. ✦ few pain

133 17 1
                                    

Quando você olha por muito tempo para o céu ele parece devastar tudo de um canto ao outro com seu azul sombrio, e ao mesmo tempo ele parece ser irreal. Então você começa a se perguntar se as coisas ao seu redor são reais.

Por que tudo é extraordinario, perfeito, misterioso e incompreensivel. E você está ali no meio de tantas coisas grandes e inacreditaveis, se perguntando o porquê delas aparentarem tão vazias para as pessoas. Elas não são vazias, as pessoas que veem é que são.

Kiara tira os olhos do céu para examinar a luz fumegante que expressa na ponta do cigarro em meio ao breu. Faz muito tempo que não o ver tragar um cigarro, ele tem a fronte tensa que denuncia que está apressivo é a resposta para o motivo que está fumando. Algo está errado.

—Está com algum problema?

Aquilo soava mais como uma afirmação, e Jason apenas balançou a cabeça mudando a afeição para um sorriso falso. Ela salta do capô do carro, e para na frente dele aonde está encostado no Cadillac.

O brilho do luar te dá uma visão azulada que se funde com a chama alaranjada do cigarro que bruxelam no rosto dele. Grewlost é uma ponte que foi feita depois da segunda guerra mundial, sua existência fora de suma importância durante os anos 90 quando os jovens a cruzavam para usar cocaína e ouvir Tupac.

Não havia nada de especial e monumental naquela ponte, era uma ponte como qualquer ponte. Antiga, enferrujada e sem graça. Um asfalto infinito dos dois lados, os postes de luz tinham suas lâmpadas quebradas. Jason arremessou o cigarro ponte a abaixo, e a chama do cigarro se deu um fim no riacho.

— Eu sei o que está pensando, e eu não quero que pense nisso, por favor! — Diz ela incivil, a garota afalga os cabelos e desvia os olhos para os proprios pés, os seus dedos se encolhem no sapato.

O som da água calma descendo no riacho, e os grilos a faz ter uma nostalgia das músicas Country que seu pai ouvia quando eles estavam na fazenda do seu Tio avô Harold assim que completou 7 anos.

Kiara debruça sobre o tórax do castanho e se afoga no cheiro que ele possui, o cheiro dele se tornou um calmante que a alimenta interiormente. Pode ouvir perfeitamente o coração dele ricocheteando em seu peito, enquanto ele fecha um murro ao seu redor com os braços.

Ele sussura coisas trivias em seu ouvido e ela começa acompanhar os risos descontraídos dele, há desejo na voz de Jason como na noite anterior. Não se incomoda com as mãos que passeiam sobre o seu corpo livremente, ou com os beijos inesperados, na verdade é prazeroso.

Ela acena para Jason com uma daqueles sorrisos apaixonados, antes de sumir pelos portões de sua casa naquela noite. Ele lembrará daquilo por quase uma década, e aquela cena assombrará Jason em seus sonhos por 365 dias. Ele aperta o volante com as mãos, e sorrir para o alento.

A garota flamejante percorre a sala rumo as escadas, na esperança de chegar ao seu quarto o mais rápido possível. Suas pernas estão doloridas, o resto de seu corpo inteiro estar. Ela sente uma dor estranha em sua cabeça faz dois dias, mas convence a si mesma que “Está tudo bem”.

Ela redireciona o primeiro passo para o degrau da escada, entretanto pontada agudas iniciam em torno da cabeça. Não consegue manter o equilíbrio suas pernas falham e seu corpo desmorona ao chão, sua visão perde gradualmente a limpidez e se torna um vácuo tenebroso.

Se não tivesse saído naquela noite, teria desmaiado em seu quarto e Agnes teria encontrado seu corpo. Ou, se por acaso tivesse chegado mais cedo seus pais não encontrariam seu corpo próximo da escada, segundos depois de chegarem do jantar corporativo.

E se?

De qualquer modo, ela era Kiara Anderson e as possibilidades do “E se” eram lamentáveis.

No período de tempo que Dereck Anderson levava o corpo da filha para o carro, a governanta adiantava ligando o automóvel, e o salto da esposa ressoava a sua frente abrindo o portão. Quanto mais tentava proteger aquela menina de pele lívida, mas as coisas pareciam ficar mais terríveis de suportar.

***


Minúsculas gotas liquidas que adentram suas narinas são gelidas, e ela as sugam para seus pulmões,  o som semelhante ao um aspirador de pó. As maquinas curiosamente estão sem barulhos, não devia ser um bom sinal.

Ela aperta os olhos, a luz intensa acima dela faz as pupilas se contraírem e seus olhos fecharem inusitadamente. Não consegue lembrar nem o proprio nome, sua mente está uma confusão. A máscara de oxigênio é familiar, e as dores musculares também.

Quer vomitar mais do que já quis em toda sua vida, o gosto amargo e os labios secos levam sua mente a uma resposta veloz “Hospital”.

Ela abre os olhos piscando repetida vezes até se acostumar com a claridade, seus olhos vidram no cômodo. Não é seu quarto, nem mesmo esteve se quer uma vez naquele lugar vago e anormal. Aquilo faz lembra de uma jaula, cujo os dois lados das paredes têm vidros espelhados.

Paredes tem uma cor suave, branca, e tem um relogio comum. A única coisa que ainda é normal é o seu desenho de girassol grudado numa porta de trava automática.
Kiara tenta se mover na cama, mas é impedida. Tem uma faixa resitente que a prende na cama, são duas. Uma envolta do torax, e outra em seu quadril.

Ela se remexe impulsivamente tentando se desprender das malditas faixas. Sem sucesso. Se desespera, e continua se contorcendo. Contanto seu corpo enfraquecido acaba prostrando.

Protocolo para supostos suicidas. É o que diz nas páginas que o seu pai assinou que cedia aos médicos a liberdade de medidas como está, de amarrar o paciente em sua própria cama, em prol da segurança do paciente que sofre de DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS.

No relatório de Kiara Anderson, o diagnóstico é que o câncer tenha se manifestado em seu cérebro. Dois enfermeiros supervisionam a garota que se remexe na cama separados pela camada fina espelhada, que permite a eles ver perfeitamente, mas ela enxerga nada além do próprio reflexo.

Agnes contou ao pai da garota flamejante que a adolescente havia ido à cozinha, e que no exato instante que decidiu verificar a demora, o homem havia gritado por ajuda. Ela contou essa versão pelo menos quatro vezes, e mesmo que fosse uma mentira imperceptível, Dereck sabia que de fato não fora aquilo que ocorrerá.
 
Uma semana não devia ser nada, era como se estivesse em coma. Sempre tão exausta. A sedam de cinco a cinco horas com Anticonvulsivos. Tem mais marcas roxas espalhadas por sua pele, seu corpo parece vibrar tanto que é como se as carnes fossem ser arrancadas. Sua pele está a comichar.

Os olhos fundos, pestaneja com sono. Uma lágrima queima involuntariamente em seu rosto, naquele instante até a saliva que desce em sua garganta doí.

Não importa quantas vezes coisas ruins aconteçam, você não se acostuma, porque você espera que algo bom aconteça. Sinto muito esse não é o universo, esse não é o mundo. Não há leis para explicar os acontecimentos, por mais que inventamos nomes estranhos para os batizar.

Sem Cores, Sem DoresTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon