Como a Julieta suicida

155 21 0
                                    


Dereck Anderson comenta sobre os vinhos de sua adega, e Otto Aiken acaba por aceitar uma das recomendações do homem para o acompanhar em uma taça de vinho dos anos 70.

O homem se levanta para ir ao encontro da garrafa de vinho na adega, e a flamejante também se ergue. Contorna passos para distante da sala de jantar, e ouve os passos do homem pelo corredor.

Ela desce as escadas da adega no porão, as luzes alaranjadas estão acessas presas nas paredes.

Era de fato uma semelhança de uma pequena caverna. O tilintar das garrafas ressoam plausível, e em meio a tantas garrafas de vidros organizadas nas estantes de madeira rusticas, ela distingue o homem de cabelos negros com fios brancos.

Dereck Anderson, apanha um vinho e passa a mão pelo rótulo.

⎯ Pai. ⎯ Ela fala baixinho. Dereck redireciona os olhos para a filha mais nova, e franze o cenho. Ela parece implorar por alguma coisa.

⎯ Kiara? Está tudo bem? ⎯ Ele questiona, para garota inerte no último degrau das escadas.

Ele tem as mãos entrelaçadas na garrafa de vinho, um pouco atordoado pela imagem flamejante a sua frente.

⎯ Não, eu não estou. ⎯ Kiara diz, suspirando sua melancolia. Ela cruza os braços, sentindo o frio que povoava o pavimento da adega. ⎯ Precisa saber de muitas coisas, e você não acreditaria em mim nem se eu fosse a última pessoa do universo.

⎯ Eu acredito em você, é minha filha! ⎯ Ele abre um sorriso caloroso, passando a sensação de segurança para a filha.

⎯ Nem tudo que parece ser o que é, papai. ⎯ Ela diz tristonha, observando o homem a encarando de maneira dócil.

Ele era um bom homem. Sendo o único filho homem, de um casal de Americanos, assumiu ele responsabilidades que a sua irmã mais nova não podia.

Entrou na faculdade administração muito cedo, aos dezoito, e depois redirecionou para a mesma profissão do seu pai. Investidor. Ele falava bem, vestia-se e portava como uma pessoa fadada ao sucesso.

Dereck Anderson, conheceu a amada mulher em uma palestra, que o mesmo orquestrou em Alameda para um grupo de pessoas ricas no Corton-Ground. Paul Burton, o eleito medico mais profissional pelo estado da CA, chamou o homem castanho em sua mesa.

A luz das lamparinas marroquinas, incendiavam nos olhos castanhos encantadores de Jane Rafif.

Ela era perfeita.

Lábios robustos, e uma beleza natural. A jovem tinha dezoito anos, e curvas de uma mulher completa. Ele se apaixonou, o famoso homem de riqueza e beleza havia se apaixonado por uma jovem de traços do Oriente médio.

⎯ Não compreendo o que diz, porque está falando de modo tão enigmático? ⎯ Dereck retorquiu a menina a sua frente. A luz alaranjada que reflete na filha, o faz lembra da noite que ele conheceu a esposa.

⎯ Sarah não é sua filha, e a sua mulher comete adultério.⎯ Kiara ver as palavras escorrerem de sua boca, extrapolando o caos da situação que descrevia.

Um silêncio profundo. Ele está estático, e as coisas parecem fugir. Pasmo.

⎯ O quê? Como? ⎯ Ele diz incrédulo, e agora fica agitado. A anestesia de segundos antes se acaba, e suscita um homem revoltado.

⎯ Mamãe tem um amante, e ele é o pai de Sarah.- Prossegue a garota, sem deixar nenhum rastro de relevância, que ela achava na revolta dele.

Ele fica em silêncio por um longo tempo, até assimilar cada letra e, por fim balança a cabeça negativamente.

Sem Cores, Sem DoresWhere stories live. Discover now