Capítulo 35

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"É uma imensidão
De cultura e expressão
É caótico, mas é, é um lar" - Aladdin


Antes mesmo de se aproximarem totalmente da Praça das Pedras, onde o ápice do Ritual acontecia, Aura pôde sentir que havia algo diferente no ar.

Mesmo que tentasse, a princesa não saberia explicar exatamente o que havia mudado, mas havia algo. A cada passo, Aura sentia-se mais e mais ansiosa, seu coração acelerava e ela tinha que se conter para que não partisse em disparada em direção ao "festival".

Ela se lembrou da voz insistente de Morgan, ao seus lado, dizendo que Rituais eram diferentes de Festivais e sentiu vontade de rir da insistência dele em não ir.  Oras, não estava lá para conhecer Ametista? Já que estava aqui, do outro lado do mar, ela tinha direito a experiência completa, não é?

Quando o grupo finalmente se aproximou do centro, Aura foi incapaz de conter uma exclamação alta de surpresa.

Os desenhos repletos de runas, que ainda estavam sendo desenhados quando ela os viu pela tarde, agora estavam completos. Formas ornamentadas, arabescos e mandalas, repletas de runas complicadas,como se expelissem magia pelo lugar.

As bolas que ela havia visto mais cedo, semelhantes a pequenas luas sem brilho, agora brilhavam de maneira intensa, flutuando pelas ruas e rodopiando entre si. Tecidos translúcidos, de cores quentes, haviam sido pendurados por todos os lados, balançando-se contra o vento, criando uma atmosfera mística pelo lugar.

Para todo lado que Aura olhasse, havia tendas coloridas, quase transparentes e a princesa não pode conter o choque ao ver, graças a iluminação vinda dos desenhos do chão, o contorno dessas pessoas e do que elas estavam fazendo.

Eram casais, ela percebeu. Algumas tendas tinham um número maior de feéricos, outras tinham apenas dois, mas em todas as tendas, as pessoas faziam o mesmo: Estavam tendo relações. E não pareciam nada incomodadas com o fato de que qualquer um ali poderia vê-los através de suas sombras.

Aura não pode conter a exclamação de espanto, já havia lido sobre isso, até mesmo visto algumas imagens no livro "Reprodução das espécies", entretanto, aquilo era completamente estranho. Os feericos estavam tendo um momento íntimo no meio da rua, apenas escondidos por finas tendas, qualquer um que passasse por ali saberia exatamente o que ocorria lá dentro. A cultura de Ametista era um tanto peculiar, disso não havia como discordar.

Conforme caminhavam, Aura sentia Morgan apertar suas mãos com ainda mais força. Ele parecia tenso, e evitava ao máximo que seus olhos se encontrassem, mas não havia o que temer. Ao mesmo tempo que o choque, diante de algo tão explícito, ela se lembrou das palavras de Morgan e Eileen sobre o ritual. Sobre como aquilo trazia para a superfície os desejos mais sombrios e profundos do coração de cada um e não pode conter uma pequena fagulha que acendeu em seu íntimo.

Era estranho certamente, ela pensou, algo tão pessoal, tão íntimo, ser exposto dessa forma, porém, mesmo diante desse fato, Aura se sentiu levemente incitada.

Enquanto a loirinha se perdia nos próprios conflitos internos, Morgan se sentia totalmente desconfortável. Não queria ter trago-a para algo tão perigoso como esse Ritual.

Apertava a mão de Aura com força contra a sua, temendo que, se afrouxasse mesmo que um pouco, algo terrível pudesse acontecer.

Enquanto caminhava, apenas seguindo o grupo e zelando pela a segurança da loira, Morgan percebeu que estavam indo em direção à um grupo de bruxas, daemons femininas e algumas filhas da noite, que dançavam o Duelo da Serpente.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWhere stories live. Discover now