❝Black is the color of my true love's hair❞ part/6

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⎯ Está se sentindo bem? ⎯ perguntou Agnes assim que entrou no quarto. Ela segura as duas partes do casaco, com ar cumplice.

Era uma manhã de sábado, de um daqueles sábados que tem uma cara de domingo. Kiara inclina a cabeça para responder que “Sim”. Ela se endireita na cama para ficar numa postura mais empertigada.

Seus enjoos reagiam com pouca intensidade, os sonos regularam, mas suas malditas insônias da madrugada continuavam lá.

Há uma propaganda de um Reality Show na TV, Jason sentado na ponta da cama, se contorce para notar duas garotas discutindo no objeto retangular.

Ele logo revira os olhos como uma forma de protesto, o castanho olha para as proprias mãos e depois para Kiara. Jason sorrir tentando parecer mais vigoroso, mas está exausto.

⎯  Ninã, eles vão te liberar hoje. ⎯  Agnes diz animada, e Kiara sorrir ditosa, mas o sorriso é apagado assim que a mulher acrecenta cuidadosamente. ⎯ Mas, precisam de uma tomografia. Vai ser bem rápida, talvez dure 35 ou 40 minutinhos.

⎯ Não venha com esse eufemismo, Ag! Eu me recuso a entra naquele metal radiotivo, me recuso a ficar como uma tonta parada, respirando e segurando o ar.⎯ ela balança a cabeça desenfreadamente, o que sugere que está com medo. Resmunga apertando os lábios raivosa.

Ela coloca as mãos nos olhos, e aperta ainda mais os lábios. O medo em si não é da máquina ou da radiação, mas o resultado. Ela conhecia o seu corpo, sabia o que estava acontecendo, e aquela máquina revelaria exatamente o que vinha evitando falar em voz alta.

⎯  Não pode recusar, o seu responsável exigiu. Se não fazer, terá que continuar nesse “Inferninho feito sob medida”. ⎯ Agnes fala evocativa, com a sua voz aconcelhadora. ⎯ É uma tomografia, depois entramos no carro, e vamos para casa, onde medicos não podem acorrentar você.

⎯ Agnes, não tem nada errado comigo! Tem que dizer para eles. ⎯  Ela entoa apreensiva, encarando a governata, os olhos implorativos.⎯ Foi uma falha no tratamento, poderia acontecer com qualquer um. Talvez, eles só precisem aumentar as dozes e me darem mais pílulas.

⎯ As coisas não funcionam assim, você sabe o quanto são meticulosos eles estão cuidando para que...

⎯  A doença não me mate?⎯ Ela rir, um riso amargurado. ⎯ Ah, eu sinto muito, ela não tem cura.

Jason espreita a garota flamejante orgulhosa e melancólica, e a mulher que engole o seco de modo lamentável. Ela olha para o piso, arrependendo de ter maltratado a governanta, que examina as cortinas, desolada.

⎯ Quero que me deixem sozinha! ⎯ Kiara ordena entredentes, evitando os olhares confusos dos indivíduos.

O sangue em seu rosto ferve, e suas orbitas queimam. Ela tenta manter o controle para que não acabe desmoronando diante de Jason ou, da governanta.

Agnes sai imediatamente em passos desordenados, que a fazia parecer que fugia de episódio apocalíptico. Jason a encara esperando que a flamejante retribua o olhar, porém ela não faz o minimo de esforço para desviar os olhos do lençol. O castanho toca o joelho da garota, mas a pele dela o rejeita.

⎯ Agora, Jason!⎯  Ela resmunga falha, mas opressora. E ele obedece feito um submisso, assentindo recatado, engolindo a repressão.

Ela respira pesado com quem está tendo um ataque asmático, as lagrimas descem feito larva de seus olhos, e seu rosto se destaca numa figura assombrosa e molhada. Seus dedos deslizam de suas têmporas até seu queixo, deixando linhas vermelhas temporarias.

Jason tem os olhos grudados na porta fechada, e na plaquinha “Girassóis, não giram” ouvindo os soluços chorosos soarem abafados do outro lado da porta, a alguns metros. Lutando contra sua vontade de cruzar aquela barreira, e ir ao encontro de Kiara.

