Papai escondeu as navalhas

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❝A Change Is Gonna Come ❞ part/12


Jason saia do quarto da garota flamejante com a camisa em uma das mãos, e na outra o aparelho celular, do qual não retirava sua atenção. Kiara ainda estava lá embaixo perto da piscina, sendo dominada pelos devaneios. Ele andava pelo corredor com a fronte cerrada, teclando no celular.

⎯ Ela é complicada as vezes. ⎯ Soou a voz autêntica no corredor.

Virginia Anderson, estava observado em tamanha hostilidade a irmã ao lado do castanho, distraídos aos risos e a discursão recente, em que viu Jason deixar a piscina e subir as escadas, indo até o quarto da flamejante, e por fim surgindo no corredor.

⎯ Está sendo eufemística. ⎯ falou ele, dando um sorriso de canto.

⎯ É, eu estou sendo. Kiara tem esse transtorno maníaco-depressiva. Ela é desiquilibrada, tem agressividade verbal, e é absurdamente desesperada por atenção. ⎯ Acrescentou imodesta como se tivesse escrito em algum lugar, e repetido milhares de vezes a si mesma.

⎯ É o que você acha?

⎯ Não, é o que eu vejo todos os dias da minha vida desde em que ela nasceu. A doença só ampliou a personalidade dela. ⎯ Ela dizia intolerante. ⎯ Mas, você está bem?⎯ Interrogou amável. Uma figura calma e inequívoca, entretanto, se a notasse com cuidado podia ver os fragmentos de sua dissimulação.

⎯ Sim, estou bem. ⎯ Retribuiu Jason Resten, em um dos sorrisos maviosos.

Ele estava entretido por aquela garota, que era atraente em todos os míseros sentidos.

Virginia Anderson, que estava encostada na porta do próprio quarto com os braços cruzados, deu três passos longos. Ficando a um palmo de distância do jovem. A ponta de lascívia nos olhos dela, eram registrados por ele.

⎯ Kiara não é suficiente para você, Resten. ⎯ falou determinada. Ela tinha uma perfeita postura, e o fitava luxuriante.

⎯ Suficiente? ⎯ a sua pergunta tinha uma tonalidade provocativa.

Virginia Anderson, correu seus olhos por todo o corpo do jovem, por seus abdómens, e por seu rosto rígido. Ela colocou a mão esquerda no tórax dele⎯ no mesmo lugar que sua irmã colocara antes de o empurrar na piscina⎯ E a outra no pescoço.

Foi como se ligasse o botão de "Automático" em Jason. Ele atacou os lábios dela. Jason não permitiria que aquele desejo se sucumbisse, mais tarde ele culparia a pouco oxigênio distribuído no cérebro que, impedira de raciocinar com sanidade.

Ela o puxava para o quarto. As mãos dele foram de imediato, no vestido de Virgina, retirando os botões. Jason não podia evitar, era algo maior que o controlava.

⎯ Tem certeza? ⎯ perguntou ele, ofegante. Ele fazia essa mesma pergunta para todas as garotas.

***********

Por duas horas, Kiara Anderson ouvira os estardalhaços que as amigas de Sarah, faziam no ambiente estético da sala octogonal.

Pelas experiências cinófilas de Kiara, tinha conhecimento de que as despedidas de solteiro, não chegavam a ser depressoras quanto aquela.

A maioria delas estavam elegantemente calibradas, pois, riam de modo instantâneo.

Sarah Anderson incansável, falara assuntos relacionados a ela, e Thomas Aiken. Dizia como a casa onde ia morar era surreal, de como Thomas era prestativo, e sedutor. Falava sem nenhuma inibição.

Kiara incompreendia o porquê falava tanto de suas paixões tão cegamente. Ela gostava de Nate, dos cabelos quase ruivos, dos olhos grandes. Porém, não ousava a terminar uma frase, ou dá início a um diálogo que envolvesse seus sentimentos por ele.

Nunca falara para ninguém o quanto o admirava. Alyssa sabia da paixão de Kiara por Nate, por ter uma ótima percepção, assim como Jason. Ela não assumiria isso.

