos que viu um sorriso como aquele na face de seu pai.

Daria o resto dos seus dias de vida para poder vê-lo de novo, de sentir a imortalidade que o sorriso de seu pai fazia instalar nela.

⎯  Ficou por meses falando que sentia a baleia nadando dentro da sua barriga, anos depois descobrimos o câncer.  ⎯ Ele diz culpado, a angustia dele a destrói. Kiara Anderson encara o homem, suas orbitas se inundam marejada. Maldito, passado infernal.

⎯  Eu não sou mais a sua garotinha, papai. Como a sua Jane diz, eu sou a garota maligna.⎯  Ela segura as lagrimas, até as mesmas evaporarem por completo. Ela sorrir, está pedindo por socorro, embora o homem de cabelos negros não possa detectar.

⎯ Janecy nunca disse isso sobre você. ⎯  Ele diz, sua voz é ténue e constante. É inocente, como uma criança que acredita em conto de fadas.

⎯  Ela faz muitas coisas que você não se permiti ver. ⎯  Ela resmunga.

⎯  A história da agulha novamente, isso é muito Alice no país das maravilhas.⎯  Escarneceu ele, os olhos curtos em ceticismo.

⎯ Foi isso que ela disse Alice no país das maravilhas? ⎯  Ela bufou. É irritante a forma ingênua que seu pai a encara.

Dereck tenta ir um pouco adiante da filha, mas ela se afastar em um passo brusco. As mãos dele paradas no ar, e a expressão aflita. Kiara desdenha da benevolência do homem, da ingenuidade dele. Lança aquele seu olhar repreensor, e dá as costas ao homem.

Agnes verificava as pílulas, e as organizava nos frascos escrevendo as informações em uma planilha no celular. A jovem terminava de vestir o suéter escolar, ainda atormentada pelos pensamentos relacionados ao seu pesadelo na madrugada, e da discursão com seu pai, a quem ela decidira não dar mais ouvidos.

⎯  Ele ainda não acredita em mim. Porque ele é tão cego? ⎯ disse inconformada, jogando os cabelos bagunçados pelo suéter para trás, fazendo um coque apressadamente.

⎯  Sr. Dereck ama sua mãe, e quando amamos alguém tudo que nos faz acreditar que aquela pessoa não é gloriosa, nós descartamos. ⎯ Ela não olhou para a garota, continuará anotando na planilha. Ela falara empolada, o que fez Kiara deduzi que Agnes também amará alguém daquela forma.

⎯  Meu Pai está amando alguém que não o merece, e eu vou provar pra ele. Talvez, seja por isso que ainda estou viva.⎯  Disse o presságio, e um ar tenebroso de vingança. Ela puxa um dos rasgões da meia calça, fazendo ser cade vez maior.

⎯  Como? ⎯  Agnes despertou um interesse momentâneo, fitando a garota na cama.

⎯  Alfie Devan. ⎯  Ela falou como se estivesse recitando um poema, olhando para Agnes lançando um sorriso torto e maquiavélico para a mulher.

⎯ Prometeu que esqueceria essa história, que não iria fazer nada. ⎯ Refutou ela, apelando para o lado sensato da flamejante.

⎯  Jurei isso um dia antes de me jogar da varanda, mas bom, quem podia imaginar que essa maldita varanda é danificada, e os arbustos é Anti-morte. ⎯  Ela explicou, e concretizou em um sorriso.⎯  Devan é a minha carta secreta, e vou usa-la.

Agnes sentira o arrepio que aquelas palavras tera á causado, e a preocupação de que Kiara travasse uma nova guerra familiar, e acabasse sendo destruída pela oposição. A mulher ouviu as buzinas na rua, e sentada na poltrona se esticou até as cortinas para ver o carro.

⎯ É os olhos de anjo, e dentes de demônio. ⎯  Anunciou a garota flamejante, tirando a oportunidade de sua governanta. Ela levantou-se da cama e apanhou a mochila do chão. ⎯  Alfie Devan, é mais trunfo.

Sem Cores, Sem DoresWhere stories live. Discover now