Contanto, ela precisava de espaço, por mais torturante, que fosse ouvir a voz agudamente dolorosa dela, sendo esmagada por suas emoções inconstante, e tendo como consolo paredes brancas e lençóis de algodão. Ele precisava a deixar.

***

Branco, em algum momento as pessoas decidiram que a cor “Branca” era a cor que representava a luz, que transmite calmaria. A sua visão é extremamente preenchida pela cor, seus labios dispersam o ar ofegante, aquele branco a despertava uma crise pertubadora.

⎯  Respire mais devagar, Anderson. ⎯ Auxilia a mulher do outro lado da sala. Ela tenta pensa em coisas banais, mas se torna impossivel com aquele barulho que a causa uma horrivel sensação.

Uma turbina de um avião ressoando entre seus ouvidos, engolindo-a.

⎯  Fique imóvel, Ninã. ⎯ Fala Agnes, sendo abafada pelo vidro que as separa.

A garota fecha os olhos, e pensa em diversas coisas e nessas diversas coisas Jason está, por mais que tente o afastar de seus pensamentos. Segure o ar, sádica!  ela o ouve dizer na sua mente, com o seu sorriso torto.

E ela segura o ar, sentindo um friozinho na barriga.

O radiologista aponta para a imagem manchada, que aparece nos computadores. O médico franze o cenho, e os dois cochicam analisando cada parte anatómico do corpo da garota, que aparece no computador.

A imagem do cerebro aparece no canto superior do computador, eles aumentam a imagem, e sussuram analiticamente. O jovem médico ergue a cabeça para fitar a garota dentro do túnel de metal, ele está incrédulo não consegue conter a expressão facial.

O homem balança a cabeça negativamente, e pescruta os computadores mais uma vez, antes de assentir para os outros colegas da sala.

⎯ O que está havendo? ⎯  ele pergunta baixo para Agnes, ouvindo vários murmúrios proliferarem pelo cómodo.

⎯ Não é nada, nada com que nós devemos nos preocupar.⎯  Ela sussura, não há se quer uma palavra da frase que carregue veracidade.

Agnes balança a cabeça, e o sorriso amargo a entrega.

Jason Resten observa um a um na sala, seus olhos passam desesperadamente em todos os rostos, eles estão preocupados e, cheios de pesar. O médico jovem esfrega a testa com os dedos longos, e deixa as mãos pesadas penderem sobre a mesa dos computadores, fazendo um barrulho que arrancam olhares assustados.

⎯  Tirem ela de lá. ⎯ O homem diz, forçando o tom para que não saia exasperado.

Kiara está imovel dentro do túnel, os olhos fechados e os cabelos brilham por conta da luz clara. Ela está tão quieta que a ideia de que talvez tenha desmaiado passa pela cabeça de Jason Resten. O ruído do túnel de ressonância, como turbinas do avião, se anestesia aos poucos.

Agnes se aproxima da mesa da maquina, enquanto o túnel expeli a garota em lentidão. A mão da flamejante está gravada no botão de emergência, que solta aos poucos ao sentir a mesa parar. Ela veste uma roupa fina, e a sala é extremamente fria. Agnes a conduz com as mãos.

Kiara segue em passos lamentosos para fora do perímetro, adentrando na outra parte da sala onde as pessoas flagram por trás dos vidros. Em sua mente tudo está passando lento, como uma distorção do tempo.

Pode ver todas as pessoas na sala, e suas afeições em décimos de segundos. Jason se encontra em um estado insondável, como a vez em que estava no seu jardim. Mas, neste momento a escuridão que tem nos seus olhos, estão fixadas nela.

As mãos de Agnes estão atentas caso as pernas da garota falhem.

Muitos olhares se estendem sobre ela, era o olhar de sentença, o único olhar que havia em todos daquela sala, menos no vizinho problemático. Ela cruza os braços trémulos, e rende a cabeça para o chão, evintando que vejam seus olhos molhados. Parece um daqueles sonhos ruins, em que não consegue correr ou gritar.

⎯  Kiara.⎯ Diz uma voz distante, e abafada. Ele toca os braços da jovem, que contrai os lábios e ergue a cabeça consternada. Jason acrescenta tomando-a em seu peito. ⎯  Vamos pra casa!

Sem Cores, Sem DoresWhere stories live. Discover now