Porquê mal sabia ela que não era paixão o que sentia por Nate, mas uma atração. Ela nunca esteve apaixonada por ninguém ⎯ Nunca teve tempo para tal, foi criada em murro fechado no hospital, isolada de qualquer sentimento que a revestisse de esperança⎯ e por mais que esforçasse agora, ela não saberia como era está.

Kiara não colocaria os desejos de Nate acima do seu, nem que ele a prometesse um Felizes para sempre.

Dereck e, Jane estavam em San Francisco resolvendo investimentos com a família Aiken, a mais de dois dias. O que concebia a Sarah fazer tudo que uma pessoa ligeiramente embriagada e, influenciada por amigos podia fazer: Nada.

Virginia estava lá, e não permitiria que as coisas escapassem do normal. Ela não permitiria que Sarah, e suas amigas perdessem controle de suas vidas entediantes.

Kiara era obrigada a suportar aquele martirio? Não!

Ela não tinha nada melhor para fazer, a não ser que olhar para o teto do seu quarto, seja algo divertido. E para ser sincera, Kiara já estava quase se entregando a ideia de olhar o teto.

Elas deviam dançar tango, e correr peladas pela piscina. É a maldita liberdade que está para perder.

Kiara pensa por um segundo em chamar o castanho para a resgatar para fora desse lugar vago e deprimente. Como sempre as coisas pareciam ter sido estragadas com ele, e Jason como de costume desapareceu, com o seu péssimo habito de abandona-la.

Tem mesmo um problema sério com ela? Kiara é tão contagiosa, para que as pessoas sempre fujam dela? É a única resposta óbvio no momento, é que ela seja contagiosa.

Seu corpo requisita por um descanso, e ela consenti, o seu corpo cai sobre o sofá grande. Ela ouve os risos das amigas de Sarah provocar um eco pela vastidão do cômodo.

Kiara fecha ainda mais o cenho, suspirando enfadada. Virginia Anderson, também se senta no sofá ao lado da irmã mais nova, com um sorriso largo nos lábios. Aquilo é torturante.

⎯ Aonde está o seu namorado?⎯ É a primeira coisa que a castanha diz, e sua voz revelava que a pergunta era capciosa.

Kiara move os olhos das amigas de Sarah, para encarar a irmã ao seu lado.

⎯ Porque isso é importante para você? ⎯ Replicou a flamejante. Virginia continuava sorrindo se divertindo de algo ainda indescritível.

Kiara se sentiu curiosa e irritada, por ver aqueles dentes vidrando algum tipo de zombaria.

⎯ Ele sumiu, porquê é isso que ele faz com pessoas descartáveis. Falei que ele estava apenas usando você, para cadeia sexual dele. Não deve está chocada, afinal você já deve ter se acostumado com o abandono. ⎯ Articulou pungente, perscrutando a face de Kiara, que se trasbordava em amargura.

⎯ O que está falando? ⎯ Ela busca pela solução na face da irmã, e a flamejante teme pela resposta.

Você é bem estupida. ⎯ Citou ela, imitando uma voz aguda que devia ser a de Kiara. ⎯ Eu soube que ele ficou com uma garota ontem. Não fique triste, você sabia que não duraria muito, dada a fama dele e a sua doença incurável.

Kiara se sentiu traída por um segundo. Ela ainda encarava Virginia, e os olhos da castanha pesou sobre o dela, a fazendo mover os olhos para os próprios pés, que se contraiam no sapato.

A flamejante se despedaçou, e o seu rosto ficou ainda mais pálido. Kiara está afetada, e a castanha se vangloria em um sorriso triunfante. Os risos das mulheres desapareceram, como numa resposta a infâmia da castanha.

Kiara se perdeu de si, confusa e menosprezada.

⎯ Ah, papai escondeu as navalhas. Caso tente, você sabe... ⎯ Virginia disse em antipatia, passando o dedo indicador no pulso, teatralizando uma mutilação.

Kiara engoliu o seco, e em uma rapidez impressionante, se ausentou da sala octogonal. Fugindo para enclausurasse no calabouço em que ficou metade da sua vida doentia, seu quarto de cadelabro cristalinos.

Sem Cores, Sem DoresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora